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A presidente da universidade de Harvard, Claudine Gay, em audiência na Câmara dos Estados Unidos na semana passada
A presidente da universidade de Harvard, Claudine Gay, em audiência na Câmara dos Estados Unidos na semana passada| Foto: EFE/EPA/WILL OLIVER

"Publicar ou perecer". Esse é o jogo na academia. Se você quer conseguir estabilidade ou avançar para cargos de liderança, é preciso escrever muitos artigos e publicá-los.

Mas você não pode simplesmente publicar qualquer coisa. Os editores e revisores de periódicos que decidem o que será publicado têm um ponto de vista, e é melhor não contrariá-lo muito se você quiser que publiquem seu artigo. Esse ponto de vista é frequentemente de esquerda, mas a valência política importa menos do que a conformidade direta com a pesquisa predominante no campo. Utilize metodologia convencional, escreva no formato convencional, use terminologia convencional, esse tipo de coisa.

Isso significa que as pessoas que buscam ascender na academia têm fortes incentivos para publicar pesquisas que não perturbem o status quo. A maneira mais direta de fazer isso é publicar pesquisas que basicamente repetem o que já foi dito, mas incluem algum tipo de ajuste ou acréscimo exclusivo.

Não há nada de errado com isso em si. O problema é que é muito difícil encontrar algo único para publicar em nível acadêmico com frequência suficiente para obter estabilidade ou um cargo de liderança em uma universidade.

Dedicar muito tempo a uma ideia resulta em um bom artigo. Dedicar menos tempo a várias ideias resulta em vários artigos de qualidade inferior. Não é de surpreender que muitas pesquisas em muitas áreas sejam de qualidade duvidosa e não possam ser replicadas por outros pesquisadores. Mas "publicar ou perecer" valoriza a quantidade em detrimento da qualidade.

A maneira mais rápida de produzir pesquisas que não perturbem o status quo é plagiar. O plágio, por definição, é dizer algo que outras pessoas já disseram. E o trabalho já está feito, então você pode prosseguir se dedicando a outros artigos.

Mas os editores vão perceber, certo? Talvez, mas talvez não. A academia está cheia de pessoas que são muito boas em fingir que leram todas as últimas pesquisas. Há tantos periódicos produzindo tanta pesquisa por tantos professores aspirantes que estão trabalhando sob o lema "publicar ou perecer" que é basicamente impossível ter lido tudo.

E muitos dos artigos ou livros fundamentais que estão no centro de uma disciplina são frequentemente citados e raramente lidos. Isso significa que você pode se dar bem apenas lendo o que os outros dizem sobre o que pesquisadores proeminentes ou pensadores fundamentais disseram. Como a maioria das pessoas faz isso, elas não saberão se você está plagiando.

Como em outras profissões, na academia vale menos o que você sabe do que quem você conhece. Passar tempo cultivando relacionamentos com as pessoas certas ajuda a evitar acusações de má conduta e coloca você na linha de frente para oportunidades de promoção.

Isso implica que os incentivos para o plágio são mais fortes e as barreiras contra ele são mais fracas para pessoas mais ambiciosas. Se você se preocupa menos em ser de alto status, sentirá menos pressão para publicar e ficará menos preocupado com os efeitos na carreira de se debruçar lentamente demais sobre uma ideia. Isso significa que você é mais propenso a não ter pressa, citando corretamente fontes e sendo o mais original possível.

A maioria das pessoas tem uma objeção moral ao plágio, e isso significa que elas não o farão. Mas em um ambiente onde o plágio é às vezes o caminho de menor resistência e é improvável que seja percebido, essa objeção moral pode se desgastar ao longo do tempo.

Tudo isso para dizer que, se você acha que pode se safar, o plágio talvez compense. Se seu trabalho é produzir pesquisas que basicamente ninguém lerá atentamente, e a quantidade importa mais do que a qualidade, por que não copiar um pouco?

O plágio da presidente de Harvard, Claudine Gay, estava publicamente disponível há anos, e ninguém havia percebido até agora. Ela estava se saindo bem, até que se viu na uma situação incomum de atestar perante o Congresso se o apelo ao genocídio era contra o código de conduta de sua universidade. A maioria das pessoas nunca estará nessa situação.

Gay não é a única pessoa que estava se safando. Muitos outros pesquisadores, em algum momento de suas inúmeras publicações, copiaram ou deixaram de citar corretamente o trabalho de outra pessoa. Eles tinham muitos incentivos para fazê-lo na época. E podem nem se lembrar de ter feito isso se confrontados agora.

Tudo isso é um produto de "publicar ou perecer" combinado com a proliferação de disciplinas acadêmicas e áreas de pesquisa hiperespecíficas que têm pouco ou nenhum efeito no mundo real. Se a pesquisa não importa de qualquer forma, não faz muita diferença se é plagiada. E se todo mundo está fazendo, você não pode demitir Gay por isso sem demitir muitas outras pessoas também.

© 2023 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês: Incentives for Plagiarism in Academia

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