A palavra do ano não é usada por ninguém

A palavra de 2017 foi revelada pela equipe do Dicionário Oxford e a vencedora é… youthquake (mistura das palavras youth – jovem – e earthquake – terremoto). 

Confuso? Você não é o único. 

A definição da palavra é: "uma mudança cultural, política e social significativa que surgiu das ações e influência de pessoas jovens". Ela representa o despertar dos millennials, que buscaram mudanças ao redor do mundo nos últimos 12 meses. 

Informações coletadas pelos editores dos dicionários Oxford revelaram um crescimento considerável do uso da palavra em 2017 se comparado a 2016. As eleições do Reino Unido no começo de junho, antecipadas pela Primeira Ministra Theresa May, podem ser uma das causas do aumento de ocorrências da palavra, usada para descrever a grande participação de eleitores jovens buscando um impacto ao apoiar o líder trabalhista Jeremy Corbyn. As ações coletivas desses eleitores foram chamadas pelo jornal The Guardian e outros veículos de youthquake. 

A palavra pode até ser a vencedora de 2017, mas não é nova. Ela foi cunhada em 1965 pela editora da Vogue Diana Vreeland, que a usou para caracterizar as mudanças protagonizadas por jovens nas indústrias da moda e da música. 

Apesar de ter raízes políticas e culturais em 2017, a palavra vencedora foi recebida com ceticismo nas mídias sociais. 

"Eu trabalho em uma ONG que ajuda jovens. Não é uma palavra que eu ouvi. Em nenhum lugar, por nenhuma pessoa", postou no Twitter Ruth Ibegbuna, CEO de uma organização de liderança e mudança social no Reino Unido. 

"Então, 'youthquake' é a palavra do ano do Dicionário Oxford. Nunca ouvi ela sendo dita, não sei o que significa… devo ter perdido o memorando sobre ela", disse outro usuário do Twitter. 

Enquanto alguns fizeram piadas, outros lembraram que youthquake foi o título de um álbum de 1985 da banda de pop britânico Dead or Alive. 

Como a palavra do ano é escolhida? 

A palavra do ano do Dicionário Oxford é uma tradição que começou em 2004. Os vencedores são selecionados de acordo com "seu potencial de ser uma palavra culturalmente significante". 

"Nós tentamos escolher uma palavra que nos lembre sobre onde estivemos no último ano", disse Casper Grathwohl, presidente do Setor de Dicionários. "Às vezes nossa escolha é séria, outras vezes mais divertida". A cada ano, a expectativa é que a palavra reflita o humor dos últimos 12 meses. 

"'Youthquake' não é uma escolha óbvia", escreveu Grathwohl em um blog. Ele acrescenta ainda que a palavra "ainda não chegou nos EUA, mas que evidências fortes mostram que é uma palavra em movimento". A equipe afirma ainda que a palavra com sentido político oferece um pouco de esperança depois de um "ano difícil e decisivo". 

Há dois anos, o Dicionário Oxford criou uma polêmica ao escolher um pictograma como palavra do ano pela primeira vez. Muitos ficaram confusos com o fato que a palavra do ano não era uma palavra, mas um emoji – o rosto com lágrimas de felicidade, para ser mais específico. 

Outras palavras cogitadas para esse ano eram: milkshake duck, white fragility, unicorn, kompromat, brokflake, newsjacking, gorpcore e antifa. Vencedores anteriores são: post-truth (pós-verdade, 2016), vape (fumar com cigarros eletrônicos, 2014) and selfie (2013).