A canadense Alanis Morissette teve uma das estreias mais explosivas da música: seu primeiro álbum, Jagged Little Pill, está até hoje entre os 15 discos mais vendidos da história. Com melodias marcantes cantadas em uma voz poderosa, o disco trazia uma qualidade musical única e, ao mesmo tempo, um retrato sem retoques de uma jovem desbocada e rebelde. Vinte e cinco anos depois, muita coisa mudou, menos a qualidade musical. Que bom.
Aos 46 anos de idade, Alanis amadureceu. A maior prova disso é a sua mais nova música de trabalho da cantora, “Ablaze”. A canção é uma espécie de carta da artista aos filhos, dois garotos e uma garota entre um e dez anos de idade. Ao seu modo, a cantora fala sobre a importância dos laços familiares. “Esse cordão é inquebrantável. Essa ligação, mais do que irremovível”, diz ela, em um trecho da letra..
Ao se dirigir aos filhos, a artista se dispõe a ensinar algumas coisas sobre a vida: uma delas é que o mundo não é cor-de-rosa: existe conflito e divisão entre as pessoas. Mas, mais importante de tudo, a família é uma referência de estabilidade em um mundo onde tudo o mais é transitório: “A primeira coisa que você vai notar é que tudo é temporário. A próxima coisa que você vai notar é que nós sempre seremos uma família”, diz a música.
A letra até mesmo reafirma o que hoje se convencionou chamar de “estereótipo de gênero”, mas na verdade é a simples constatação das diferenças naturais entre meninos e meninas. Quando se dirige aos filho, ela descreve “toda essa energia tão selvagem” e fala em “um guerreiro gentil”. Quando se dirige à garota, ela fala em “inocência” e promete que o “ninho” do lar sempre vai estar lá. Para as três crianças, Alanis faz uma promessa que dá nome à música: “Minha missão é manter a luz nos seus olhos acessa”.
No videoclipe oficial da música, a rebeldia da jovem Alanis também desaparece. A cantora se mostra em meio a sua família tradicional: um casamento de dez anos, pais atenciosos e crianças brincando em meio a uma sala com brinquedos espalhados ou em um pula-pula no quintal.
O amadurecimento, aliás, não foi só de Alanis Morissette..
Bon Jovi, que acaba de estrear seu álbum 2020, lançou uma canção singela sobre o amor paterno e materno: “Story of Love” conta, do começo ao fim, a bela relação entre pais e filhos. Talvez a parte mais tocante (e descontando o fato de que John Bon Jovi não é William Shakespeare), sejam os versos finais, quando o ciclo da vida se inverte e os filhos precisam cuidar dos pais:
“Agora eles estão envelhecendo e você não é tão jovem
Então você cuida deles como suas filhas e filhos
Você pode pedir perdão, eles podem fazer o mesmo
Esqueça toda a angústia, a mágoa, a dor”.
Alanis Morissette e Bon Jovi não se converteram a uma igreja pentecostal nem pretendem se filiar ao Partido Republicano. Apenas constataram uma verdade óbvia, mas com frequência ofuscada pelas luzes do dinheiro, da fama e do sexo fácil, hoje onipresentes no mundo do entretenimento: a família é o começo e o fim de tudo.
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