É inacreditável perceber que, mesmo com as imagens da crise Venezuela nas telas de TV do mundo inteiro, o governo dos Estados Unidos corre o risco de se degenerar no mesmo experimento socialista que causou tanto sofrimento e tragédia no país sul-americano.
A eleição mostrará o que os americanos realmente querem
Recentemente, tanto o Partido Democrata quanto certos deputados do Partido Republicano têm se aproximado do socialismo. Os democratas estão selecionando candidatos para a próxima eleição presidencial que explicitamente defendem políticas socialistas.
Veja a crescente exigência por educação e saúde gratuitas e os pedidos para que a desigualdade de renda seja resolvida, bem como os clamores por impos punitivos contra os mais ricos a fim de se alcançar esse objetivo. A retórica relacionada a isso tudo pede que muitos bens e serviços sejam produzidos à custa dos contribuintes. À medida que as eleições se aproximam, tais exigências estão se tornando assustadoramente mais gritantes.
Talvez os que propõem tais medidas devessem se lembrar do que Karl Marx, arquiteto do socialismo e do comunismo, disse há muito tempo: “Só há uma forma de matar o capitalismo – impostos, impostos e mais impostos”. Melhor se lembrar das palavras do filósofo grego Aristóteles: “A pior forma de desigualdade é tentar transformar os desiguais em iguais”.
A Venezuela socialista está sofrendo
Na Venezuela atual, ironicamente um país que se orgulha de ter as maiores reservas de petróleo no mundo, as consequências das políticas socialistas são evidentes. A agência para refugiados das Nações Unidas (UNHCR) diz que o êxodo Venezuela chega a quase três milhões de pessoas desde 2015. Atualmente, cerca de cinco mil venezuelanos deixam o país todos os dias rumo aos países vizinhos.
Quando comecei a escrever este texto, a inflação na Venezuela era de mais de 2 milhões por cento; ela já chegou a 10 milhões por cento, de acordo com o Fundo Monetário Internacional, e os relatórios mais recentes das Nações Unidas dão conta de que 94 por cento dos venezuelanos vivem na pobreza. O preço dos bens e serviços explodiu e agora estão longe do alcance da maioria das pessoas. Há ainda uma preocupante escassez de remédios e produtos básicos.
Mas a Venezuela não é exceção. Ela é um exemplo extremo dos danos causados em todos os lugares e sempre que projetos socialistas ou comunistas foram implementados. Além do inevitável empobrecimento sócio-econômico, a história é testemunha da tragédia causada em termos de miséria humana e assassinatos. Como na Venezuela, em todos os lugares apenas a Nomenklatura socialista/comunista continua sendo poupada dessas consequências trágicas.
A trilha sanguinolenta de morte sob a liderança comunista é objetivamente verificável: em seu livro Unnatural Deaths in the USSR [Mortes não-naturais na URSS], I.G. Dyadkin chega a um número que varia entre 56 e 62 milhões de mortes não-naturais sob o governo de Josef Stálin, sendo que 34 e 49 milhões de mortos estavam diretamente associados a ele.
Solzhenitsyn e o Muro de Berlim
O renomado escritor Aleksandr Solzhenitsyn, autor de Arquipélago Gulag, defende uma teoria com provas sólidas de que esse número pode chegar a 60 milhões de mortes. Na China, à medida que Mao Tsé-Tung liderava a marcha chinesa rumo ao Nirva comunista, ele e seus camaradas foram responsáveis por 78 milhões de mortes, incluindo 45 milhões de pessoas mortas em apenas quatro anos, durante o Grande Salto para Frente. No Camboja, com Pol Pot na dianteira do regime comunista, dois milhões de pessoas morreram entre 1975 e 1979. Em Cuba e países do antigo Pacto de Varsóvia, havia uma tendência semelhante a promover eventos igualmente assassinos. O Livro Negro do Comunismo, de Stephane Courtois, detalha muitas dessas atrocidades inenarráveis.
Aí houve o maior acontecimento histórico do século XX: a queda do Muro de Berlim, em 1989. Isso deu origem a um efeito dominó por toda a Europa Oriental, com as pessoas espontaneamente derrubando os regimes socialistas. Na teoria e na prática, a ideologia socialista caiu em profundo descrédito. Esses acontecimentos ainda estão frescos na memória.
Ainda assim, o velho dito segundo o qual “os homens sábios corrigem seus erros pelos erros dos outros” ainda é teimosamente ignorado por aqueles que querem implementar políticas socialistas. Os defensores do socialismo e suas várias versões seguem adiante porque há mentes ingênuas o bastante dispostas a ignorarem as provas de que tal ideologia é algo claramente em descompasso com a natureza humana. Ela nega o espírito empreendedor e deforma a ordem espontânea de um livre mercado.
Em democracias representativas, as políticas assistencialistas funcionam como algo que está no limite do socialismo porque elas parecem altruístas, têm um ar de cuidado pelos indigentes e servem como rede de segurança para os considerados infelizes e indefesos. Mas a verdade é que essa coisa de um governo caridoso não existe. A caridade não pode ser coerciva. Ela não deveria exigir que se usasse porções significativas das rendas obtidas com o suor dos contribuintes. É desonesto e odioso que políticos que defendem tais diretrizes falem em caridade nesses casos. Tais medidas põem um país no “caminho da servidão”, com teria dito o economista e vencedor do Prêmio Nobel de Economia Friedrich A. Hayek.
Não existe almoço grátis
Nada é gratuito!
Os defensores de medidas coletivistas deveriam parar e pensar nas sábias palavras de um descendente de escravos, o renomado economista norte-americano Walter A. Williams, nas quais ele diz que “a igualdade diante das regras gerais da lei é o único tipo de igualdade que leva à liberdade e que pode ser garantida sem a destruição da liberdade”.
Em última análise, ninguém pode dizer que o desejo de liberdade está impresso no DNA na espécie humana. Sobretudo na arena econômica, a liberdade define o livre mercado – a proteção da propriedade privada, a escolha pessoal, a responsabilidade pessoal e a liberdade de concorrência. As provas são claras de que a liberdade, refletida nos livres mercados, realmente liberta. Por outro lado, socialistas como Bernie Sanders, Kamala Harris, Jeremy Corbyn, Nicolas Maduro e outros ao redor do mundo só conseguirão gerar pobreza e conflito.
Alcançar o ideal de uma distribuição igualitária de bens no mundo é usar da inveja e da ganância que põem em perigo a harmonia e a paz econômica. Em última análise, isso é extremamente imoral porque propõe institucionalizar o roubo por meio do voto político.
Eis as emocionantes palavras de Hans F. Sennholz – que presidiu a Foundation for Economic Education – escritas no periódico The Freeman em agosto de 1992.
Temba Nolutshungu é diretor da Free Market Foundation (FMF).
Tradução de Paulo Polzonoff Jr.
©2019 Foundation for Economic Education. Publicado com permissão. Original em inglês.
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