| Foto: Robson Vilalba/ Thapcom

Quem acompanhou o desenrolar do noticiário político este ano escutou pelo menos uma vez afirmações como “Jair Bolsonaro (PSL) vai derreter”, “o sistema político se fechou contra a renovação”, “Bolsonaro não é um candidato competitivo no segundo turno”, “Geraldo Alckmin (PSDB) vai reagir”, “o eleitorado vai buscar o centro”. Em geral, essas afirmações eram feitas levando em conta fatores tradicionais na análise política: tempo de televisão e rádio, recursos financeiros, palanques nos estados e controle da máquina pública. 

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Quando terminou a apuração do primeiro turno, todas se revelaram previsões equivocadas – em maior ou menor grau. O PSL viu sua bancada crescer de 8 para 52 deputados; o Senado teve a maior taxa de renovação da história; candidatos até então desconhecidos atropelaram políticos tradicionais em vários estados. No último domingo (28), a tendência se confirmou com a eleição de Bolsonaro, de três governadores do PSL e dos novatos Wilson Witzel (PSC), no Rio de Janeiro, e Romeu Zema (Novo), em Minas Gerais, entre outros exemplos que podem ser lembrados. 

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É verdade que analistas mais cautelosos já anteviam algum peso da internet nestas eleições e não arriscavam afirmar com certeza que ela suplantaria os meios tradicionais – alguns mantêm a cautela mesmo agora, após os resultados. Quase todos estavam esperando o resultado do “experimento perfeito” que foi a eleição deste ano: um candidato que começava a corrida liderando as intenções de voto, mas sem tempo de televisão e rádio e coligação – Bolsonaro – contra um candidato que começava mal nas pesquisas, mas tinha 44% do tempo de televisão e rádio e a maior coligação partidária na disputa – Alckmin. 

Para entender o fenômeno, a Gazeta do Povo conversou com diversos analistas digitais e cientistas políticos, alguns dos quais já enxergavam a “onda Bolsonaro” e escreviam sobre ela no passado. Todos concordam que a internet, as redes sociais e os aplicativos de mensagens desempenharam um papel fundamental nestas eleições. Para alguns, já mudaram completamente o jogo; para outros, apenas embaralharam o cenário. Mas todos concordam que, em alguma medida, seu efeito foi subestimado, principalmente nos resultados das urnas para o Congresso. 

Uma hipótese: por que não viram 

Adriano Gianturco, cientista político e professor do Ibmec, acredita que há fatores mais e menos conscientes que explicam por que muitos não enxergaram o que estava acontecendo. “Há uma série de coisas: a mídia, professores, a elite intelectual, nós vivemos em uma bolha e nós temos um viés de amostra. A nossa bolha não é representativa do país”, diz Gianturco. “Além disso, há uma questão de preferência política que às vezes aparece nas análises, consciente ou inconscientemente. Sinceramente, acho que isso acontece muito”, opina. 

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Gianturco explica que é um fenômeno histórico as universidades e a mídia, em geral, estarem fortemente posicionadas à esquerda no espectro político, isolando-se dos valores e opiniões dos cidadãos comuns. Segundo Gianturco, os autores que se dedicam a estudar o problema oferecem dois tipos de resposta a essa pergunta. “Esses autores basicamente explicam isso por dois motivos: ignorância econômica e inveja social. A elite intelectual falha em entender como o processo de mercado ajuda exatamente os mais pobres – e acaba usando o poder da retórica contra os empresários para justificar seu menor sucesso econômico. Além disso, agora passamos por um processo de extremização da mídia de esquerda”, opina. 

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No início de agosto, Gianturco teve um artigo publicado nesta Gazeta do Povoanalisando pesquisas de 2017 que já apontavam a diminuição da importância relativa da televisão na formação da convicção política das pessoas. Mas, naquela ocasião, o cientista político apontava um problema que persiste: a falta de um mercado livre na compra de publicidade eleitoral que possa sinalizar a importância de cada meio. 

“Nos Estados Unidos, onde os partidos compram espaços nas redes de televisão e veiculam os próprios anúncios, sabemos que eles já gastam mais on-line que em televisão. É o velho problema do cálculo econômico: sem um sistema de preços livres, não há como se organizar e os mesmos partidos não têm incentivo para medir o real impacto de um espaço que é dado ‘gratuitamente’”, escreveu. 

Avaliando os resultados do primeiro turno, Gianturco pondera que a emergência da internet desloca parte das formas tradicionais de poder e chega para competir com o dinheiro, a máquina estatal, os palanques e as alianças partidárias – mas não vai fazer milagres. “A internet é uma nova variável, mas pensar que a elite política vai ficar inerme a isso é um erro”, pondera. 

Uma explicação: o que não viram 

“As pessoas riam da minha cara quando eu dizia há dois anos que o Bolsonaro seria eleito. Seus colegas jornalistas, também. Mas de fato é difícil prever essas coisas”, diz Gianturco. Para o cientista político, porém, havia alguns fatores que eram bons indicativos do resultado que sairia das urnas: o movimento liberal-conservador na internet; o antipetismo; a crise político-econômica prolongada, que em geral leva aos extremos do espectro político; a liderança carismática de Bolsonaro; a aderência prematura dos mais ricos e escolarizados ao então pré-candidato, o que já era apontado pelas pesquisas desde 2016. 

Maurício Moura, presidente do Ideia Big Data, também já apontava os fatores que acabariam por surpreender muitos brasileiros. “O que eu já via há mais de um ano era, primeiro, uma aversão muito grande à classe política brasileira, que é legado da Lava Jato. Segundo, que o tema da segurança pública deixou de ser um monopólio estadual para ser um tema nacional que ganhou contornos nacionais ainda mais acentuados com a intervenção federal no Rio de Janeiro. Para completar, havia uma indignação muito grande com a economia”, diz.

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“O primeiro aspecto óbvio é que esta seria uma eleição de indignação”, resume. De fato, este era o humor na véspera do primeiro turno, quando o Instituto Datafolha divulgou, em 2 de outubro, uma sondagem que mostrava que 88% dos eleitores se declararam inseguros, 79% tristes, 78% desanimados, 68% com raiva, 62% com medo do futuro e 59% com mais medo do que esperança. Esse mesmo eleitorado é o de pessoas marcadas por um alto grau de desconfiança nas fontes tradicionais de informação e nas instituições políticas. Uma outra pesquisa Datafolha, de 15 de junho, mostrou que apenas 16% das pessoas “confiam muito” na imprensa, enquanto 68% declaravam não ter confiança nos partidos políticos. 

“O Bolsonaro nadava a favor da corrente. Ele reunia os elementos de vir de fora da política – na cabeça do eleitor, quem nunca governou é de fora do sistema –, ele tinha um discurso simples em relação à segurança pública e, além disso, ele tinha um elemento fundamental: a autenticidade. As pessoas estão cansadas dos políticos que fingem”, diz Moura. 

Segundo o cientista político, a mudança de padrão no consumo de informações no país também foi subestimada. O último relatório da Pesquisa Anual do Uso de Tecnologia da Informação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) estima que haja no Brasil 220 milhões de smartphones, um número maior que o da população, estimada hoje em 209 milhões de pessoas. Quando se consideram computadores, notebooks e tablets, a base de dispositivos salta para 394 milhões. De acordo com a Pesquisa TIC Domicílios 2017, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.Br), 61% das residências no Brasil têm acesso à internet e, segundo dados do Facebook, no ano passado havia 120 milhões de contas de WhatsApp no país. 

O acesso ao aplicativo de mensagens, porém, já não precisa de acesso a Wi-Fi ou mesmo à rede de dados da maioria dos planos pré-pagos no Brasil. E a televisão não passou incólume nesse processo. De acordo com um levantamento próprio do presidente do Ideia Big Data, em 2008, o pico de audiência do programa eleitoral em São Paulo e no Rio de Janeiro foi de 22 pontos. Em 2018, de apenas 4. Além disso, o uso de celulares gerou ainda uma profunda mudança de hábito que tem impactos consideráveis não só sobre a atenção ao horário eleitoral, mas às inserções de 30 segundos das candidaturas nos comerciais, uma das grandes apostas da campanha de Geraldo Alckmin e de alguns analistas. 

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Evidências dessas mudanças não faltam. Um estudo etnográfico encomendado pelo Facebook e realizado pela Ipsos mostrou que 53% dos brasileiros olham para o celular durante os intervalos comerciais. Apenas 20% olham para a TV nesse período. Mesmo quando a tevê está ligada durante a programação regular, 20% dos brasileiros preferem olhar o celular para trocar mensagens com amigos e familiares ou acessar as redes sociais. É nesse palco que debutou o WhatsApp. 

WhatsApp: a estrela da festa? 

“Uma coisa que eu já havia observado na Colômbia e no México é que toda a eleição passou pelo WhatsApp”, diz Moura. “O sonho do pobre no Brasil é ter um smartphone com WhatsApp. É uma ligação de graça e uma libertação: o acesso da pessoa ao mundo. Até existem grotões miseráveis do Brasil que não têm celular, mas são cada vez em menor número, e não é isso que decide a eleição”, afirma. 

Para o cientista político Renato Dolci, especialista em Big Data e presidente da BTB, embora a “onda Bolsonaro” já pudesse ser vista, a maioria dos analistas não percebeu o impacto que ela poderia ter nas eleições proporcionais. “As pesquisas de opinião conseguiam capturar um movimento pró-Bolsonaro forte, mas foi um pouco difícil entender quais seriam os efeitos disso no legislativo. Isso certamente foi uma falha de previsão. Outro ponto é que a divulgação maciça de conteúdo nas redes é muito fácil, tem custos baixos”, diz. 

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Não é possível ter acesso agregado aos conteúdos que circulam no WhatsApp, por causa da criptografia de ponta a ponta, mas quem se dedica ao tema consegue criar algumas métricas quantitativas. Fazendo uma varredura para encontrar os links de entrada em grupos públicos de WhatsApp, é possível encontrar, por exemplo, todos os grupos públicos com o nome “Bolsonaro” ou derivações. 

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Usando essas ferramentas, Dolci estimava, na segunda semana de campanha para o segundo turno, a existência de 6 mil grupos nacionais de Bolsonaro contra cerca de 800 de Fernando Haddad (PT). Desde o final do primeiro turno até aquele momento, haviam surgido 2 mil novos grupos de Bolsonaro e 150 de Haddad. 

Como essa avalanche impactou no eleitorado é uma pergunta que os institutos de pesquisa procuraram fazer, mas para a qual não se têm respostas claras ainda. No dia 2 de outubro, o Datafolha divulgou uma pesquisa mostrando que 81% dos eleitores de Bolsonaro tinham conta em redes sociais, dos quais 61% liam notícias no WhatsApp – 40% deles afirmaram compartilhar notícias de política no aplicativo. Entre os eleitores de Haddad, esses números eram, respectivamente de 58%, 38% e 22%. 

Já na esteira da denúncia da Folha de São Paulo de que empresários teriam bancado disparos de WhatsApp criticando o PT, o Ibope divulgou uma sondagem mostrando que 73% dos eleitores negavam ter recebido conteúdo crítico às campanhas presidenciais no WhatsApp e 75% negaram ter tido seu voto influenciado pela plataforma. Entre os que receberam esse tipo de conteúdo, 18% afirmaram ter recebido críticas a Haddad e o mesmo número, a Bolsonaro. 

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Cientista político e professor da ESPM e da UERJ, Fábio Vasconcellos detalhou os dados e afirma que eles revelam uma espécie de efeito de saturação nos eleitores. “Quanto maior a renda, e quanto maior a escolaridade, maior a possibilidade de receber informações críticas aos candidatos pelo WhatsApp”, explica Vasconcellos. 

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“Mas as pessoas que acusam maior possibilidade de mudar de voto por essas informações são justamente as que receberam menos informações. O efeito da notícia que chega por WhatsApp está batendo com a hipótese clássica da ciência política: tende mais a reforçar sua predisposição eleitoral do que fazer uma conversão de voto”, analisa. 

Outro ponto enfatizado tanto por Moura quanto por Dolci é que a mudança de hábitos do eleitor, puxada pelo cenário eleitoral, resultou em um maior número de eleitores que ainda chegaram indecisos à reta final do primeiro turno, o que provavelmente explica a onda de “viradas” nas corridas para o Senado e governos estaduais. “Com base nos dados do Google Trends, havia dezenas de milhões de brasileiros pesquisando seus candidatos às 8h da manhã do dia 7 de outubro [data do primeiro turno]”, diz Dolci. 

Matizando o cenário: comunicação em rede 

“As pessoas subestimaram a internet, mas não se deve cair no oposto de achar que só uma coisa vai ganhar as eleições daqui em diante, como muitos fizeram com o tempo de televisão do Alckmin”, diz Francisco Brito Cruz, diretor do InternetLab, centro de pesquisas sobre direito e internet. 

Quem também tem trabalhado com o que chama de modelo híbrido de comunicação política é Fábio Vasconcellos. “Na eleição, nós tivemos um candidato que usou a TV para colar no [ex-presidente] Lula e outro que está muito forte nas redes e no WhatsApp”, resume. 

Na campanha de Bolsonaro, Vasconcellos também avalia que os efeitos gerados pela facada não podem ser desprezados. “Ela gerou um componente de humanização de um candidato que era criticado por ser desumano em suas posições e gerou horas e horas de exposição em telejornal”, diz. 

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Mesmo o peso das redes sociais, na visão de Brito Cruz, não é homogêneo. O diretor do InternetLab reconhece que o debate sobre o WhatsApp esquentou na reta final da campanha, principalmente depois da denúncia da Folha de São Paulo, mas destaca o papel das outras redes no ambiente político brasileiro. “O YouTube, por exemplo, teve um papel de formação política muito intenso no movimento conservador nos últimos anos”, afirma. 

Foi no YouTube, por exemplo, que o filósofo conservador Olavo de Carvalho, radicado nos Estados Unidos desde 2005, começou a disseminar as ideias que hoje correm nos grupos de WhatsApp e chegaram à boca do próprio presidente eleito. Na primeira live depois de eleito, além da Constituição, da Bíblia e de um livro de memórias do ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill (1940-1945; 1951-1955) , Bolsonaro tinha na mesa a coletânea de artigos de Olavo de Carvalho O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota, lançada em 2013 pela editora Record.

É comum também que vídeos de YouTube circulem em aplicativos de mensagens. Muitos dos deputados eleitos – como Joice Hasselmann (PSL-SP), Kim Kataguiri (DEM-SP), Artur “Mamãe Falei” (DEM-SP), André Fernandes (PSL-CE), Nelson Barbudo (PSL-MT), Bia Kicis (PRP-DF), entre outros – já acumulam alguns anos de militância virtual conservadora na rede. O espaço não parece ainda estar saturado: entre janeiro e outubro deste ano, o canal do ensaísta conservador Bernardo Küster ganhou cerca de 350 mil novos seguidores e já bateu a marca dos 500 mil inscritos. 

A plataforma tampouco viu diminuir sua importância durante o período eleitoral. Um relatório da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV/DAPP) mostrou que, apenas na semana seguinte ao primeiro turno, o número de vídeos no YouTube sobre os candidatos à Presidência superou o volume dos três meses anteriores somados. Os 991 vídeos identificados geraram 118 milhões de visualizações no período. 

Jair Bolsonaro estava presente em 63% deles, dos quais 48% foram classificados como positivos para sua imagem ou propostas. Entre os vídeos que citavam Fernando Haddad, 50% foram classificados como críticos a sua imagem ou propostas. De todos os vídeos, 88% eram de conteúdo próprio da plataforma e apenas 12% de reprodução de conteúdo televisivo. 

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“O ambiente de mídia hoje no Brasil não é dominado pelo WhatsApp ou pelo Facebook, ele é um ambiente híbrido em que cada uma das mídias tem uma importância particular e diferente”, resume Brito Cruz. De fato, se o WhatsApp tinha 120 milhões de usuários em 2017, o Facebook atingiu 127 milhões de usuários ativos no primeiro trimestre de 2018. Dos acessos, 90% vêm de smartphones. 

“Comparando com o passado, é óbvio que temos uma eleição muito mais digital e dependente do celular, mas em termos absolutos é muito difícil dizer que algum meio teve um papel preponderante”, diz Brito Cruz. “É possível dizer que o debate sobre corrupção estruturou grande parte do debate político nessas eleições – mas esse debate sobre corrupção foi o que estruturou a pauta das linhas editoriais de todos os veículos de mídia tradicional nos últimos 20 anos. Nesse contexto, não dá para dizer que a mídia tradicional não influenciou as eleições”, exemplifica. 

Facebook: um esquecido? 

Antes das eleições, a grande discussão sobre o papel da internet no pleito se dava ao redor do Facebook. A ênfase era compreensível em razão do escândalo da Cambridge Analytica, uma empresa de marketing digital que minerou irregularmente dados da plataforma, cruzou-os com modelos psicológicos e criou uma estratégia de microdirecionamento de marketing político. A estratégia foi usada pela campanha de Donald Trump nos Estados Unidos. 

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A Cambridge Analytica encerrou suas atividades em maio deste ano, mas o trauma ficou. A lei eleitoral brasileira e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dedicaram-se a regulamentar com especial afinco a propaganda política no Facebook e a própria plataforma tomou a dianteira no combate à desinformação. Excluiu redes de perfis que violavam sua política de autenticidade e fechou uma parceira com agências de fact-checking para checar conteúdos e diminuir o alcance de informações classificadas como falsas. 

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Ninguém poderia negar a força de Bolsonaro e de seus satélites no Facebook, principalmente tendo em vista as lives de um candidato afastado das ruas pela facada, mas dados preliminares apontam que, na plataforma, se saiu melhor quem já vinha investindo nela há tempos. “O Facebook foi menos usado do que se pensava, porque as campanhas tiveram menos dinheiro de forma geral. As campanhas dos 513 deputados federais eleitos gastaram juntas, em anúncios no Facebook declarados à Justiça Eleitoral até agora, R$ 4 milhões”, avalia Brito Cruz. 

O InternetLab está terminando de compilar os dados sobre o uso da plataforma para um relatório que será lançado em breve. “Uma coisa que foi tão importante quanto o dinheiro é o engajamento orgânico que as páginas já tinham antes do período eleitoral. A campanha do Bolsonaro não gastou com anúncio no Facebook declarado”, diz. 

Brito Cruz também adianta que as páginas satélites de direita e os candidatos do PSL ao Congresso também gastaram pouco com anúncios no Facebook – e, quando gastaram, deram preferência aos “santinhos digitais” –, porque já tinham um número de seguidores e um engajamento digital forte anterior ao período eleitoral. Por outro lado, candidatos que gastaram mais com anúncios na plataforma, como a campanha de Geraldo Alckmin e Henrique Meirelles (MDB), não viram o gasto se reverter em votos. “Marketing funciona quando você tem um produto que as pessoas querem comprar”, afirma o diretor do InternetLab.

Ouça o Podcast Ideias #78 - Como Olavo de Carvalho se tornou o intelectual mais poderoso do país:

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