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Keira Bell jamais recuperará a infância. E seu corpo cheio de cicatrizes a lembra todos os dias: “Vivo num mundo onde não me encaixo como homem ou mulher. Estou presa entre dois sexos”.
Hoje com 23 anos, ela dedica sua vida a impedir que adolescentes cometam o mesmo erro. E processar a clínica é o primeiro passo.
Bell era apenas uma criança quando entrou na clínica Tavistock, na Inglaterra, dizendo que queria ser menino. A equipe não hesitou. Apesar de ter apenas começado a menstruar e não passar por nenhuma avaliação psicológica ou terapia, a clínica Tavistock lhe prescreveu bloqueadores de puberdade que acabaram por arruinar sua vida.
“Eles deveriam ter me confrontado quanto às minhas escolhas”, disse Bell aos jurados. “E acho que tudo seria bem diferente se eu tivesse sido confrontada com as coisas que dizia”.
Se um adulto a tivesse puxado para um canto e conversado sobre o que ela estava sentindo, talvez nada disso tivesse acontecido.
Assim que começou a tomar os remédios, “foi como fechar uma torneira”, disse ela. O desenvolvimento dela simplesmente foi interrompido. E ninguém a alertou.
“Tive sintomas semelhantes aos da menopausa, quando o nível de hormônios da mulher diminui. Tive calorões, dificuldade par dormir, minha libido diminuiu. Eu tomei cálcio porque meus ossos ficaram fracos. Meus hormônios femininos percorriam minhas veias e, de repente, eles pararam”. Ela diz que se sentiu péssima.
Três anos mais tarde, depois de ter os seios removidos gratuitamente (cortesia do governo), ela se arrependeu. Ela procurou instituições de caridade e advogados para ajudar os jovens a reverterem o dano.
Agora que veio a público e que está tentando responsabilizar a clínica, Bell diz que entrou em contato com centenas de jovens arrependidos de terem seguido por esse caminho. “O tratamento não resolveu o problema deles”.
Nos Estados Unidos, a batalha contra os bloqueadores de puberdade e os defensores dos transgêneros é intensa.
Oito estados estão tentando impor limites etários para o uso dos remédios – o que teria poupado adolescentes como Bell. Os legisladores tiveram de se intrometer no assunto, de acordo com Abigail Shrier, do Wall Street Jornal, é a “desonestidade dos médicos”.
Numa conversa com Sarah Perry , do Family Research Council, ela disse:
Sou jornalista. Não sou ativista. Meu trabalho não é impedir que as pessoas usem bloqueadores de puberdade. Meu trabalho é falar a verdade — e, nesse tema, poucas pessoas estão dizendo a verdade. E a verdade é que não temos ideia dos efeitos de longo prazo dessas drogas.
Na pressa da esquerda por medicar as crianças e as prender num estilo de vida, houve um aumento drástico nas receitas desses remédios sem que se pensasse nas consequências permanentes.
“Haverá muitos processos”, previu Shrier. “Isso porque os médicos estão agindo como ativistas, e não médicos. Entrevistei vários médicos sobre o assunto e eles contam que, quando vão a um congresso e alguém apresenta um novo remédio para o coração ou de qualquer tipo, discute-se abertamente os riscos e benefícios, porque todos os remédios têm riscos e benefícios. Mas quando se trata de remédios para transgêneros... Um pesquisador que entrevistei disse que é como um comercial de televisão para trans. Em outras palavras, não se discute os riscos”.
É um cenário horrível quando você pensa nos efeitos profundos que esses bloqueadores de puberdade têm no corpo humano.
“Eles paralisam a parte da hipófise que estimula a puberdade. Assim, a criança de oito, nove e dez anos não passa pela puberdade normalmente. Os órgãos sexuais continuam do mesmo tamanho e capacidade que os órgãos de uma criancinha. Elas perdem o potencial de sentir orgasmo e podem ficar inférteis para sempre”, diz Shrier.
Sem falar que os hormônios afetam o cérebro. “O que estamos fazendo é uma experiência cujos efeitos de longo prazo desconhecemos”, diz ela. “E os pacientes estão sendo aconselhados a se submeterem a isso”.
E se houver danos à saúde mental desconhecidos de todos? Quando você atinge o cérebro de uma criança que enfrenta depressão, transtorno bipolar e até autismo com hormônios, “não dá nem para imaginar o efeito dessas medicações”, diz Sarah Perry.
Ainda assim, ninguém na comunidade médica parece ter coragem de exigir dados científicos sobre isso — algo que seria rotina em qualquer outro tratamento.
Mais preocupante ainda, de acordo com Shrier, é que os Estados Unidos, que tinham apenas duas clínicas de gênero, hoje têm mais de 50. Mas esse número não inclui grupos como a Planned Parenthood, que, acredite ou não, é hoje um dos que mais prescreve e distribui hormônios sexuais no país.
Assim, ao mesmo tempo em que mata fetos, a empresa também está seguindo por outro caminho para tornar gerações inteiras inférteis. Tudo isso sem esclarecer direito os pais.
Graças ao Obamacare, esses remédios caros são, em alguns casos, distribuídos gratuitamente para os jovens. Quando não, o custo é mínimo.
“De repente, os hormônios estão disponíveis a todos. Você também pode fazer a cirurgia da moda e ela não vai lhe custar quase nada. Então é óbvio que há uma demanda muito maior por isso”.
Mas essa demanda pode ser bem diferente da demanda de pais, cidadãos e médicos, que querem segurança, responsabilidade e precaução. Já está na hora de impedir a extrema-esquerda de fazer experiências com nossas crianças. Antes que seja tarde demais.
Tony Perkins é presidente do Family Research Council.
©2020 Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês
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