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Os alunos de ensino médio de Parkland, Flórida, agora estão sendo exibidos por defensores do desarmamento como novas autoridades nos malefícios da Segunda Emenda | Don Juan MooreAFP
Os alunos de ensino médio de Parkland, Flórida, agora estão sendo exibidos por defensores do desarmamento como novas autoridades nos malefícios da Segunda Emenda| Foto: Don Juan MooreAFP

As crianças são inocentes ou líderes?

Os adolescentes são totalmente autônomos para tomar decisões ou são massas de argila mental ainda sendo moldadas no processo de desenvolvimento do cérebro? 

A Esquerda parece ter uma grande dificuldade para decidir isso, atualmente. Consideremos, por exemplo, os alunos de ensino médio de Parkland, Flórida, que sobreviveram ao massacre que matou 17 pessoas. Eles agora estão sendo exibidos por defensores do desarmamento como novas autoridades nos malefícios da Segunda Emenda. Aparentemente, todos os grandes veículos de mídia incluíram comentários de crianças entre 14 e 17 anos que frequentavam a Marjory Stoneman Douglas High School. A CNN preparou um especial completo em horário nobre com os colegas e pais das vítimas e membros da comunidade intitulado “Stand Up: The Students of Stoneman Douglas Demand Action” (“Levante-se: Os estudantes de Stoneman Douglas exigem ação”, em tradução livre). 

Alguém me diga, por favor, o que esses estudantes fizeram para conquistar tanta autoridade? De acordo com a Esquerda, apenas porque estavam presentes durante um massacre agora eles têm a opinião mais acertada sobre a questão. Há um motivo para os produtores da CNN estarem ansiosos para colocar o menor Cameron Kasky na frente das câmeras: ele diz coisas como “você está conosco ou contra nós”. É absurdo acreditar que, se Kasky estivesse defendendo mais armas nas escolas, a CNN interromperia o horário nobre da programação para divulgar suas opiniões. 

As opiniões antiarmas desses estudantes definem sua capacidade, de acordo com a Esquerda. É por isso que o professor do Direito em Harvard, Lawrence Tribe, sugeriu nesta semana, em reação à pressão dos jovens pelo desarmamento, de forma irônica, que a idade para votar diminua para 16 anos. Tribe disparou: “Adolescentes entre 14 e 18 anos têm detectores de mentira melhores, em média, do que ‘adultos’ acima de 18 anos... #Children’sCrusade (#CruzadaInfantil, em tradução livre)?”.

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Maturidade variável 

Isso também é verdade quando se trata de questões sobre sexo e sexualidade. A Esquerda frequentemente pede mais autonomia sexual para os jovens: eles declaram que as leis que restringem o acesso de menores a aborto são inconstitucionais, que as crianças têm a capacidade de se declararem preparadas para transição de gênero, e que os pais que discordam devem ser colocados de lado. Nesta semana, um juiz em Ohio determinou que a guarda de uma menina de 17 anos sofrendo de disforia de gênero deveria ser entregue aos avós em vez dos pais porque os pais se opuseram ao conselho dos médicos de que ela deveria passar por tratamento hormonal e cirurgia. Essa lógica provavelmente será utilizada ainda mais no futuro. 

Mas as mesmas pessoas da esquerda que declaram que crianças são totalmente capazes de tomar decisões de repente voltam atrás em se tratando de posse de armas. Agora, legisladores de esquerda declaram que a idade legal para a compra de armas deve aumentar para 21 anos. Eles proclamam que as “crianças” estão em desvantagem se forem removidas dos planos de saúde dos pais antes de completarem 26 anos. Eles sugerem que o sistema de justiça e criminal deveria tratar jovens adultos com uma margem de manobra maior do que trata adultos mais maduros porque o desenvolvimento cerebral não é completado totalmente até os 25 anos. 

Então, qual é a verdade? As crianças são bens a serem protegidos ou são adultos em corpos pequenos? Elas são seres sexuais ou são inocentes? Elas são agentes racionais ou ainda estão se desenvolvendo emocionalmente? 

A resposta parece ser relativamente simples: crianças e adolescentes não são agentes totalmente racionais. Elas não são capazes de exercer responsabilidades supremas. E nós não deveríamos estar tratando inocência como um bem político usado para avançar a agenda de agentes mais sofisticados. 

A responsabilidade é de quem? 

Mas a Esquerda não aceita tal delimitação. Isso acontece porque, para a Esquerda, o status de agente racional, ou até de especialista, não é a maior qualificação de relevância política: é a emoção. E as crianças são tão capazes de resposta emocional quanto qualquer outra pessoa. Então deveríamos dar margem total para as crianças expressarem suas emoções de qualquer modo que acharem apropriado, e deveria ser nosso trabalho incentivá-las o quanto pudermos aguentar – até mesmo incluindo considerações para políticas. 

Isso é um estilo horrível de criação, e pior ainda de governo. 

Essa discussão sobre o envolvimento político dos jovens deixa de lado um elemento crucial: a responsabilidade de pessoas mais velhas em ajudar a incutir conhecimento e raciocínio nos jovens. O motivo principal para os jovens serem geralmente menos capazes de tomar decisões com firmeza é que os centros emocionais do cérebro são mais desenvolvidos do que os centros racionais. E é necessário treinamento para utilizar completamente o que o psicólogo Daniel Kahneman chama de Sistema 2 – a parte analista do cérebro. Deixar a tomada de decisões individuais, ou até políticas gerais, para os jovens – que respondem mais fortemente ao Sistema 1, as áreas mais intuitivas e emocionais do cérebro – podem ser uma estratégia política inteligente. Afinal, todos respondemos intuitivamente a slogans e apelos emocionais. Mas isso cria políticas erradas. 

Mas talvez seja esse o ponto. Se pudermos transformar as crianças em nossos tomadores de decisões, podemos infantilizar nossas políticas para simples declarações como “você está conosco ou contra nós” a respeito da prevenção de massacres em escolas. E essa infantilização certamente ajuda em época de eleições.  

Ben Shapiro é editor-chefe do Daily Wire.

©2018 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

Traduzido por Andressa Muniz.

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