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A Igreja Católica é o último obstáculo para a ditadura brutal da Nicarágua

Cidadãos nicaraguenses reúnem-se no dia 19 de abril de 2023 para comemorar o quinto aniversário das manifestações de abril de 2018 contra o governo da Nicarágua, na faixa costeira da Cidade do Panamá (Panamá) (Foto: EFE/Bienvenido Velasco)

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No mês passado, o regime autoritário da Nicarágua baniu os jesuítas, a Companhia de Jesus, do país e apreendeu ilegalmente os bens da proeminente ordem religiosa católica. Tal ação dramática contra a igreja, suas organizações e seus servidores não é, infelizmente, incomum na Nicarágua hoje.

Em fevereiro, o ditador nicaraguense Daniel Ortega expulsou 222 prisioneiros políticos para os Estados Unidos. Um deles se recusou a embarcar no avião. O bispo Rolando Álvarez exigiu permanecer na Nicarágua e continuar a servir seu rebanho. Um dia depois, ele foi condenado por "traição", sem evidências ou julgamento, e sentenciado a 26 anos de prisão.

Aqueles que não estão familiarizados com o clima político atual na Nicarágua podem achar difícil entender por que o governo desrespeitaria o devido processo e responderia com tamanha brutalidade ao simples pedido deste padre. Mas Álvarez era um crítico contundente do presidente Daniel Ortega e de sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo. E criticar ditadores é sempre um negócio arriscado.

Álvarez não é o único líder católico na Nicarágua a denunciar os crimes e injustiças do governo, e não é o único crente a sofrer uma violenta reação do casal autoritário no poder. O regime de Ortega-Murillo travou uma guerra de perseguição contra a Igreja Católica porque a vê como o último obstáculo que os impede de obter o controle total.

Daniel Ortega surgiu pela primeira vez em 1979 durante a Revolução Nicaraguense, foi presidente de 1985 a 1990 e ocupou esse cargo continuamente depois de ser eleito novamente em 2007. Desde então, ele usou coerção governamental e opressão violenta para manter seu domínio, aprisionando opositores políticos e nomeando sua esposa como sua segunda no comando. Em 2018, o governo ditatorial foi ameaçado por protestos e uma tentativa de golpe. Ortega e Murillo acusaram a Igreja Católica de ajudar a iniciar a rebelião.

Em resposta, o regime de Ortega-Murillo desencadeou uma campanha de assédio e perseguição para silenciar a Igreja Católica e todos os dissidentes dentro de suas fileiras. Desde então, dezenas de padres foram presos ou expulsos do país, igrejas foram invadidas e imagens sagradas foram queimadas. As autoridades nicaraguenses acusaram a Igreja Católica na Nicarágua de lavagem de dinheiro e congelaram suas contas bancárias.

Os católicos da América Central têm uma longa história de protestos contra injustiças, no entanto, e não são facilmente silenciados. O governo expandiu sua campanha anticatólica para incluir instituições de ensino e ordens religiosas, na tentativa de sufocar qualquer indício de resistência. O governo fechou mais de duas dúzias de escolas religiosas, incluindo a Universidade Centro-Americana. Depois de banir os jesuítas que administravam a UCA, o governo a reabriu como uma universidade secular. O governo também fechou milhares de organizações e ONGs afiliadas à Igreja, muitas vezes rotulando-as de "agentes estrangeiros".

Os jesuítas não foram a primeira ordem católica forçada a deixar a Nicarágua. Em junho de 2022, o governo cancelou o status legal das Missionárias da Caridade, a ordem de religiosas fundada por Madre Teresa, forçando seus membros a deixar o país. As Missionárias da Caridade estavam no país há mais de 30 anos, administrando um berçário infantil, um asilo e uma casa para meninas maltratadas e abandonadas.

Travar uma guerra contra a igreja e seus líderes implica um certo número de riscos, especialmente quando quase 45% dos nicaraguenses se identificam como católicos. Dada a ampla influência da igreja, o governo calcula que não pode permitir que padres e líderes religiosos, amplamente considerados como vozes de autoridade moral, critiquem suas políticas e comportamento sem correr o risco de um levante popular.

Os Estados Unidos têm sido há muito tempo defensores da liberdade religiosa global, e devem se unir com seus aliados para intervir urgentemente nesta situação profundamente preocupante. O governo dos EUA respondeu a essas graves violações da liberdade religiosa, impondo sanções econômicas, cancelando vistos e limitando a ajuda. O Departamento de Estado acrescentou a Nicarágua à sua lista de "países de preocupação particular", e os Estados Unidos se juntaram às Nações Unidas e à Organização dos Estados Americanos para denunciar as violações da Nicarágua, pedindo que o regime mude de rumo.

Mas a pressão aplicada ainda não mudou a mente de Ortega. Mais deve ser feito.

Ortega está trabalhando para estender sua influência fora da América Central, fazendo parceria com ditadores de pensamentos semelhantes. Ele anunciou recentemente planos de abrir uma embaixada permanente em Pyongyang, Coreia do Norte, com Kim Jong Un enviando um representante em troca para a Nicarágua. Ortega já apoiou Putin na guerra contra a Ucrânia e se aproximou da Síria e do Irã, regimes autoritários que rotineiramente violam os direitos humanos.

A igreja se tornou o "último bastião" que se opõe à opressão na Nicarágua. Como declarou recentemente o presidente da Universidade de Notre Dame, a tentativa de Ortega e Murillo de extinguir o catolicismo na Nicarágua exige uma condenação mundial em uma escala maior e mais alta. Líderes religiosos e governamentais de todo o mundo precisam se unir e denunciar de forma veemente a guerra sacrílega de Ortega.

David Curry é o presidente e CEO da Global Christian Relief, uma organização de vigilância focada na situação dos cristãos perseguidos em todo o mundo.

©2023 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês: The Catholic Church Is the Final Obstacle for Nicaragua’s Brutal Dictatorship

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