Trump apresentou uma visão claramente conservadora para uma liderança global americana baseada no princípio da soberania nacional| Foto: BRENDAN SMIALOWSKI/ AFP

Quando Donald Trump era candidato à presidência, ele criticou as políticas intervencionistas dos seus antecessores Republicanos e Democratas, criando um temor de que ele criaria uma nova era de isolacionismo norte-americano. Mas na ONU, essa semana, Trump apresentou uma visão claramente conservadora para uma liderança global americana baseada no princípio da soberania nacional.

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Julgando os críticos da esquerda por suas reações histéricas, eles parecem temer que o presidente siga os mesmos passos de George W. Bush. A Senadora Dianne Feinstein falou que o discurso foi “bombástico”. A representante democrata Barbara Lee disse que ele representa uma “abdicação de valores”. Hillary Clinton disse que era “obscuro” e “perigoso”. Essa é a crítica liberal padrão ao internacionalismo conservador. A esquerda dizia a mesma coisa sobre o presidente Ronald Reagan. 

Em Nova York, Trump convidou outras nações responsáveis a se juntarem aos EUA no que chamou de “praga” composta de “um pequeno grupo de regimes que… não respeitam nem seus cidadãos nem o direito a soberania de seus países”. Essa missão pode ser cumprida, segundo Trump, se reconhecermos que “os estados nação continuam sendo o melhor veículo para elevar a condição humana”. 

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Ele está certo. O comunismo e o fascismo não foram derrotados pelas Nações Unidas, e instituições globais não alimentaram drasticamente a expansão da liberdade e prosperidade humanas no último quarto de século, desde o colapso da União Soviética. O que inspirou e possibilitou a disseminação da paz, da democracia e das liberdades individuais foi a projeção de poder dos países democratas, comandados pelos EUA. 

É isso que precisamos hoje - e o que Trump prometeu em seu discurso. Ele relança sua política internacional “America First” (EUA Primeiro) não como uma chamada ao isolacionismo, mas como uma chamada para a liderança global das nações responsáveis. Ele abraça o Plano Marshall - o esforço massivo dos EUA para apoiar a recuperação da Europa no pós-guerra. E declara que “se os justos não confrontarem os poucos malvados, o mal vai triunfar” porque “quando as pessoas e as nações decentes se tornam observadores da história, as forças da destruição juntam mais poder”. 

Trump continuou no tema da soberania para desafiar os grandes adversários americanos, a China e a Rússia, insistindo que “devemos rejeitar as ameaças à soberania vindas da Ucrânia ao Mar da China Meridional”. 

O presidente tinha também uma mensagem para a Coreia do Norte. Ele se referiu ao líder do país, Kim Jong Un, como “Rocket Man” (Homem Foguete) e disse que Kim “está em uma missão suicida para si mesmo e seu regime”. Ele deixou claro que os EUA “têm muita força e paciência, mas que se forem forçados a defender a si ou seus aliados, não terão outra escolha senão eliminar a Coreia do Norte”. Essa mensagem deixou algumas pessoas balançadas, mas esse era o objetivo. Durante a Guerra Fria, líderes soviéticos realmente acreditavam que Reagan estava se preparando para a guerra e que faria o primeiro ataque. Essa crença é um dos motivos pelos quais uma guerra cataclísmica nunca aconteceu. 

Se esperamos evitar uma guerra com a Coreia do Norte hoje, o regime de Pyongyang deve ser levado a acreditar que Trump está, como disse na ONU, “pronto, desejoso e capaz” de agir militarmente. Seu tom pesado não era direcionado apenas a Pyongyang, mas também para a China e outros países cuja cooperação é necessária para espremer o regime coreano e achar uma solução pacífica. Essas palavras devem ser seguidas de passos concretos para deixar claro que são sérias e que a Coreia do Norte não pode ameaçar cidades americanas de aniquilação nuclear. 

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Trump se posicionou ao lado da moralidade na política internacional, defendendo explicitamente aqueles que buscam liberdade ao redor do mundo. Ele prometeu apoiar “o sonho constante dos cubanos de viverem em liberdade”. Ele declarou também que “regimes opressivos não resistirão para sempre” e acusou o regime iraniano de mascarar “uma ditadura corrupta com guias falsas de democracia”. Ofereceu apoio, porém, aos “bons iranianos que querem uma mudança”. Ele falou ainda sobre “o regime criminoso de Bashar al-Assad” na Síria, cujo “uso de armas químicas contra os próprios cidadãos, incluindo crianças inocentes, choca a consciência de qualquer pessoa decente”. 

O melhor momento do presidente foi quando chamou atenção para o que chamou de “ditadura socialista” de Nicolás Maduro, declarando que “o problema na Venezuela não é que o socialismo foi mal implementado, mas que o socialismo foi fielmente implementado”. Trump prometeu ajudar os venezuelanos a “reconquistar a liberdade, retomar seu país e restaurar sua democracia”. 

Esse é o clássico internacionalismo conservador: uma defesa vigorosa da liberdade, um desafio arriscado para ditadores perigosos e um comprometimento ao princípio de paz pela força. Não é à toa que os críticos de esquerda de Trump ficaram tão incomodados

*Thiessen é ex-redator dos discursos do presidente George W. Bush.

Tradução de Gisele Eberspächer

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