Jovens apoiadores de Javier Milei na Argentina| Foto: EFE/ Juan Ignacio Roncoroni
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Como o Hunter Biden, fiz muitas coisas tolas quando era jovem, só que parei antes da meia-idade. Eu me diverti. Às vezes, penso que minha geração foi a última que poderia ir a uma festa sem se preocupar com pronomes ou contar piadas politicamente incorretas na faculdade sem ter um arquivo secreto aberto sobre você.

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Fizemos coisas loucas: bebendo coquetéis com canudos de plástico, estudando matemática não igualitária, assistindo a Dumbo sem encontrar nenhum vestígio de racismo e aprendendo história em vez de reescrevê-la. Agradeço a Deus muitas vezes por ter nascido em 1981. Nosso ídolo era John Belushi, não Greta Thunberg. E a única vez pré-pandêmica em que fui colocado em prisão domiciliar foi quando meus pais ordenaram, por estar atrasado ​​e um pouco bêbado.

A juventude é um tempo de liberdade, diversão e rebeldia. Isso é bom. Se não tivéssemos certos conflitos adolescentes com nossos pais, nunca sentiríamos a necessidade de buscar um caminho próprio e, eventualmente, formar um novo lar e ter nossos próprios filhos. No entanto, em meio a um ambiente sufocante de “wokeísmo” abrangente, os jovens de hoje estão privados dessa liberdade e têm muito menos diversão. A única coisa que você pode salvar é o anseio biologicamente enraizado pela rebelião.

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Está começando a acontecer.

Agora, uma análise do cenário universitário americano - com suas repreensões hipócritas e, em última instância, hordas de apologistas do Hamas - não dá a impressão de que os jovens de hoje estão passando por uma transformação política. Na verdade, alguns são tão radicais quanto sempre foram. Mas eles não falam por toda a sua geração. Uma interessante pesquisa recente da Redfield & Wilton Strategies para a [revista] Newsweek mostrou que 72% dos jovens de 25 a 34 anos realmente apoiam o slogan "Quem lacra não lucra" [em inglês, “Go woke, go broke"]. Faz sentido. Os jovens de hoje não são apenas informadas pelo governo e pela maioria da mídia sobre como pensar, com o que ficar indignados ou quais eventos e pessoas cancelar. Eles também recebem sermões de grandes corporações que se renderam loucamente à religião do progressismo extremo. Em outras palavras, é uma ordem estabelecida, algo a ser combatido. Eu conheço as pessoas certas para fazer isso.

Os jovens têm sentido uma fascinação desproporcional pela esquerda há muito tempo, é verdade. Lembre-se da Campanha pelo Desarmamento Nuclear, do Maio Francês de 1968, e dos grupos maoístas formados por filhos rebeldes de famílias conservadoras durante a última metade do século passado. Lembre-se do cabelo comprido, das calças justas e do cigarro fumado na porta de uma Kombi Volkswagen. Não estou tentando romantizar todo esse lixo moral, mas, com toda justiça, muitos desses jovens abandonaram o esquerdismo assim que receberam o primeiro salário e especificamente quando viram o quanto o governo retém dele. Há pessoas que precisam passar por esse processo como parte de sua experiência de vida.

Ser jovem era pensar que tudo o que havia sido feito antes estava errado e que era necessário e possível mudar o mundo de baixo para cima, pressionando aqueles no topo. Hoje, os governos da esquerda pós-moderna e seus aliados acreditam que tudo o que aconteceu antes estava errado, mas pretendem mudar o mundo a partir de uma posição de poder, impondo seus modos aos que estão abaixo deles.

Jovens são mais difíceis de guiar do que adultos.

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E assim, em alguns cantos de alguns países, os jovens estão desempenhando um papel fundamental na resistência ao progressismo, e isso está tendo consequências na arena política. Na Argentina, nas eleições primárias de agosto, metade dos jovens com menos de 35 anos votaram em Javier Milei, que ridiculariza publicamente o "wokeísmo", os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e outros sistemas de crença de esquerda. A percentagem foi ainda maior entre aqueles com menos de 20 anos: sete em cada dez votaram no candidato libertário-direitista. Basta olhar para seus comícios, cheios de jovens gritando slogans contra o kirchnerismo e a esquerda, e aplaudindo entusiasticamente sempre que Milei gritasse seu slogan: "Não vim aqui para liderar cordeiros, mas para despertar leões!"

Neste mês, Milei venceu as eleições presidenciais em seu país, uma vitória histórica impulsionada pelos eleitores jovens. Lembremos que a Argentina é um dos poucos países em que os jovens de 16 e 17 anos podem exercer seu direito de voto. Com a escolha de Milei, a Argentina sinalizou o desejo de superar a política peronista que empobreceu o país por décadas.

Na Itália, o voto dos jovens também foi decisivo para levar a conservadora Giorgia Meloni ao poder. A análise eleitoral por idade confirma que, nas últimas eleições, Meloni foi a segunda favorita entre os jovens italianos, quase empatada com os populistas do Movimento Cinco Estrelas de Beppe Grillo. Isso também está acontecendo na Espanha, onde nas pesquisas do Centro de Pesquisas Sociológicas do governo, o partido favorito entre os jovens de 18 a 24 anos é o Vox, o partido de direita liderado por Santiago Abascal, o único abertamente oposto ao "wokeísmo" e à Agenda 2030.

Esse efeito também é significativo nos Estados Unidos. Uma análise de Michael Podhorzer para a Atlantic surpreendeu os autores ao descobrir que, embora a Geração Z apoiasse esmagadoramente os democratas em estados azuis [nos EUA, o vermelho está ligado aos republicanos e o azul aos democratas], nos estados vermelhos essa mesma geração votou esmagadoramente nos republicanos. (Curiosamente, a Gallup descobriu no ano passado que “independente” é uma filiação muito mais popular do que qualquer um dos grandes partidos para os Millennials e a Geração Z). Diverte-me ver que os analistas esquerdistas mais velhos não compreendem bem que pode haver jovens que não votem nos democratas.

Esses números podem crescer nos próximos anos. Uma sociedade que antes oferecia aos jovens principalmente valores orientados para o cristianismo como guia para a vida - mesmo que escolhessem se rebelar contra esse caminho - tem substituído esses valores por uma mistura vazia de secularismo, "wokeísmo" e vitimização como se fosse uma nova religião, apenas mais ascética do que qualquer religião que as gerações passadas tenham seguido.

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Para piorar, o novo feminismo coloca muitos jovens em situação semelhante à do Esquadrão Classe A: perseguidos por um crime que não cometeram. Seja a dívida histórica que as feministas radicais pós-modernas querem cobrar pelas desigualdades passadas justa ou não, é mais relevante perguntar se as crianças de hoje deveriam se sentir culpadas pelo modo como a sociedade de seus avós era. Pessoalmente, acho que eles têm problemas suficientes lidando com a ansiedade climática, evitando clássicos cancelados e lidando com o TikTok. Não é de admirar que estejam se rebelando contra essa ordem mundial.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

© 2023 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês: Will the New Woke Order Face a Youth Rebellion?