A GLAAD, uma das principais entidades nos Estados Unidos defensoras dos direitos dos homossexuais, acaba de lançar um relatório que mostra que as atitudes positivas em relação ao homossexualismo e às pessoas que se identificam como LGBT diminuíram um pouco nos Estados Unidos nos últimos anos. Eles resumem suas descobertas de forma bastante clara: “A pesquisa deste ano mostra um declínio na aceitação das pessoas em relações às atitudes dos LGBTQ”.
A organização está preocupada, além disso, com a crescente indiferença das pessoas em relação à comunidade LGBT e seus esforços políticos. Ou seja, o apoio às causas homossexuais parece estar diminuindo. A apresentação do relatório, escrita pela presidente da GLAAD, Sarah Kate Ellis, interpreta as descobertas com um toque dramático e temível. “Este ano”, ela escreve, “o pêndulo de aceitação abruptamente parou e girou na direção oposta”.
A verdade não é tão dramática quanto a GLAAD diz. Os números apresentados sinalizam uma adesão menos apaixonada a comportamentos sexuais alternativos e diferentes identidades de gênero em comparação com os resultados de pesquisas similares nos últimos anos, mas não de forma muito acentuada. A maioria dos defensores dessa comunidade não ficaria terrivelmente preocupada com essa mudança. Mas para a GLAAD, mesmo a indiferença – mais do que a desaprovação – é motivo de grande preocupação. Se a celebração e afirmação de causas LGBT não estão aumentando, o fanatismo deve estar em ascensão. Não há meio termo.
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Qual é a explicação do GLAAD para essa mudança na aceitação dos homossexuais? Não é difícil adivinhar. É o presidente Trump e a suposta atmosfera de “intolerância” que ele trouxe para os Estados Unidos. Mas será isso mesmo?
Pensemos nisso por um momento. Se Trump e seus seguidores realmente pensam que as pessoas gays e lésbicas não pertencem à sociedade educada, eles seriam capazes de mudar a opinião daqueles que apoiaram as posições da GLAAD nos últimos anos? O presidente Trump realmente conseguiu convencer esses antigos apoiadores das causas LGBT de uma vez por todas, mostrando que a adesão a essas bandeiras estava errada? Isso não parece provável. Algo mais deve estar interferindo nesses resultados.
Não seriam, talvez, as atitudes LGBT após a aprovação do casamento gay nos Estados Unidos que não caíram bem para a opinião publica americana?
Esta não é uma hipótese estranha. Mesmo alguns grandes líderes da comunidade LGBT sugeriram isso. Andrew Sullivan, escrevendo sobre o relatório GLAAD na revista New York , adverte que ninguém “parece notar a mudança profunda no tom e na substância do ativismo pela igualdade gay nos últimos anos e a radicalização da ideologia e da retórica do movimento”. Esta radicalização agressiva “certamente está tendo um impacto”, ele assegura. Como seria diferente, Sullivan pergunta, se a retórica pública do movimento LGBT mudou de “viver e deixar viver” para a demoníaca afirmação “concordar conosco em todos os aspectos ou ser classificado de fanático?”
Se você não acredita que Caitlyn Jenner é uma mulher, você é uma pessoa odiosa. Se você acha que uma criança merece uma mãe e um pai, você é um fanático. Se você pensa que um garoto disfórico de gênero não deve ser tratado como uma menina, você é malvado. Se você acha que um homem deve usar o banheiro dos homens, independentemente do sexo que ele pense ter, você é discriminatório. Se você acha que o desejo dos pais de ajudar os filhos quando sentem atração a pessoas do mesmo sexo é legítima, você é muito perigoso. Se sua igreja ensina que a atividade sexual homossexual é errada, sua igreja é intolerante. Você deve concordar com cada parte dos valores LGBT ou ser considerado um apóstata. Este absolutismo ditatorial não combina com o que muitos americanos pensam e defendem.
O argumento mais forte vendido aos heterssexuais pelo movimento gay para retirar a exigência de que o casamento seja apenas entre um homem e uma mulher – com a aprovação da Suprema Corte – era o clamor pela liberdade: “Como o casamento gay de outra pessoa me afeta ou prejudica?” A maioria das pessoas aceitou que isso era uma escolha dos envolvidos, que o casamento de pessoas do mesmo sexo não os afeta em nada e, por isso, teria de ser respeitado.
Mas esses cidadãos estão aprendendo, por meio de eventos do dia a dia, que o casamento gay realmente os afeta – ou, pelo menos, afeta pessoas muito próximas a eles. Um grande número de americanos concorda que eles não têm que gostar do casamento gay, mas por que eles devem se meter no caminho de Jim e Frank que querem se casar? Você vive sua vida, eles raciocinaram, e eu vou viver o minha. Mas a equação revelou-se muito mais complicada. Jim e Frank precisavam de “igualdade matrimonial” para se sentir como cidadãos plenos, nos disseram. Quem não quer que Jim e Frank se sintam como cidadãos plenos? Eu quero. Mas agora os americanos estão entendendo que a “igualdade matrimonial” não é suficiente para o grupo LGBT. Os americanos também devem concordar com todas e quaisquer exigências dos poderes LGBT, independentemente de suas crenças religiosas ou morais pessoais – ou serem considerados como pessoas retrógradas ou de segunda classe.
Sullivan e outros na comunidade LGBT começam a perceber o que muitos de nós dizíamos no passado, durante a discussão pela aprovação do casamento gay. Da vitória surpreendentemente rápida e inesperada, podem surgir grandes ambições e o desejo de esmagar completamente os oponentes. Tal excesso, por sua vez, provoca uma reação contrária daqueles que alguma vez apoiaram a causa do vencedor.
Os americanos estão ouvindo histórias preocupantes de pessoas boas, assim como daqueles que não concordam com a postura de indivíduos atraídos pelo mesmo sexo. Essas pessoas, particularmente os proprietários de pequenas empresas, estão sendo atacados implacavelmente porque não podem de boa-fé participar de certos eventos. Tenho certeza que você já ouviu suas histórias, mas vou resumir apenas algumas aqui.
Considere Melissa Klein e seu marido, donos de uma confeitaria. Ela foi obrigada pelo estado do Oregon a pagar a um casal de lésbicas US$ 135 mil por causar-lhes “sofrimento emocional e mental”, de acordo com o estado. Ela não quis produzir um bolo para o casamento gay das duas, porque tais casamentos não têm fundamento para a sua fé cristã. Como resultado, eles tiveram que fechar sua loja e estão cheios de dívidas judiciais.
Os americanos também ouviram a história de Barronelle Stutzman, uma florista idosa. Ela foi levada ao tribunal pelo procurador-geral do Estado de Washington por que explicou a um casal gay que não podia fazer arranjos florais para o casamento deles. O casal sabia que Stutzman não apresentava nenhuma hostilidade contra eles, como eles foram bem-vindos como clientes e amigos há mais de nove anos. Ela de fato e de bom grado vendeu-lhes flores para outras ocasiões especiais. Stutzman explicou: “Se eu fizesse o casamento de Rob, seria do meu coração, porque acho que ele é uma pessoa muito especial”. Mas, no caso do casamento, ela não quis deixar-se levar pela simpatia que nutria por eles para deixar de lado suas convicções. Por causa disso, o estado disse que sua decisão era discriminatória e processou seus negócios e ela pessoalmente. Nós testemunhamos a mão forte do Estado cair sobre ela.
Os americanos também leram sobre Blaine Adamson, um empresário do Kentucky que possui uma empresa de impressão promocional, com clientes e funcionários gays. Ele foi processado por explicar que ele não podia, por objeção de consciência, imprimir camisetas para um desfile local de orgulho gay. Ele não podia apoiar esse evento com a sua mão de obra. Quando ele se recusou a fazer uma faixa que diz “a homossexualidade é um pecado”, por acreditar que esse tipo de proclamação não está de acordo com a caridade cristã, ninguém reclamou. Mas se recusar a fazer uma camisa para um evento de orgulho local levou a que fosse taxado de intolerável por uma “comissão de direitos humanos”. Ele é alvo de uma ação judicial há anos.
As pessoas ouviram ainda a história de Yvette Cormier, que se queixou quando um homem “que se sentia mulher” entrou no vestiário das mulheres em uma academia e começou a se despir. Cormier descreveu assim o seu desconforto: “Fiquei atordoada e chocada. Ele parecia um homem e não uma mulher; foi muito assustador”. Certamente, pensou, isso será esclarecido ao falar com a administração. Então, ela o fez. O gerente do estabelecimento disse que ela estava errada, que estava sendo intolerante, e que o homem tinha todo o direito de estar no vestiário da mulher, já que ele dizia ser uma mulher. Os cidadãos do município ficaram estarrecidos com a atitude da academia. Mesmo assim, a administração da academia pediu para que Cormier deixasse de frequentar o local, também porque ela teria avisado outras mulheres para tomar cuidado com homens que entram nos vestiários. Acionado, o estado de Michigan ficou ao lado da academia e a reputação de Cormier foi destruída.
A nação conhece também a história do confeiteiro de Denver, Jack Phillips, que recorre de uma ação à Suprema Corte. Em 2012, ele disse gentilmente a um casal gay que ele não poderia, como cristão, fazer um bolo para o casamento gay dos dois. Ele, que tem clientes gays, simplesmente não queria fazer esse serviço específico porque acredita que, neste caso, a sua arte apoiaria algo que a sua consciência lhe impede de endossar. Pelo mesmo motivo, ele sempre se recusa a fazer bolos para o Dia das Bruxas e os bolos de temas considerados “adultos”. A Comissão dos Direitos Civis do Colorado entendeu, então, que se ele não pode fazer bolos para um casamento de pessoas do mesmo sexo ele não poderia trabalhar para mais ninguém – sem levar em conta que os bolos de casamento representam cerca de 40% dos negócios da loja. Mas não foi só isso: ele e seus funcionários foram instigados a passar por um treinamento de “sensibilidade” e a enviar relatórios trimestrais explicando os motivos pelos quais a confeitaria teria recusado fazer algum trabalho. Além disso, ele recebeu muitas ameaças de morte. Em resposta, ele explicou que essas intimidações “dão a oportunidade de orar por essas pessoas”. Os americanos o viram explicar sua história em vários meios de comunicação e verificaram que ele não era nenhum monstro. Muito pelo contrário: é uma pessoa gentil e cordial com aqueles com quem se relaciona.
Claramente, tudo isso demonstra que os casamentos de pessoas do mesmo sexo estão afetando bons cidadãos de maneira amplamente prejudicial.
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O americano médio que foi convidado a apoiar o casamento de pessoas do mesmo sexo pelo princípio da justiça e da tolerância assiste agora que aqueles que solicitaram seu apoio não estão vivendo de acordo com essas mesmas regras. Eles estão descobrindo que a “igualdade matrimonial” não é suficiente. Eles estão descobrindo que o negócio foi renegociado unilateralmente: “Você não só apoiará nosso direito de se casar, mas também apoiará nossos casamentos de todas as maneiras que pedimos. Se você não fizer isso, nós o levaremos à Justiça, arruinaremos o seu negócio, pegaremos seu dinheiro, prejudicaremos seu bom nome e até ameaçaremos a sua vida”. Os exemplos dessas injustiças são surpreendentes e alarmantes para muitos cidadãos.
Quando os vencedores erram a mão, exigindo tudo de seus oponentes com ameaças de penalidades devastadoras, aqueles que animaram sua vitória tendem a deixar de apoiá-los pelo abuso de poder.
Deixe Trump fora disso. É por todos esses relatos que a GLAAD descobriu que as atitudes em relação à comunidade LGBT estão esfriando. E esse resultado não é ruim. Talvez, com ele, GLAAD e seus aliados aprendam a praticar o que pregam: a tolerância das crenças e práticas de outras pessoas, mesmo que eles não as compreendam completamente.
*Glenn T. Stanton é diretor de estudos globais de formação de família no instituto Focus on the Family e autor de oito livros sobre vários dilemmas da família, como “The Ring Makes All the Difference: The Hidden Consequences of Cohabitation and the Strong Benefits of Marriage” e “Loving My LGBT Neighbor: Being Friends in Grace and Truth”.
©2018 Public Discourse. Publicado com permissão. Original em inglês.
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