| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Terça-feira, dia 10 de abril, foi o “Dia da Igualdade Salarial”, mas o que isso significa? 

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Conforme estatísticas desatualizadas, falhas e incompletas segundo as quais as mulheres ganham apenas 82 centavos para cada dólar recebido pelos homens, o Dia da Igualdade Salarial indica quanto tempo as mulheres precisam trabalhar para alcançar o que ganharam no ano anterior seus colegas homens que cumprem as mesmas funções. 

Ativistas que lutam pela paridade salarial declararam o dia 10 de abril como sendo o dia aproximido da igualdade salarial para 2018, mas com base no valor de 82 centavos por dólar, a data deveria ter sido 21 de março. 

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Independentemente da data real “celebrada”, se as mulheres realmente tivessem que trabalhar tanto mais do que os homens para ganhar a mesma coisa, mais valeria a pena fecharem as pastas e irem para casa. Afinal de contas, quem realmente se disporia a trabalhar três meses a mais para ganhar o mesmo salário que seus colegas homens pelo mesmo trabalho? 

Esse nível de diferença salarial generalizada simplesmente não existe. 

Estatísticas são importantes e podem ajudar famílias, empresas e governos a tomar decisões informadas. Mas as estatísticas — particularmente as que são seletivas e incompletas — também podem ser enganosas e até prejudiciais. 

A diferença salarial é um exemplo rematado de estatísticas mal interpretadas. 

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Para começar, os dados citados na disparidade salarial entre homens e mulheres só levam em conta a remuneração média de trabalhadores assalariados em regime de tempo integral. Não levam em conta outros fatores realmente importantes, como educação, ocupação, experiência e carga horária, responsáveis por quase todo o diferencial de ganhos entre homens e mulheres. 

Acontece que a contabilização de todos esses fatores elimina toda a diferença salarial entre homens e mulheres, excetuando estimados 3 a 5 centavos de diferença. 

Os dados também estão sujeitos a erro humano. As comparações entre os dados da pesquisa e os registros administrativos revelam uma subnotificação substancial da renda nos dados de algumas das pesquisas mais utilizadas. 

Com isso, os dados desconsideram mudanças importantes, como grandes ganhos nas rendas de aposentadoria das mulheres. 

E os dados não são o indicador supremo, porque nem tudo vem acompanhado de um preço ou um holerite. Quanto valem um horário de trabalho flexível, um emprego com enorme potencial de mobilidade ascendente, pacotes de benefícios específicos, a possibilidade de explorar plataformas de trabalho flexíveis e de economia de compartilhamento, como Uber e Airbnb, ou de acessar novas plataformas de negócios, como Etsy, para auferir receita adicional? 

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Os profissionais que procuram trabalho com essas características muitas vezes o fazem a despeito dos salários menores. Mas essas escolhas intencionais não aparecem nas estatísticas. 

Se uma mulher exerce exatamente o mesmo cargo que um homem, mas trabalha 30 horas semanais em lugar de 40, além de definir seus próprios horários e os dias em que trabalhará a partir de sua casa, é provável que seu salário não seja igual ao do homem. E nem deveria ser. 

Uma dos elementos que as mulheres – especialmente as mães – mais valorizam em um emprego é a flexibilidade. Esse é um recurso difícil de avaliar, mas é exatamente isso que um grupo de economistas fez recentemente usando dados da empresa de transporte urbano privado Uber. 

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Depois de analisar dados de mais de 1 milhão de motoristas registrados da Uber, os autores determinaram o valor médio de poder definir sua própria programação de trabalho hora a hora e minuto a minuto, definindo-o como US$150 por semana. É o equivalente a US$7.800 por ano, ou quase 20% do salário médio das mulheres nos EUA. 

Essa cifra representa essencialmente quanto vale a escolha. Não é o mesmo valor para todos, mas mostra que muitos profissionais estão dispostos a abrir mão de muito em termos de remuneração para ter mais flexibilidade e escolha. 

Por outro lado, alguns empregadores se dispõem a pagar muito pela flexibilidade de seus funcionários – para que eles cumpram cargas horárias pesadas e trabalhem durante o dia ou à noite. 

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A economista Claudia Goldin encontrou evidências de “multas por tempo parcial” em determinadas áreas muito bem remuneradas. Isso acontece quando certas empresas -- financeiras e jurídicas, por exemplo – pagam a seus funcionários que trabalham 80 horas por semana mais do que o dobro do que pagam àqueles que trabalham 40 horas semanais. 

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Evidências pontuais e as escolhas feitas por mulheres e homens sugerem que as mulheres valorizam mais que os homens a possibilidade de ter escolhas no trabalho e que sua preferência por maior flexibilidade é responsável por algumas das diferenças salariais remanescentes entre homens e mulheres, se não todas. 

Mas a possibilidade de escolha é o que pode sufocar uma legislação com a Lei de Equidade do Pagamento [que pretende obrigar as empresas a pagar o mesmo para homens e mulheres, independentemente do tempo empregado no trabalho, mais ou menos]. A lei já prevê salário igual para trabalho igual. A imposição de políticas de maior alcance, em um esforço para eliminar disparidades salariais que têm pouco ou nada a ver com discriminação, pode, na realidade, ser um tiro que sai pela culatra. 

Os regimes de remuneração baseados em fatores como cargos ou “trabalho equivalente” tirariam das empresas a possibilidade de determinar o valor do trabalho e desmontariam décadas de progresso das mulheres, impondo empregos “tamanho único” que eliminariam a liberdade das mulheres e de todos os profissionais de negociar remuneração em troca de prioridades pessoais. 

Rachel Greszler é analista sênior de políticas públicas em economia e direitos no Centro de Análise de Dados da Heritage Foundation.

©2018 Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.

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Tradução de Clara Allain