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A negação da Saigon 2.0 e nossa sociedade de mentiras

Autoridades norte-americanos se retiram do Afeganistão, agora tomado pelo talibã. (Foto: Agência EFE)

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Escrevi sobre a tragédia moral e diplomática da retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão há alguns meses, então aqui comentarei apenas o que o Secretário de Estado Antony Blinken disse ao programa “This Week”, da ABC, e o que as palavras dele significam para o país.

Falando da imagem dos helicópteros norte-americanos pegando pessoas no telhado a embaixada dos Estados Unidos em Cabul, Blinken disse: “Isso não é uma nova Saigon”.

Essa afirmação resume os Estados Unidos da América. Nós nos transformamos numa sociedade de mentiras.

Como sei desde que estudei a União Soviética e o comunismo no Instituto Russo da Columbia University, a verdade nunca foi um valor da esquerda. Há progressistas honestos e desonestos, assim como há conservadores honestos e desonestos. Mas a verdade é um valor para conservadores e progressistas. Não para a esquerda. As pessoas de esquerda estão comprometidas em dizer o que promove a pauta delas, não importa se verdade ou mentira.

Eu fico me perguntando se os esquerdistas acreditam nas mentiras que contam. E chego à conclusão de que, em geral, eles acreditam – em parte porque não se perguntam se o que estão dizendo é verdade ou mentira.

O fato é que a Cabul de 2021 é a Saigon de 1975 — e todos com olhos para ver sabem disso. Ainda assim, o Secretário de Estado dos EUA, representando uma administração de esquerda e um partido comprometido em dizer apenas o que é benéfico para seus interesses, independentemente de ser ou não verdadeiro, não tem vergonha de dizer que Cabul “não é uma Saigon”.

Será que Blinken acredita no que diz? Talvez. Será que ele se perguntou se isso é verdade antes de dizê-lo? Improvável.

Agora você vai entender como essa afirmação está associada à ideia de que “homens dão à luz”.

As pessoas que dizem isso acreditam no que dizem? Provavelmente. Ainda assim, nenhum indivíduo que busque a verdade será capaz de inventar uma mentira tão deslavada.

As pessoas que negam que os filhos nascidos fora do casamento entre os negros (70%) contribuem para a taxa de criminalidade desproporcional entre os negros sabem que estão mentindo? Provavelmente não. A pauta “antirracismo” os leva a acreditarem nisso.

Será que todos os prefeitos e analistas esquerdistas que exigem que os departamentos de política recebam menos dinheiro acreditam que ao fazerem isso diminuirão os crimes violentos? A ideia é tão absurda que é difícil acreditar que eles acreditam nela. Mas, novamente, a maioria desses prefeitos e analistas provavelmente acreditam que homens podem dar à luz.

Como publicou o Wall Street Journal no dia 12 de maio de 2020 sobre o deputado Adam Schiff, homem que mente com frequência e uma facilidade assustadora, “documentos recém-divulgados mostram que Schiff sempre soube que não havia provas de um conluio entre a Rússia e Trump”.

Quanto a isso, o New York Times e outros veículos acreditaram mesmo, ao longo de dois anos, que a campanha de Trump se associou à Rússia? Novamente, duvido que eles tenham se pergunto se o que escreviam e transmitiam era verdade. A única pergunta que a esquerda se faz é se o que ela diz é benéfico para seus objetivos.

Praticamente todo o sistema educacional – do ensino fundamental à universidade – é um mundo de mentiras. Na verdade, a educação nos Estados Unidos não tem nada a ver com a educação como os norte-americanos e o Ocidente sempre entenderam o termo. O conceito de verdade objetiva – a base da educação – hoje é considerado supremacista.

De acordo com o Departamento de Educação do Oregon, até mesmo a ideia de que a matemática tem respostas corretas é uma questão de supremacismo branco. E, claro, o fato de Shakespeare ter escrito belas peças ou de que Beethoven ter composto grandes sinfonias é, da mesma forma, considerado uma forma de supremacismo branco.

Praticamente nenhuma grande instituição norte-americana está comprometida com a verdade. A Associação Médica Norte-americana acabou de anunciar que as certidões de nascimento não devem mais conter o sexo do bebê porque é impossível saber o sexo do bebê. Sabemos o sexo de todos os mamíferos do planeta, mas não dos seres humanos. E as faculdades de medicina – sim, faculdades de medicina – já não se referem àquelas que dão à luz como mulheres, e sim como “pessoas parideiras”. O ato de dar de mamar é chamado de “alimentação pelo peito”.

A Slate, sendo justo, publicou um texto intitulado “As Nobres Mentiras da Covid-19”, citando quatro mentiras contadas pelo dr. Anthony Fauci, cujo compromisso com a verdade não é maior do que o de Schiff. Uma das quatro mentiras citadas é a de que as máscaras de pano funcionam. Mas, como nota o artigo, um e-mail divulgado graças à Lei de Liberdade de Informações revelou que a oposição oficial de Fauci em março de 2020 era a de que as máscaras eram desnecessárias. E ele manteve essa posição apesar de mais tarde defender que o país todo fosse obrigado a usar máscaras.

As empresas de tecnologia não têm compromisso com a verdade. Elas chamam qualquer informação com a qual não concordam de “desinformação” e silencia até mesmo cientistas renomados e outros especialistas. Ninguém é mais responsável pela nossa sociedade de mentiras do que o Google, YouTube, Twitter e Facebook.

O presidente dos Estados Unidos diz qualquer coisa que trará benefícios e a si e a seu partido de esquerda. Um exemplo raramente apontado foi a decisão dele de transformar a boate Pulse, uma casa noturna LGBT em Orlando, na Flórida, e cena do massacre de 49 pessoas, num memorial nacional.

“Há cinco anos, em Orlando, e no meio do Mês de Orgulho Gay”, disse o presidente Joe Biden, “nossa nação sofreu o ataque mais mortal da história norte-americana contra a comunidade LGBTQ+ e, na época, o massacre mais letal cometido por um único homem”.

O problema é que o massacre não teve nada a ver com o fato de a Pulser ser uma casa noturna LGBTQ. O assassinato foi cometido por um muçulmano radical chamado Omar Mateen e que procurava qualquer lugar cheio para massacrar norte-americanos. Como os procuradores notaram durante o julgamento de Mateen, o assassino queria se vingar dos ataques norte-americanos contra o ISIS na Síria.

Por isso é que a mentira de Blinken soa tão natural. A esquerda transformou a verdade num não-assunto nos Estados Unidos. Ela nos transformou numa sociedade de mentiras.

Dennis Prager é colunista do Daily Signal, radialista e criador da PragerU.

©2021 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês

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