Heather Mac Donald: “Todos os momentos gastos em regurgitar o jargão de justiça social são tempo gasto não aprendendo como manter vivo alguém cujo corpo foi esmagado num acidente de carro.”| Foto: BigStock
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O acerto de contas racial pós George Floyd abalou o campo da medicina como um terremoto. A educação e a pesquisa médicas, bem como os parâmetros de competência, foram destruídos por duas hipóteses relacionadas: que o racismo sistêmico é responsável tanto por disparidades raciais na demografia da profissão médica, quanto por disparidades raciais nos resultados da saúde. Questionar estas hipóteses é suicídio profissional. Vastas quantias do financiamento público e privado foram tiradas da ciência básica e destinadas a projetos políticos voltados ao desmantelamento da supremacia branca. O resultado será o declínio da qualidade do cuidado médico, bem como o encolhimento do progresso científico.

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Praticamente toda grande organização médica — desde a American Medical Association (AMA) e a American Association of Medical Colleges (AAMC) à American Association of Pediatrics — adotou a ideia de que a medicina é um empreendimento produtor de desigualdade. O Plano Organizacional Estratégico para Incluir Justiça Racial e Fomentar a Equidade da Saúde é, na prática, indistinguível das missões declaradas por um departamento de Black Studies.

Os autores do plano, anônimos, parecem estar cônscios de como é radical o seu afastamento dos propósitos tradicionais da medicina. O preâmbulo nota que “assim como o fraseado de um documento de negócios difere do de um documento de física, o mesmo se dá com um documento de equidade.” (Tais regência e gramática precárias caracterizam todo o tomo de 86 páginas, tornando especialmente irônica a vanglória do preâmbulo: “o campo da equidade desenvolveu um fraseado que fornece ambas [sic]: a autenticidade, a precisão e o significado”.)

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Advertido dessa maneira, o leitor se afunda no emaranhado de máximas de justiça social: os médicos devem "confrontar desigualdades e desmantelar a supremacia branca, o racismo e outras formas de exclusão e opressão estruturada, bem como incluir justiça racial e promover a igualdade em todos os aspectos dos sistemas de saúde." O país precisa largar os "eufemismos e ir para conversas explícitas sobre poder, racismo, opressão de gênero e classe, formas de discriminação e exclusão." (O leitor pode elucubrar sobre como as "conversas" atuais sobre racismo podem ser ainda mais "explícitas".) Precisamos descartar "a fortaleza americana de falsas noções de hierarquia baseadas em gênero, cor da pele, religião, validez, país de origem, bem como outras formas de privilégio."

Uma solução-chave para essa suposta opressão são as preferências baseadas em identidade através de toda a profissão médica. O plano estratégico da AMA convoca para a "representação justa de pessoas negras, indígenas e latinxs em admissões de escolas médicas, bem como em [...] rankings de liderança." A falta de "representação justa", segundo a AMA, se deve à "exclusão" deliberada, que só irá acabar quando tivermos "priorizado e integrado as vozes e ideias de pessoas e comunidades experienciando grande injustiça e historicamente excluídas, exploradas e privadas dos recursos necessários, tais como pessoas de cor, mulheres, pessoas com deficiências, LGBTQ+, bem como aqueles em comunidades rurais e urbanas."

Segundo as lideranças da área médica e das exatas, ser branco é ser racista per se; desculpas e reparações por essa característica ofensiva são, agora, de rigueur. Em junho de 2020, a Nature se identificou como uma das lamentáveis "instituições brancas que é responsável por viés na pesquisa e na academia." Em janeiro de 2021, o editor-chefe da Health Affairs lamentou que "nossa própria equipe e liderança são esmagadoramente brancas". O plano estratégico da AMA culpa os "legisladores homens e brancos" pelo racismo sistêmico dos EUA.

As escolas e as sociedades médicas também devem descartar padrões tradicionais de mérito a fim de alterar as características demográficas da profissão. A demolição dos padrões repousa sobre uma verdade a priori: que não há diferenças de habilidades acadêmicas entre brancos e orientais, por um lado, e negros e hispânicos, por outro. Esta proposição não precisa de nenhuma prova; é o ponto de partida de qualquer discussão sobre disparidades raciais em equipes médicas. Portanto qualquer teste ou avaliação em que negros e hispânicos tenham notas piores do que brancos e orientais é enviesado e deveria ser eliminado.

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O Exame Médico de Licenciamento dos EUA é um dos principais suspeitos. Ao fim do segundo ano de escola médica, os alunos fazem o Primeiro Passo do Exame, que mede o conhecimento acerca das partes anatômicas, seu funcionamento e mau funcionamento. Os tópicos incluem bioquímica, fisiologia, biologia celular, farmacologia e sistema cardiovascular. Altas notas no Primeiro Passo sugerem sucesso na residência; programas de residência muito buscados, tais como neurocirurgia e radiologia, usam as notas no Primeiro Passo para ajudar a selecionar os postulantes.

A taxa de estudantes negros admitidos em residências competitivas está abaixo da dos brancos por causa da sua nota média nos exames de Primeiro Passo, que está um desvio padrão abaixo da dos brancos. O Primeiro Passo já foi modificado para tentar encolher essa lacuna; agora inclui componentes não científicos tais como "comunicação e habilidades interpessoais". Mas o desvio padrão [de diferença] nas notas persistiu. No mundo do antirracismo, tal persistência só pode significar uma coisa: a culpa é do teste. É o Primeiro Passo que, na língua do antirracismo, "causa desvantagem" a minorias sub-representadas, e não um grau menor de conhecimento médico.

O exame do Primeiro Passo tem mais um ponto contra si. A pressão para tirar boas notas desvia os estudantes minoritários daquilo que se tornou um componente principal da educação médica: promoção do antirracismo. Um aluno de medicina de Yale do quarto ano descreve como o espectro do Primeiro Passo afetou suas prioridades. Em seus dois primeiros anos de medicina, o aluno fez uma "imersão", segundo disse, num comitê estudantil focado em diversidade, inclusão e justiça social. O aluno tinha um podcast sobre disparidades de saúde. Todo esse trabalho político foi possibilitado pelo sistema passou/falhou de Yale, o que significou que ele não se sentiu obrigado a colocar os estudos à frente da preocupação com a diversidade. Então, segundo ele diz, o Primeiro Passo "mostrou sua cabeçorra feia". Tirar uma nota de verdade num exame poderia corroborar "quem quer que tenha suspeitado que eu não merecia uma vaga em Yale enquanto um aluno de medicina negro," preocupou-se.

A solução para tal pressão acadêmica era óbvia: abolir as notas do Primeiro Passo. Desde janeiro de 2022, o Primeiro Passo funciona segundo o passou/falhou. O aluno de quarto ano de Yale pode voltar ao seu ativismo da diversidade sem se preocupar com o que um exame com notas possa revelar. Se os futuros pacientes irão gostar do foco que ele escolheu, já é outra história.

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Todas as outras medições de domínio acadêmico têm um impacto díspar sobre negros e portanto estão sob a mira.

No terceiro ano de medicina, os professores dão notas aos alunos avaliando o seu conhecimento clínico, naquilo que é conhecido como Avaliação do Desempenho do Estudante de Medicina (conhecida pela sigla em inglês MSPE). A avaliação usa categorias qualitativas tais como Destacado, Excelente, Muito Bom e Bom. Os alunos brancos da Escola de Medicina da Universidade de Washington receberam notas mais altas na MSPE do que alunos de minorias sub-representadas de 2010 a 2015, segundo uma análise de 2019. A disparidade aí seguiu a das notas do Primeiro Passo.

O paralelo entre a MSPE e o Primeiro Passo podem sugerir que o que está sendo medido em ambos os casos é real. Mas a verdade a priori sustenta que nenhuma lacuna entre as habilidades acadêmicas existe. Por conseguinte, os pesquisadores propuseram um estudo nacional de notas médicas para identificar as causas reais dessa disparidade racial. A conclusão é a já citada: viés por parte da faculdade. Como disse um aluno de medicina de Harvard no site Stat News: "os vieses se materializam nas avaliações dos estudantes de contextos marginalizados".

Um estudo de 2022 sobre as notas de desempenho clínico antecipou essa conclusão inevitável. Professores da Universidade Emory, do Hospital Geral de Massachusetts e da Universidade da Califórnia, em São Francisco, entre outras instituições, analisaram as avaliações que as faculdades fizeram dos residentes de medicina em aspectos como conhecimento médico e profissionalismo. Segundo todas as avaliações, os residentes negros e hispânicos tiveram notas menores que as dos brancos e orientais. Os pesquisadores apresentaram três hipóteses: viés por parte da avaliação da faculdade, efeitos de um ambiente de aprendizado não-inclusivo, ou desigualdades estruturais na avaliação. O professor de medicina Stanley Goldfarb, da Universidade da Pensilvânia, tuitou uma quarta possibilidade: "Será possível que [estudantes minoritários] sejam menos bons na residência?"

Goldfarb violou a verdade a priori. A punição foi imediata. Tuítes previsíveis chamaram-no, inter alia, de possivelmente "o maior lixo humano que já vi com meus próprios olhos", e Michael S. Parmacek, catedrático do Departamento de Medicina da Universidade da Pensilvânia, mandou um e-mail para toda a faculdade tratando das "afirmações racistas" de Goldfarb. As afirmações evocaram "profunda dor e raiva", escreveu Parmacek. Por conseguinte, a faculdade colocaria o "time de liderança inteiro" à sua disposição para "te apoiar", disse ele. Parmacek aproveitou a ocasião para reafirmar que os médicos têm que reconhecer o "racismo estrutural".

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No mesmo dia, o vice-presidente executivo do Sistema de Saúde da Universidade da Pensilvânia e o vice-reitor sênior de educação médica da mesma universidade asseguraram à faculdade, à equipe e aos estudantes, via e-mail, que Goldfarb não era mais um membro ativo da faculdade, mas sim um emérito. Ambas as autoridades afirmaram os esforços da universidade para "cultivar um currículo antirracista" e promover "excelência inclusiva".

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A despeito das alegações de racismo feitas pela faculdade, as disparidades no desempenho acadêmico são o resultado previsível das preferências de admissão. Em 2021, a nota média dos postulantes brancos no Teste de Admissão da Faculdade de Medicina (MCAT, em inglês) estava no 71º percentil, significando que era igual ou melhor que 71% de todas as notas médias. A nota média dos postulantes negros estava no 35º percentil — um desvio padrão inteiro abaixo da média dos brancos. O MCAT já foi redesenhado para tentar reduzir essa lacuna; um quarto das questões agora foca em assuntos sociais e psicologia.

Ainda assim, a lacuna persiste. Então as escolas médicas usam padrões variadíssimos para admitir postulantes brancos e negros. De 2013 a 2016, só 8% dos vestibulandos brancos com média final e MCAT abaixo da média ganharam vaga numa escola de medicina; e menos de 6% dos vestibulandos orientais com essas qualificações conseguiram-na, segundo uma análise do economista Mark Perry. Escolas médicas viam essas notas baixas só como desqualificadoras — exceto quando apresentadas por negros e hispânicos. Mais de 56% dos vestibulandos com média final e MCAT abaixo da méda e 31% dos alunos hispânicos com essas notas foram admitidos, fazendo com que um aluno negro dessa faixa tivesse sete vezes mais chances do que um colega branco igual de ser admitido numa escola médica e mais de nove vezes mais chances do que um oriental igual. [Como "média final", traduzo "GPA", ou Grade Point Average. (N. da T.)]

Tais taxas díspares de admissão valem em qualquer combinação e níveis de médias finais e MCAT. Ao contrário do que diz o Plano Organizacional Estratégico para Incluir Justiça Racial e Fomentar a Equidade da Saúde da AMA, os negros não estão sendo "excluídos" do treinamento médico; estão sendo catapultados à frente dos seus pares brancos e orientais menos valorizados.

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Embora notas MCAT medíocres eliminem poucos alunos negros, alguns ativistas querem acabar por completo com o exame. Admitir estudantes menos qualificados em programas de doutorado nas ciências biológicas irá rebaixar o calibre de futuros pesquisadores e atrasará os avanços científicos. Mas o risco é mais alto no treinamento médico, onde o conhecimento insuficiente pode arriscar vidas aqui e agora. No entanto, algumas escolas médicas oferecem admissões precoces a alunos de 2º e 3º anos do ensino médio sem exigência de MCAT, esperando arrolar alunos com, nas palavras da Escola Icahn de Medicina no Monte Sinai, uma "forte apreciação dos direitos humanos e da justiça social". A escola médica da Universidade da Pensilvânia garante a admissão de alunos negros que pontuam só 1300 no SAT, mantêm uma média final 3,6 no ensino médio e completam dois verões no estágio da instituição. A escola dispensa a exigência de MCAT para esses alunos negros; alunos de medicina não-preferidos da Universidade da Pensilvânia têm notas no 1% mais alto de todas as notas MCAT. [O nosso ENEM é a cópia do SAT deles. (N. da T.)]

Segundo os ativistas racialistas, as diferenças nas notas MCAT têm que resultar do viés do próprio teste. Ainda assim, o MCAT, como todos os testes padronizados ora sob ataque, são constantemente purgados de questões que possam presumir formas de conhecimento peculiares a uma classe ou raça. Essa lenga-lenga do "viés cultural" é uma irrelevância há décadas; ainda assim, mantém sua importância com o movimento antiteste.

As questões do MCAT com as maiores variações raciais em respostas corretas são removidas. Examinadores de viés externos, com diversidade adequada, checam a checagem dos revisores internos do MCAT. Se, a despeito desse ataque das revisões, o viés ainda resistisse no MCAT, o teste iria errar para baixo ao prever o desempenho escolar médico no desempenho dos estudantes minoritários. Na verdade, eles erram para cima na previsão: os estudantes de medicina negros se saem pior do que o MCAT prediz, como medido pelas notas no Primeiro Passo e nas taxas de graduação. (Esse erro para cima caracteriza o SAT também.) No entanto, esperemos que um número crescente de escolas médicas abandonem o MCAT na esperança de acabar com o teste por completo e assim eliminar uma persistente fonte de dados objetivos acerca do alegado fantasma da lacuna de habilidades acadêmicas.

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Enquanto isso, professores de medicina precisam ser reeducados, para assegurar que suas notas e práticas de contratação não deem mais evidências do referido fantasma. As faculdades são rotineiramente sujeitadas a oficinas para combater o seu próprio racismo.

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Em 3 de maio de 2022, a Conselheira Sênior do Diretor Executivo dos NIH [Institutos Nacionais de Saúde] para a Diversidade de Força de Trabalho Científica deu um seminário na escola médica da Universidade da Pensilvânia intitulado "Eu, enviesado? Reconhecendo e bloqueando o viés." O comando da Conselheira Sênior Charlene Le Fauve nos NIH é "promover a diversidade, a inclusão e a equidade na pesquisa biomédica por meio de abordagens baseadas em evidências." Ainda assim, a própria apresentação se baseava demais numa suposta medição de viés que a evidência desacreditou: o Teste de Associação Implícita (IAT). Os próprios criadores do IAT reconheceram que ele carece de validade e confiabilidade como uma ferramenta psicométrica.

Uma quantidade crescente do tempo dos professores univesitários é gasta nessas atividades de antirracismo. Em 16 de maio de 2022, o Gerente do Programa de Antirracismo na Escola de Medicina David Geffen da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, sediou a apresentação do Diretor de Programas de Estratégia e Educação de Equidade na Escola Icahn de Medicina do Monte Sinai intitulada: "Transformação Antirracista na Educação Médica". O reitor de Educação Médica do Monte Sinai e um aluno de medicina se juntaram ao Diretor de Programas de Estratégia e Educação de Equidade do Monte Sinai para a apresentação em Los Angeles, já que espalhar a mensagem da diversidade aparentemente tem precedência sobre as obrigações acadêmicas em Nova York.

Grand rounds é uma tradição de séculos para passar adiante as novidades médicas mais recentes [consiste em apresentar os problemas médicos e o tratamento de um determinado paciente a um público formado por médicos, residentes e estudantes de medicina (N. da T.)]. (A grande pintura de Thomas Eakins de 1889, The Agnew Clinic, retrata um grand rounds na Universidade da Pensilvânia.)

Rounds são agora uma circuito para a educação antirracista. Em 12 de maio de 2022, o Vice-Catedrático de Diversidade e Inclusão no Departamento de Medicina da Universidade de Pittsburgh fez um grand rounds na Cleveland Clinic sobre o assunto: "Na ausência da equidade: um olhar para o futuro." Em seguida, a plateia deveria descrever a "exclusão a partir de um contexto histórico" e os efeitos da "hierarquia em resultados de saúde"; o comparecimento valia crédito acadêmico para as obrigações contínuas da educação dos médicos.

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O próprio currículo da escola médica precisa mudar para diminuir a lacuna entre o desempenho acadêmico dos brancos e orientais, de um lado, e de negros e hispânicos, do outro. Fazer isto implica substituir cursos de pura ciência por treinamento em militância que valha crédito acadêmico. Mais da metade das principais 50 escolas de medicina pesquisadas pela Fundação de Insurreição Legal solicitou cursos sobre racismo sistêmico. O número vai aumentar depois das novas diretrizes da AAMC, relativas ao que alunos e faculdades de medicina devem saber, transformarem o currículo mais ainda.

Segundo a AAMC, novos médicos devem exibir "conhecimento da interseccionalidade das múltiplas identidades do paciente e como cada identidade pode ser apresentada de várias e múltiplas formas de opressão ou privilégio relacionadas a decisões e práticas clínicas." As faculdades são responsáveis por ensinar como se envolver com "sistemas de poder, privilégio e opressão" a fim de "romper com práticas opressivas". A não-obediência a essas exigências pode colocar o status de crédito da escola em risco, e levar ao seu fechamento.

A instrução obrigatória em tais conceitos politizados ajudará a diversificar a faculdade e a administração — pois quem melhor para ensinar sobre opressão do que uma pessoa de cor? (Parte do apelo dos treinamentos e da burocracia da diversidade, seja na academia ou no mundo corporativo, reside na criação de novos empregos dedicados a aumentar a diversidade que podem ser preenchidos sem grande sacrifício de padrões meritocráticos.)

Mas ser doutrinado em "interseccionalidade" não faz nada para aprimorar o conhecimento clínico de um estudante. Todos os momentos gastos em regurgitar o jargão da justiça social são tempo gasto não aprendendo como manter vivo alguém cujo corpo foi esmagado num acidente de carro. Os defensores do treinamento antirracismo nunca explicam como a fluência em crítica interseccional melhora a interpretação de uma ressonância magnética ou na prescrição adequada de medicamentos.

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Todos os momentos gastos em regurgitar o jargão de justiça social são tempo gasto não aprendendo como manter vivo alguém cujo corpo foi esmagado num acidente de carro.

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A lacuna de habilidades acadêmicas, confirmada em cada medida de conhecimento antes e durante a escola médica, não se fecha durante o treinamento médico, a despeito do remédio paliativo. Ainda assim, a baixa representação de negros através da profissão médica só é atribuída ao racismo da parte dos guardiões [gatekeepers] da profissão.

A Nature acusou a si própria de negar um "espaço e uma plataforma" aos pesquisadores negros, sem nomear nenhum desses pesquisadores que foram discriminados, nem nenhum editor que tenha feito a discriminação. Em abril de 2022, o Instituto para a Informação Científica denunciou o fato de que a proporção de autores negros na pesquisa médica não condizia com o censo dos EUA referente à população geral. A representação negra não aumentara entre 2010 e 2020, lamentou o instituto. Se a supremacia branca lega essa falta de progresso, é um mistério a proporção de pesquisadores orientais na última década ter aumentado mais rápido do que as mudanças populacionais entre os orientais.

A despeito da lacuna persistente entre as habilidades acadêmicas, a repentina contratação de minorias está a caminho. Muitas escolas de medicina exigem que os comitês de busca de faculdades contenham uma cota de membros minoritários, que sejam supervisionados por um burocrata da diversidade e que entrevistem um número específico de candidatos minoritários. Ninguém precisaria ser muito sagaz para prever o resultado. Em anos recentes, o Centro de Câncer Memorial Sloan Kettering, o Centro de Câncer Taussig da Cleveland Clinic, a Uniformed Services University of the Health Sciences, o Centro de Câncer da Universidade de Chicago, a Divisão de Oncologia Médica da Universidade de Pittsburgh, o Centro de Câncer Massey na Virginia Commonwealth University, a Escola de Medicina Miller da Universidade de Miami e o Departamento de Medicina da UCLA contrataram líderes negros.

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Esses candidatos podem ter sido os mais qualificados, mas é inevitável que os clamores específicos por diversidade na administração médica maculem tais seleções. Em ao menos um caso, o segundo colocado possuía um histórico de pesquisa e liderança que ultrapassava em muito o do candidato vitorioso. Mas faltou-lhe a característica demográfica favorecida.

Importa saber quem está à frente de projetos de pesquisa e corpos docentes de medicina. Cientistas de elite conseguem identificar as direções mais promissoras de estudo e organizar as equipes de pesquisa mais produtivas. Mas a pressão por diversidade está fazendo alguns cientistas desistirem de competir. Quando a cátedra do Departamento de Medicina da UCLA ficou vaga, alguns membros qualificados da faculdade nem apresentaram os seus nomes, porque não pensaram que pudessem ser levados em conta, segundo um observador.

Os vestibulandos, ao decidirem tentar uma vaga de medicina, também conseguem captar a mensagem. Um médico relata que seu melhor técnico de laboratório em 30 anos era um recém-graduado de Yale com um bacharelado em biologia molecular e bioquímica. O ex-estudante tinha envolvimento intelectual e experiência em clonagem. Sua média final e seu MCAT eram altos. O médico o recomendou ao reitor da escola médica da Universidade do Noroeste (onde trabalhava), mas o aluno não foi além da entrevista. De fato, esse "católico branco e careta", nas palavras do ex-empregador, só foi admitido numa única escola de medicina.

Essas histórias são comuns. Um médico da UCLA conta que os graduandos mais espertos no laboratório de ciências comentam: "Agora que eu sei o que está acontecendo na medicina, vou fazer outra coisa."

O financiamento que outrora ia para a pesquisa científica agora é redirecionado para o cultivo da diversidade. Os NIH e a Fundação Nacional da Ciência estão desviando bilhões de dólares dos pagadores de impostos da tentativa de curar a doença de Alzheimer e o linfoma e alocando-os na luta contra o privilégio branco e a cis-heteronormatividade. O apoio privado à pesquisa está seguindo o mesmo caminho. O Instituto Médico Howard Hughes (HHMI) é um dos maiores financiadores filantrópicos da ciência básica e, pode-se argumentar, o mais prestigioso. O empreendedor da aviação Howard Hughes criou o instituto em 1953 para chegar à "gênese da própria vida". Agora a diversidade na pesquisa médica está no topo da preocupação do HHMI. Em maio de 2022, anunciou um esforço de 1,5 bilhão de dólares para cultivar cientistas comprometidos em ter um "laboratório feliz e diverso onde cientistas minoritários prosperem e persistam", nas palavras da vice-presidência do instituto. "Especialistas" em diversidade e inclusão irão avaliar cientistas em começo de carreira com base nos seus planos de ter laboratórios "felizes e diversos". Os postulantes com os planos de "laboratório feliz" mais persuasivos receberão uma das novas bolsas Freeman Hrabowski. As bolsas cobririam por dez anos o salário do contemplado na universidade que o recebesse e trariam o equivalente a duas ou três bolsas dos NIH por ano ao seu departamento acadêmico. Se o plano de "laboratório feliz" do postulante não entusiasmar os avaliadores de diversidade, porém, essa postulação será arquivada, não importando o quão promissora seja a pesquisa.

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O programa do HHMI e outros similares ampliam a mensagem de que fazer ciência básica, se você for branco ou oriental, não é valorizado pelo establishment científico. Não é possível calcular quantas descobertas científicas serão perdidas graças a esses sinais.

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Os líderes das escolas médicas, organizações profissionais e periódicos científicos de hoje rejeitariam a crítica acima. Ensinar conceitos de justiça racial e militância não é um desvio do núcleo das competências e obrigações da medicina, argumentam eles; é o mais elevado cumprimento dessas obrigações. Disparidades raciais na saúde, diriam eles, são o maior desafio médico de nosso tempo, e são um problema social em vez de científico. Se negros têm uma taxa maior de mortalidade e doença, é por causa do racismo sistêmico que os confronta a cada esquina. Mudar a demografia da profissão médica é essencial para eliminar o racismo às vezes letal que os pacientes negros encontram nos serviços de saúde. Mudar a consciência da profissão sobre seus próprios vieses também é a chave para alcançar a equidade médica. E mudar a orientação da pesquisa médica — desviando da ciência básica para a teoria racial — simplesmente transfere a medicina para o âmbito onde pode ser mais eficaz.

E aqui chegamos à segunda verdade a priori: as disparidades da saúde são resultado do racismo sistêmico; qualquer outra explicação é tabu e será punida sem piedade.

Em 24 de fevereiro de 2021, Ed Livingston, o vice-editor de resenhas clínicas e educação no Journal of the American Medical Association (JAMA), gravou um podcast com Mitch Katz, presidente do New York City Health and Hospitals, chamado: "Racismo estrutural para médicos: o que é?". Livingston, um cirurgião da UCLA, pediu a Katz que definisse o racismo estrutural. Katz deu exemplos tais como rodar caminhões a diesel em áreas pobres e disparidades no acesso ao cuidado médico de elite. Livingston respondeu que Katz descreveu um problema "muito real": áreas pobres com má qualidade de vida e poucas oportunidades, onde a maioria dos residentes é negra ou hispânica. Livingston concordou com a urgência de se certificar de que todas as pessoas "tenham oportunidades iguais de se tornarem bem-sucedidas". Sua única discordância estava na ênfase atual sobre o "racismo" que "pode estar ferindo" a causa da igualdade racial, explicou. Livingston foi ensinado a vituperar a discriminação e, ainda assim, ouvia que era racista. O foco, como Livingston percebeu, deveria ser em disparidades socioeconômicas, não na suposta animosidade racial.

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Depois de o podcast se tornar um símbolo instantâneo de supremacia branca, o JAMA fez com que desaparecesse da internet. O JAMA fez com que o próprio Livingston desaparecesse. (Depois, em sua casa, a escola médica de UCLA, ele enfrentou um julgamento espetaculoso movido por seus colegas.) O editor-chefe do JAMA, Howard Bauchner, um professor de pediatria e saúde pública na Universidade de Boston, aparentemente sentiu que ele poderia ser o próximo na linha de degola e começo a publicar uma série de desculpas. O podcast apagado, declarou Bauchner, era "impreciso, ofensivo, danoso e inconsistente com os padrões do JAMA." O JAMA iria "instituir mudanças e impedir tais falhas de acontecerem outra vez" — sendo uma "falha" definida como o desvio da ortodoxia da justiça racial. Bauchner se ajoelhou mais ainda numa declaração oficial: "Peço desculpas mais uma vez pelos danos causados por este podcast e pelo tuíte sobre o podcast." (O JAMA promovera o podcast com um tuíte perguntando: "Nenhum médico é racista, então como pode haver racismo estrutural na saúde?") Por precaução, Bauchner ainda publicou uma carta datada de 4 de março de 2021 pedindo desculpas pelo "dano" causado pelo tuíte e pelo podcast e expressando seu "compromisso" em denunciar "a injustiça, a desigualdade e o racismo na medicina".

O JAMA já foi o principal fórum para os médicos e outros cientistas apresentarem a pesquisa aos seus pares. Agora os vigias do JAMA veem um componente fundamental do método científico — o debate — como fora dos limites, ao menos no que concerne à agenda da diversidade. A discordância de Livingston com relação a Katz e ao conceito de "racismo estrutural" tratava da linguagem, não da substância. Ainda assim, porque Livingston sugeriu tirar o "racismo" da expressão "racismo estrutural" e focar na igualdade de oportunidades, ele, na visão de Bauchner amplamente compartilhada, ofendeu os negros e violou os padrões profissionais de jornalismo. Não se tolera nenhuma discordância.

Enquanto isso, os esforços de Bauchner para se distanciar do diálogo "ofensivo" não estavam dando resultados. Vergonhosamente, um comitê da AMA lhe deu licença administrativa, faltando uma "investigação independente" — como se houvesse uma história de bastidores acerca do que eram, claramente, as opiniões pessoais de Livingston. Por volta de junho de 2021, Bauchner também já estava fora, ainda que ele, como observara todo tristonho, "não escrevi, nem mesmo vi o tuíte, nem criei o podcast."

A chance de a AMA não indicar um editor-chefe interseccional para substituir o desamparado Bauchner era zero. Mas, só por precaução, a AMA nomeou uma epidemiologista negra especializada em disparidades raciais para liderar a pesquisa e fez um comitê de buscas com membros diversos. A nova editora, Kirsten Bibbins-Domingo, é uma "pesquisadora de equidade na saúde" — outro fato sobredeterminado, dada a carreira de muitos médicos negros.

Bibbins-Domingo já anunciou sua determinação em trazer "novas vozes" para garantir que a família JAMA de periódicos "nomeie" regularmente o racismo estrutural como a causa das desigualdades na saúde. Será que essas novas vozes conduzirão à ciência clínica mais precisa? Não importa: a ciência básica é, na melhor das hipóteses, irrelevante para o racismo estrutural, e, na pior, seu cúmplice.

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O desafio de Livingston à ideia de que as disparidades na saúde são causadas pelo racismo era sui generis entre os jornalistas médicos. O domínio dessa ideia em meio às editoras médicas é praticamente absoluto. O New England Journal of Medicine, outra instituição outrora augusta que ora se chafurda em política racial, apresenta um manancial ininterrupto de artigos sobre assuntos como "A patologia do racismo", "Rumo a uma aliança médica antirracista" e "Como o racismo estrutural funciona: Políticas racistas como raiz das desigualdades raciais na saúde dos EUA."

Edições inteiras de periódicos científicos foram consagradas ao racismo. A Scientific American publicou uma "edição especial do colecionador" sobre "A ciência de superar o racismo" no verão de 2021. A edição foi dominada por loas ao IAT, denúncias contra a polícia e desprezo por qualquer sugestão de que o paciente tenha agência sobre si próprio. (Prescrever perda de peso para negras, por exemplo, é um jeito "racista" de lutar contra a obesidade, escreveu um professor de sociologia e nutricionista.) Uma edição especial da Science de outubro de 2021 abordou a "Injustiça Criminal" e o "Encarceramento em massa". A edição foi aberta com o editorial de um professor de assistência social que alegava que a criminalidade dos EUA é "comparável à de muitas nações industriais ocidentais." Essa afirmação é fantasia, pois o fato é que a taxa de assassinato por arma de fogo dos EUA é 19,5 vezes maior que a média de outros países de renda alta, e quase 43 vezes maior entre os jovens de 15 a 24 anos.

Tal como o Plano Organizacional Estratégico para Incluir Justiça Racial e Fomentar a Equidade da Saúde da AMA, muitos desses artigos antirracistas consistem numa fórmula retórica de estudos vitimistas acadêmicos, suplementados pelas narrativas pessoais que no começo caracterizavam a teoria crítica racial nas escolas de Direito. Outros, porém, tentaram quantificar o racismo que supostamente produz maiores índices de doença e mortalidade entre os negros. Esses esforços, feitos por meio de análise de regressão, não capturam os comportamentos pessoais que afetam o curso da doença, tais como obedecer às ordens do médico, tomar os remédios direito e comparecer às consultas de rotina. Em alguns casos, a análise de regressão não explica as diferenças na doença sofridas por pacientes negros e brancos no começo do estudo.

Não obstante, a segunda verdade a proiri — que disparidades na saúde são resultado necessário do racismo sistêmico — desvalorizou a ciência básica e sobrecarregou com burocracia fútil a pesquisa médica. A luta contra o câncer foi especialmente afetada. Presume-se que oncologistas brancos e orientais são parte do problema da mortalidade por câncer dos negros, em vez de parte da solução, fora as medidas corretivas. Segundo os NIH, a liderança dos laboratórios oncológicos deveria condizer com a demografia local, onde quer que houvesse uma porcentagem mais alta de minorias.

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Postulações de bolsa para pesquisa oncológica agora devem especificar quem, em meio à equipe do laboratório, reforçará os comandos de diversidade, e como o laboratório planeja recrutar pesquisadores sub-representados e promover as suas carreiras. Quanto às bolsas Freeman Hrabowski do Instituto Médico Howard Hughes, um plano de diversidade insuficientemente robusto implicará a rejeição da proposta, independentemente do seu mérito científico. As discussões sobre como turbinar a seção de diversidade da bolsa se tornaram mais importantes do que discussões sobre a biologia do tumor, segundo um médico. "Não é fácil resumir como o seu trabalho sobre a sinalização das células nos nematódeos se aplica às minorias que vivem hoje nas cercanias do laboratório", diz o pesquisador. A energia mental gasta com esse dilema é energia não gasta com ciência, lamenta ele, já que "pensar sempre é um jogo de soma zero".

Mas a tormenta do laboratório com a diversidade só começou. Os NIH insistem que os participantes em testes de drogas também têm que corresponder à demografia local ou nacional. Se o centro oncológico estiver numa área com poucas minorias, o laboratório terá de apresentar um plano para recrutá-las para o seu estudo mesmo assim, independentemente do local e da disponibilidade delas. A Genentech, criadora de medicamentos de câncer que salvam vidas, fez uma chamada de conferência nacional com oncologistas em abril de 2022 para discutir o itinerário da pesquisa. Segundo um participante, metade da chamada foi gasta com o problema de alcançar cobaias diversas em testes. A Genentech admitiu estar sem ideias.

Não há nenhuma evidência de que pesquisadores racistas estejam excluindo minorias de testes de drogas por motivos não médicos. As barreiras para a diversidade nesses testes incluem uma alta incidência, entre os negros, de comorbidades eliminatórias, altos níveis de desorganização pessoal e suspeita contra a profissão médica — suspeita que a própria profissão aumenta, com sua cantilena do racismo propagada aos quatro ventos.

Em maio de 2022, uma médica perdeu seu financiamento dos NIH para um teste de medicamento porque a população testada não continha negros o suficiente. A droga analisada era para um tipo de câncer que os negros raramente têm. Quase não havia pacientes negros com essa doença para entrar nos testes. Melhor, portanto, encerrar o desenvolvimento de uma terapia que poderia ajudar sobretudo pacientes de câncer brancos do que conduzir um teste sem participantes negros.

A exigência de proporcionalidade racial em testes de drogas é de cair o queixo, já que os defensores da diversidade insistem que a raça é uma construção social, sem realidade biológica. Sugerir que diferenças genéticas existem entre grupos raciais valerá o rótulo de racista. O Plano Organizacional Estratégico para Incluir Justiça Racial e Fomentar a Equidade da Saúde rejeita as "ideias racistas desacreditadas relativas a diferenças biológicas relativas entre grupos raciais diferentes". Se a raça não existe, segundo diz a verdade oficial de agora, então a composição de testes clínicos não deveria importar.

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Os defensores da hipótese do racismo sistêmico estão fazendo uma grande aposta que pode ter consequências letais. Em conformidade com a ideia de que o racismo causa disparidades raciais letais, eles estão mudando a direção da pesquisa médica, a composição da faculdade de medicina, o currículo das escolas médicas, os critérios para contratar pesquisadores e publicar pesquisas, e os padrões para avaliar a excelência profissional. Estão substituindo com treinamento em militância política o treinamento em ciência básica. Estão tirando médicos da sala de aula, da clínica e dos laboratórios, e estacionando-os em palestras antirracistas. Suas políticas preferenciais desencorajam os indivíduos de grupos pária a cursarem medicina, independentemente de seu potencial científico. Tiram bilhões de dólares da investigação de patofisiologia para produzir tratados sobre microagressão.

Os defensores dessa mudança insistem que é essencial aprimorar a saúde das minorias. Mas e se estiverem errados? Caso se descubra que o comportamento individual, os patógenos que infectam desproporcionalmente alguns grupos e outras predisposições genéticas têm uma influência mais forte sobre a saúde do que o suposto racismo estrutural, então essa reorientação no projeto médico terá impedido o progresso que ajuda todos os grupos raciais. Os obstetras que trabalham em hospitais dos centros das cidades relatam que mães negras têm taxas mais altas de complicações durante a gravidez e no parto por causa de suas taxas mais altas de obesidade mórbida, hipertensão e desatenção ao pré-natal. Enviar esses médicos para a reeducação em diversidade não vai melhorar o resultado nos partos. No entanto, isso desviará a atenção de soluções que poderiam melhorar o resultado, tais como: oferecer ajuda para ir às consultas e tomar os remédios direito ou estimular exercícios e perda de peso. Mesmo assim, ouvimos que os esforços voltados para mudança comportamental são racistas e convencer os pacientes de que têm poder sobre sua saúde é culpar a vítima.

As altas taxas de mortalidade por Covid entre os negros são a mais recente prova favorita do racismo médico, amplificada pelo documentário The Color of Care, de 2022, de Oprah Winfrey e do Smithsonian Channel. No entanto, as autoridades de saúde federais e estaduais deram prioridade a minorias nas campanhas de vacinação e de imunoterapia, e puniram o grupo de mais alto risco — os velhos — simplesmente porque esse grupo é desproporcionalmente branco. Tais não são as ações de supremacistas brancos. As causas mais prováveis das disparidades nos resultados da Covid são a hesitação na vacinação e as taxas de obesidade. Quando a cantilena do racismo médico intensifica a resistência à vacina entre os negros, a lacuna entre as mortalidades confirmará a hipótese do racismo, num círculo vicioso.

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A ciência médica foi uma das maiores engrenagens do progresso humano, libertando milhões de pessoas de doenças aleijantes e de morte prematura. Também tem o seu quinhão de becos sem saída e de concepções erradas. A ciência se desvia quando a política se torna prevalecente, como na negação da genética das plantas e da seleção natural sob Stálin. A própria história verdadeira do racismo estrutural nos EUA, uma história que custamos a remediar, resultou em hospitais segregados e em disparidades cruéis no tratamento. Esse passado tardou a ir embora, mas felizmente está para trás.

O método científico é uma correção natural para tais erros fatais. Agora, tragicamente, quando se trata da alegação de que o racismo está definindo a profissão médica e é a fonte das disparidades da saúde, opiniões discordantes foram consideradas ilegítimas e motivos para banimento. A separação entre política e ciência não é mais vista como uma fonte de força empírica; em vez disso, é uma ilusão racista que corre o risco de "reforçar estruturas de poder existentes", segundo o editor da Health Affairs.

Os guardiões da ciência se voltaram contra a ciência.

Heather Mac Donald é Thomas W. Smith Fellow do Manhattan Institute, editora colaboradora do City Journal e autora de 'The Diversity Delusion: How Race and Gender Pandering Corrupt the University and Undermine Our Culture'[A Ilusão da Diversidade: Como Raça e Gênero Corrompem a Universidade e Minam Nossa Cultura em tradução livre].

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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©2022 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês.