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Nesta semana, o The New York Times publicou uma longa reportagem sobre as deficiências do Serviço Nacional de Saúde (NHS, na sigla em inglês) do Reino Unido. Há muito estimado como uma joia da coroa da política governamental de esquerda, o NHS tem sido afligido por enormes deficiências de recursos, exigindo racionamento de infraestruturas e cuidados críticos. Atualmente, os cidadãos têm esperado até 12 horas por ambulâncias.
“É uma situação limite que, segundo especialistas, revela um colapso do pacto entre os britânicos e seu reverenciado Serviço Nacional de Saúde, de acordo com o qual o governo forneceria serviços de saúde responsáveis e eficientes, em sua maioria gratuitos, em todos os níveis de renda”, afirmou o jornal.
Só pode haver uma desculpa para esse fracasso retumbante em servir à prosperidade de seus cidadãos: a fantasia da igualdade. Este, de fato, é o toque de trombeta da esquerda: que os seres humanos sacrifiquem o bem-estar e a prosperidade em nome do culto da distribuição igualitária de recursos.
É o que diz Klaus Schwab, chefe do Fórum Econômico Mundial, em seu livro 'The Great Narrative': devemos deixar de lado medidores econômicos como o produto interno bruto em favor de “o que mais importa: ação climática, sustentabilidade, inclusão, cooperação global, saúde e bem-estar”. Na verdade, diz Schwab, “poderemos até descobrir que conseguiremos viver em tal cenário de maneira bastante feliz!”
O objetivo final seria acabar com “a desigualdade e a injustiça que a sustenta”, consagrando a “prestação universal de assistência social”, o que exigiria que os governos “reescrevam algumas das regras do jogo e aumentem permanentemente seus papéis”.
Já aqui nos Estados Unidos, Jamelle Bouie, colunista do The New York Times, diz o mesmo quando argumenta a favor da nacionalização governamental de toda a riqueza e da sucessiva redistribuição dessa riqueza per capita... a cada geração. Isso equivaleria a uma ruptura completa dos direitos de propriedade – e isso, por sua vez, significaria o fim da inovação, uma vez que as sociedades que dispensam os direitos de propriedade e as margens de lucro regridem à estagnação e, então, ao colapso econômico. Mas pelo menos teremos alcançado o objetivo de Bouie: igualdade!
De fato, os membros da esquerda política estão constantemente pedindo aos cidadãos que simplesmente reenquadrem por completo suas perspectivas sobre a prosperidade. Jerusalem Demsas, escrevendo no The Atlantic, pede aos norte-americanos que repensem se vale a pena buscar a casa própria, explicando: “Pressionar mais e mais pessoas para terem casa própria na verdade prejudica nossa habilidade de melhorar as condições de moradia para todos”.
Em vez de todos aspirarem a comprar casas e alguns terem sucesso, Demsas pede “investimento público em moradias de qualidade para aluguel”, bem como “políticas de estabilização de aluguel” por parte do governo. Nada disso tornará mais fácil para qualquer um ter uma casa própria, mas tornará todos mais iguais em sua locação patrocinada pelo governo.
Toda a agenda econômica do presidente Joe Biden é construída em torno da noção de mediocridade econômica enraizada em uma autoproclamada justiça superior. Paul Waldman, do The Washington Post, postulou nesta semana que Biden havia lançado uma “revolução da política econômica” baseada na luta contra a “desigualdade”. Isso exigiria “uma intervenção mais ativa do governo na economia”.
E todos aprenderemos a amar tal intervenção, porque será feita em nome de um valor maior: a igualdade. Não igualdade de direitos, mas igualdade de resultados; não igualdade de valor, mas igualdade de recursos. O problema com essa filosofia é que ela remove o incentivo para tudo o que gera prosperidade: trabalho, criatividade, resiliência, responsabilidade. E remover esse incentivo significa mais miséria para todos.