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Uma nova lei italiana prevê medidas para prevenir a violência contra professores e diretores de escolas.
Uma nova lei italiana prevê medidas para prevenir a violência contra professores e diretores de escolas.| Foto: Unsplash

Violência na escola. Quase todos os dias, há um novo episódio de agressão e maus-tratos a professores ou diretores.

O mais recente: em um instituto em Monza, na Itália, o pai de um aluno entrou repentinamente e exigiu uma conversa com o professor de seu filho. Depois, deu uma cabeçada no docente, “culpado” por ter dado uma notificação ao aluno.

Segundo dados fornecidos pelo Ministério da Educação italiano, de setembro de 2022 a março de 2024 ocorreram pelo menos 70 incidentes de violência contra funcionários escolares, o que levou o Parlamento a intervir.

De fato, a Lei nº 25, de 4 de março de 2024, prevê novas medidas para prevenir e endurecer as penalidades para os crimes cometidos. No entanto, até o momento, ela não parece ter tido nenhum efeito significativo.

As causas desse fenômeno desenfreado são, em sua maioria, identificadas pela perda da respeitabilidade de quem representa o mundo escolar, e, sobre esse assunto, interveio mais uma vez o ministro [Giuseppe] Valditara.

Durante o recente congresso da [associação] DirigentiScuola, o ministro destacou que “precisamos restaurar a respeitabilidade social da categoria dos diretores escolares e de toda a equipe escolar. Precisamos restaurar o princípio da autoridade. Em uma sociedade democrática, isso é fundamental”.

A anarquia, ele afirmou, significa a ausência de autoridade. “Precisamos derrotar essa cultura de maio de 68. A falta de respeito que existe na sociedade italiana em relação ao mundo das escolas também decorre disso e quero que os diretores escolares, assim como os professores e todos os funcionários da escola, também sejam respeitados pelos pais”.

Autoridade e respeitabilidade: esses são os eixos cruciais sobre os quais precisamos questionar e agir. Nas escolas de hoje (como também nas famílias), há carência de ambos.

Se a já citada Lei nº 25 de 4 de março de 2024 for capaz de restabelecer o respeito pelos funcionários da escola, será bem-vinda, mesmo que alguma dúvida seja legítima, dada a conhecida relutância de nossos juízes em aplicar sanções.

Muito mais complicada parece ser a questão da respeitabilidade. Seja porque está ligada à profundidade humana e cultural dos funcionários da escola, seja porque tudo contribui, até mesmo de fora da própria escola, para demolir a credibilidade da instituição-escola, tornada uma caixa de ressonância para todos os chavões do mainstream e objeto das incursões de personagens duvidosos que se investem do papel de novos mestres do pensamento.

Dois exemplos dos últimos dias, apresentados pela imprensa especializada como casos significativos para o mundo escolar, parecem emblemáticos.  

A “conhecida” rapper Roberta Lazzerini, chamada Beba, durante o festival Controcorrente/Controcultura, organizado pela Fundação Agnelli, enfatizou como os jovens de hoje tendem a ouvir mais os artistas do que seus pais (imagine os professores....).

“Eu tento me identificar com eles”, explicou. “Eu queria ouvir que eu estava indo bem. Queria que me tivessem dito para ouvir a voz interior que nos diz o que é melhor.”

É isso, a voz interior lhe diz o que é melhor: qual a necessidade de professores para o guiar?

Por sua vez, a jovem cantora Ariete, em uma turnê por quatro escolas italianas de ensino médio (em Roma, Turim, Milão e Nápoles), fez-se porta-voz da necessidade de educação sexual nas escolas, destacando – em uma entrevista ao jornal diário La Stampa – como “os jovens têm um forte desejo de falar sobre essas questões, que muitas vezes são cercadas por tabus e desinformação”.

O artigo termina afirmando que “a experiência positiva dessa turnê deixa em aberto a possibilidade de outros encontros em outras cidades italianas, para continuar a conscientização entre os jovens e preencher uma lacuna educacional que ainda está presente”.

É verdade que há uma grande lacuna educacional, mas se você tentar preenchê-la contando com jovens cantores e rappers, não irá muito longe.

A educação precisa de continuidade de presença e interação. Ela precisa de uma vida em conjunto, não de conselhos improvisados ou dados por guias improváveis.

Mesmo o psicólogo, tão em voga nas escolas hoje em dia, pode ser apenas um paliativo para necessidades urgentes, porque a exigência é de acompanhar alguém dia após dia, aprendendo mais com sua postura perante a vida do que com suas palavras.

Alguém que aponte e testemunhe que ainda há razões pelas quais vale a pena viver fora do bem-estar material e do entretenimento como um fim em si, que se encontram nas múltiplas propostas da sociedade atual.

É necessário alguém que mais uma vez documente, em palavras e ações, a possibilidade de um grande significado na vida, a experiência da alegria, da beleza, da esperança e, por que não, da fé.

Alguém que talvez ensine os jovens a orar, porque sem um olhar para Deus tudo se torna efêmero e insubstancial.

“Falta o fim, falta a resposta ao porquê”, disse Nietzsche, delineando a natureza do niilismo.

A respeitabilidade dos professores não é garantida pelo papel que desempenham, provavelmente nunca foi. E não são os professores que inspiram mais medo que podem se dizer respeitados.

A respeitabilidade deve ser conquistada dia após dia por meio do relacionamento com os alunos, em relação ao conteúdo proposto e, sobretudo, à luz dos temas existenciais que os perpassam.

É inevitável que, mais cedo ou mais tarde, surja a questão sobre o que o professor acredita. E uma atitude de neutralidade covarde ou de triste relativismo, no final das contas, não é respeitada pelos alunos que, mesmo inconscientemente, estão em busca de um significado e de um propósito para sua existência.

Em suma, a violência que disparou hoje em relação às escolas e dentro delas é o efeito da degradação geral de nossa sociedade, que, por trás do verniz da seriedade e do respeito às regras cada vez mais numerosas e pervasivas, vive o drama de uma terrível perda de significado.

É uma violência que, antes de ser transferida às mãos, nasce e se desencadeia no coração das pessoas, afligidas pela falta de esperança ou por terem depositado suas esperanças unicamente em um sucesso totalmente intramundano.

O sucesso dos filhos torna-se, assim, um imperativo categórico. E a escola, que no final das contas é cúmplice ao propor e transmitir essa visão da vida, torna-se vítima de si mesma.

Não serão, então, medidas de monitoramento, nem a criação de um dia nacional contra a violência a funcionários escolares, nem mesmo uma lei fortemente repressiva que resolverão o problema, mas apenas uma mudança decisiva de rumo na sociedade como um todo, um novo olhar sobre a vida e seu significado. 

Marco Lepore é formado em história contemporânea com diploma de especialização em ciências religiosas com foco pedagógico-didático. Foi vice-diretor por muitos anos em uma importante escola de ensino médio em sua cidade.

© 2024 La Nuova Bussola Quotidiana. Publicado com permissão. Original em italiano: “Violenza nelle scuole, mancano autorità e autorevolezza”. 

Conteúdo editado por:Omar Godoy
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