Apesar do que dizem os protestos e as manchetes de jornal, os números insistem em mostrar que a liberdade econômica é melhor do que o socialismo.| Foto: Divulgação

Não dá para ignorar. O capitalismo tem uma imagem ruim.

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Na sexta-feira (29), milhares de manifestantes anticapitalistas foram às ruas em importantes cidades do mundo. Usando máscaras inspiradas no personagem do filme V de Vingança (a maioria fabricada na China), os manifestantes autointitulados que se consideram “antissistema” participaram da Marcha das Milhões de Máscaras anual e buscaram expressar sua insatisfação com o sistema capitalista e as injustiças que ele supostamente gera.

Grandes protestos anticapitalistas como os que foram vistos na sexta-feira não são incomuns, claro. Em agosto, a polícia francesa usou canhões d´água e gás lacrimogênio para dispersar milhões de manifestante anticapitalistas que protestavam a cidade litorânea de Bayonne durante a reunião do G7 que era realizada num resort ali perto.

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Mas não é apenas em protestos que vemos o desdém pelo capitalismo. Nos jornais há manchetes como “O capitalismo está em crise”, “O capitalismo está fracassando” e, recentemente, “O capitalismo está morto” — em referência a uma frase do bilionário CEO da Salesforce, Marc Benioff, que fez fortuna graças ao sistema capitalista.

A opinião pública sobre o socialismo

O ataque constante ao capitalismo em nossa imprensa e ruas culminou uma pesquisa recente realizada pelo instituto YouGov mostrando que quase metade de todos os millennials e membros da chamada Geração Z têm uma visão positiva do socialismo. A mesma pesquisa descobriu que mais de 70% dos millennials poderiam votar num candidato socialista.

Ser socialista está na moda, assim como está moda exaltar os males do capitalismo. Mas essa condenação persistente do capitalismo se sustenta depois de uma análise?

Todos os anos, o Fraser Institute, um grupo de estudos canadense, publica o relatório Liberdade Econômica do Mundo para descobrir quais os países mais livres (isto é, mais capitalistas) do mundo. O relatório lista o nível de liberdade de 162 economias usando 43 índices como tamanho do governo, sistema jurídico, direito à propriedade privada, moeda forte, liberdade de comércio exterior e regulamentações.

A ideia por trás do relatório é a de que se você conseguir identificar os países mais capitalistas do comum, você pode depois usar essa informação para saber se os países mais capitalistas têm resultados melhores para os cidadãos em comparação com os países mais socialistas (ou menos livres). Para analisar essa correlação entre liberdade econômica e bem-estar, o relatório divide os 162 países em grupos com base em seu nível de liberdade econômica. E os resultados são impressionantes.

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A renda média entre os países mais livres é seis vezes maior, em termos reais, do que a renda média nos países menos capitalistas (US$36.770 e US$6.140, respectivamente). Entre os mais pobres, essa diferença é ainda maior. Os 10% mais pobres nos países capitalistas ganham, em média, sete vezes mais do que os 10% mais pobres nas economias menos livres.

Da mesma forma, mais de 27% das pessoas nas economias mais socialistas vivem na pobreza extrema (definida pelo Banco Mundial como uma renda inferior a US$1,90 por dia), enquanto apenas 1,8% das pessoas nas economias mais livres vivem na extrema pobreza – número que ainda é alto demais (o ideal seria zero), mas muito melhor do que o nível que persiste nos países menos livres.

Comparando as economias capitalistas e socialistas

Deixando de lado os números, as pessoas que vivem nos países mais capitalistas também vivem, em média, 14 anos mais, têm uma taxa de mortalidade infantil seis vezes menor, gozam de mais liberdades políticas e civis e, até onde é possível medir esse tipo de coisa, são também mais felizes em comparação com as economias menos capitalistas.

Pegue Hong Kong, a economia mais livre do mundo. Em 1941, a jornalista e escritora Martha Gellhorn visitou a cidade-estado com o marido, o também escritor Ernest Hemingway, e escreveu: “a Hong Kong de verdade (...) tem a pobreza mais cruel, pior do que qualquer coisa que já vi. Pior ainda por causa de um ar de eternidade; a vida sempre foi assim e sempre será”. Mas poucos anos depois da visita de Gellhorn, a rendição dos japoneses em 1945 fez com que os britânicos voltassem a governar a ilha e, com isso, o liberalismo passou a ser implantado na economia da cidade.

Em 1950, o cidadão médio de Hong Kong tinha renda equivalente a apenas 36% da renda do cidadão médio no Reino Unido. Mas, à medida que Hong Kong aceitou a liberdade econômica (de acordo com o relatório, Hong Kong é considerado a economia mais capitalista do mundo todos os anos desde 1970), ele se tornou mais rico. Hoje, a renda per capita de Hong Kong é 68% maior do que no Reino Unido. Como escreve Marian Tupy, editora do site HumanProgress.org, “a pobreza que Gellhorn testemunhou desapareceu – graças à liberdade econômica”.

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Podemos ver diferenças ainda maiores quando comparamos países capitalistas e países socialistas: Chile x Venezuela, Alemanha Ocidental x Alemanha Oriental, Coreia do Sul x Coreia do Norte, Taiwan x China maoísta, Costa Rica x Cuba, e assim por diante. (Sim, eu sei, nenhum desses exemplos são socialistas “de verdade”. Se bem que eles são sempre socialistas de verdade, até deixarem de ser).

Exaltar os males do capitalismo num cartaz ou numa manchete de jornal é uma moda que não parece prestes a desaparecer, mas, quando nos depararmos com ideias sem base como essas, temos de nos lembrar de que os dados simplesmente não sustentam os anticapitalistas.

Alexander C. R. Hammond é pesquisador de um grupo de estudos de Washington D.C. e membro da African Liberty. Ele também é colaborador da Young Voices e costuma escrever sobre liberdade econômica, desenvolvimento da África e globalização.

© 2019 Veículo. Publicado com permissão. Original em inglês

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