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O antirracismo também pode ser visto, na visão de Douglas Murray, como a nova religião de um mundo secularizado
O antirracismo também pode ser visto, na visão de Douglas Murray, como a nova religião de um mundo secularizado| Foto:

Numa época em que há cada vez menos vestígios de racismo, o mundo anglo-saxão vive uma obsessão antirracista que também se manifesta na difamação da cultura ocidental. Parece que todos os males da civilização se devem aos estragos causados ​​pelo "privilégio branco", "brancura" ou "imperialismo ocidental", diante dos quais só caberiam o autodesprezo e o bater no peito dos culpados. O jornalista e autor britânico Douglas Murray, que já fazia grande sucesso com 'A Loucura das Massas', no qual criticava a política identitária, reage a essa atitude com o livro 'A Guerra contra o Ocidente' [publicado no Brasil pela Editora Avis Rara].

Murray se pergunta, primeiro, por que o racismo antibranco se tornou aceitável. Ele faz uma exposição da chamada teoria crítica da raça, que se afirma como o suporte teórico para a luta contra o racismo, e que nos EUA deu origem a uma explicação confortável para toda disfunção social. Murray escolhe exemplos significativos da caça às bruxas antirracista e suas consequências em campos como educação, emprego e saúde.

O segundo bloco tem a ver com a revisão da história ocidental empreendida em chave antirracista. É claro que a escravidão não ocidental, como a praticada pelo Império Otomano, comerciantes árabes ou os próprios africanos que caçavam e vendiam negros de outras tribos, não são criticados.

O antirracismo também pode ser visto, na visão de Murray, como a nova religião de um mundo secularizado. Um movimento por justiça social deve reconhecer que suas raízes estão na tradição cristã. Mas, em vez disso, as tradições religiosas de outras culturas são embelezadas para serem usadas contra o Ocidente. O ataque também é dirigido contra os filósofos do Iluminismo, porque em algum momento eles disseram algo que não se enquadra aos padrões atuais. Por outro lado, as críticas a Marx, de quem são bem conhecidos os comentários racistas, ou a Foucault, apesar de suas práticas sexuais com menores, são poupadas. O que é decisivo é que eles criticaram o mundo ocidental.

O último trecho do livro se concentra nas tentativas de difamar a cultura ocidental e descobrir sinais de racismo em todos os lugares, desde jardinagem até matemática e música. Murray não apenas descarta essas tentativas, mas também elogia sem remorso a cultura ocidental, tanto pela riqueza de sua contribuição quanto por seu interesse em outras culturas.

Murray ilustra seu argumento com numerosos exemplos de fanatismo e exageros do movimento antirracista. Embora às vezes se diga que se trata mais de um "pânico moral" criado pela direita, os casos citados são muito eloqüentes de uma "guerra contra o Ocidente" e linchamento midiático do adversário. Mas o que mais chama a atenção é a rapidez com que as instituições culturais e as universidades levantam a bandeira branca para se renderem às críticas mais insanas por seu suposto racismo. Quem não quiser se submeter a essa impostura intelectual encontrará bons argumentos no livro de Murray.

©2023 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.
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