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A OMS não merece o dinheiro do contribuinte, ainda mais depois da Covid-19

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus (C), participa da cerimônia militar anual do Dia da Bastilha na Place de la Concorde, em Paris, 14 de julho de 2020. (Foto: AFP)

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No fim de maio, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou o fim do envio de dinheiro norte-americano (e da participação do país) na confusa Organização Mundial da Saúde (OMS). Recentemente, o ritual formal de retirada começou para valer, com a saída definitiva marcada para julho do ano que vem. Agora, contudo, alguns membros do Congresso estão procurando uma “solução legislativa” para que cerca de US$500 milhões por ano continuem enchendo os cofres da instituição burocrática.

O jornal The Hill diz que o orçamento a ser proposto pelos democratas da Câmara “garante financiamento para a Organização Mundial da Saúde, assim como financiamento para outras organizações internacionais problemáticas”. Diante da reação atrapalhada da OMS na pandemia de coronavírus, a manutenção do financiamento da organização significa um cheque em branco como recompensa por seu mau comportamento. Um orçamento realmente preocupado com a saúde pública fazia com que a OMS pagasse por suas ações. Quem apoia o envio de dinheiro do contribuinte para iniciativas globais, organizações mais dignas, como a Médicos Sem Fronteiras, seriam mais merecedoras. Os pacientes simplesmente não podem esperar que a OMS se recomponha.

Não surpreende ninguém o fato de que os deputados democratas não ficaram felizes com a decisão de Trump de retirar os EUA da OMS. A presidente do Congresso, Nancy Pelosi, disse que a retirada é uma bobagem perigosa e ilegal. Pelosi também declarou que a medida vai “ser habilmente contida”. Mas a verdade é que, cada vez mais, é perigoso e não faz sentido nenhum continuar sustentando um órgão burocrático mundial inchado e pouco confiável.

No dia 14 de janeiro, tornou-se famoso um tuíte da OMS no qual ela dizia que as autoridades chineses “não viram sinais claros de transmissão entre humanos do novo coronavírus”, apesar da denúncia de corajosos, como o médico Li Wenliang, que falavam de uma doença que parecia estar sendo transmitida de paciente para paciente.

Por seu “crime” de ter alertado para o surgimento de uma doença nova, Li foi preso pelas autoridades chinesas e obrigado a assinar um documento no qual prometia não cometer mais “ilegalidades”. O médico de 34 anos morreu semanas mais tarde, deixando uma esposa grávida e um filho pequeno.

Apesar de a China ter acobertado a doença e esperado duas semanas para deixar que a OMS entrasse no país e analisasse os casos, o diretor-geral da instituição, Tedros Adhanom Ghebreyesus, elogiou o presidente chinês Xi Jinping por seu suposto comprometimento político, liderança e transparência relativos à reação à pandemia.

Taiwan

Alguns pesquisadores e acadêmicos tentaram argumentar dizendo que a organização tem de fazer concessões para continuar contando com a cooperação chinesa, mas as ações da OMS vão além da mera diplomacia. A OMS continua negando um lugar a Taiwan em suas reuniões de emergência, apesar de o país asiático ter sido bem-sucedido na contenção do coronavírus. Taiwan é um país com mais de 23 milhões de pessoas (população semelhante à da Flórida), e mesmo assim teve menos de 10 mortos por Covid-19. O país insular deteve o coronavírus precocemente por meio de uma combinação rigorosa de exames em massa e medidas de controle de infecção hospitalar.

Taiwan claramente tem muito a contribuir explicando suas práticas para o restante do mundo. Ainda assim, os estudiosos da Universidade de Nova York Yu-Jie Chen e Jerome Cohen notam que “por causa do poder da China, incluindo seu lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU, Pequim consegue impor sua política de ‘China única’ sobre todo o mundo, à custa da inclusão de Taiwan. Essa política inclui entre suas prerrogativas impedir que Taiwan faça parte das reuniões da OMS, mesmo que isso comprometa a saúde da população”.

E, obviamente, a reação fracassada da OMS à pandemia gerou imprecisões básicas nos dados coletados. Em março, o site “Our World in Data”, ligado à Universidade de Oxford, anunciou que teriam de deixar de usar dados da OMS por causa dos erros e inconsistências. Como resultado, a plataforma passou a usar dados do Centro Europeu de Controle e Prevenção de Doenças, que publica dados mundiais precisos diariamente sobre a Covid-19.

Talvez em vez de darem um cheque em branco para o trabalho impreciso da OMS, os legisladores devessem defender o financiamento de fontes confiáveis de dados sobre a disseminação da pandemia.

A retirada dos Estados Unidos da OMS também servirá como um sinal de que a politização da saúde pública é nociva e não será tolerada. As pessoas merecem informações imparciais de instituições que não estão nem preocupadas em agradar regimes corruptos nem em desagradar países de que não gostam.

A continuidade do envio de dinheiro para a OMS será um desperdício e prejudicará a saúde pública à custa da integrada e das melhores práticas.

Ross Marchand é diretor da Taxpayers Protection Alliance.

©2020 FEE. Publicado com permissão. Original em inglês

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