A esquerda disfarçada de Centrão. As eleições municipais de 2024 acabaram, mas o jogo político amarrado nesse pleito está longe de terminar. Das inúmeras incertezas do que vem pela frente, existe uma garantia, tem muito candidato por aí que vai cantar aquela canção composta por Tim Maia: vale o que vier, vale o que quiser. Só não vale dançar homem com homem e nem mulher com mulher."
Isso porque, a queda vertiginosa da esquerda brasileira fez com que muitos candidatos se disfarçassem de centro. Em alguns casos, até mesmo de direita. Vale tudo pelo poder, afinal? Parece que sim.
Do outro lado, a direita parece sair fortalecida das eleições municipais de 2024, mas precisa estar com o retrovisor limpo e bem ajustado. Digo isso pois os partidos de centro, ou os isentões, ou aqueles que ficam em cima do muro, estão cada dia mais fortes.
A esquerda disfarçada de Centrão
A cada nova corrida eleitoral se torna mais recorrente a aparição de candidatos em partidos considerados de centro, que se dizem de direita, mas com acenos aos eleitores da esquerda. Essa salada política tem feito a população pensar duas vezes antes de sair de casa para votar. Não à toa, o número de abstenções beirou os 30% país afora, ficando atrás apenas para os números apresentados no pleito de 2020, sob as condições da famigerada pandemia de Covid-19.
Esse comportamento de ficar em cima do muro, se fingindo de direita, mas flertando com petistas e coisas do tipo, é uma estratégia recente daqueles que não sabem sobre o que lutar ou para quem falar. Apenas fogem do bolsonarismo e lulopetismo como o diabo foge da cruz.
É de se lamentar o fato da perda de identidade, mas é preciso abrir os olhos para essa nova tendência: políticos pagando de direita soft, para condenar candidatos que, de fato e, às vezes, de direito, são de uma direita raiz.
Antipetismo é uma realidade
Saindo do centro e virando à esquerda, podemos cravar que o antipetismo foi de longe a maior vitória política de 2024 e está muito claro que a população cansou da forma improvisada da esquerda governar. Não importa se o que está em jogo é um país, um estado ou uma cidade, como no caso das eleições que se passaram. A resposta dada nas urnas demonstra que o Partido dos Trabalhadores (PT) ficou no passado. Para se ter uma noção das ideias ultrapassadas da esquerda brasileira, o presente e o futuro deles se escoram em um senhor de 79 anos, sem nenhuma condição, há muito tempo, de conduzir um debate claro sobre qualquer tipo de assunto.
A esquerda não se renovou e não forma líderes que consigam impulsionar uma agenda progressista, ao passo que deposita suas fichas em figuras nada carismáticas como o ministro da Fazenda Fernando Haddad ou a presidente do PT, a deputada federal, sempre raivosa, Gleisi Hoffmann. O centro se expandiu e jogou à esquerda na beira de um precipício e vai se valer da maracutaia para estender a mão ou não para salvar Lula e sua trupe.
Direita sai fortalecida
A direita, por outro lado, se fortaleceu. Vitórias como a de Cuiabá com Abílio Brunini e a de Emilia Correa em Sergipe, contra candidatos do PT e PDT respectivamente, são bons exemplos. Sem contar aqueles que caíram para cima, como se diz no popular. André Fernandes em Fortaleza perdeu com uma diferença de menos de 11 mil votos, contra um candidato petista, na capital de um estado que há anos revezam poder o próprio PT e o PDT.
Um caso ainda mais impressionante é o de Cristina Graeml, em Curitiba. Sem tempo de tv e rádio no primeiro turno, conseguiu encontrar uma saída para alcançar o segundo turno e fazer frente ao candidato do governador do Estado e do atual prefeito.
No meio disso tudo não se engane, existem também os que pensam como esquerda, mas se jogam no colo do centro político. E desses, muitos venceram, viu? Nos resta lamentar que o muro esteja tão cheio de enganações, de norte a sul do Brasil.
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