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O presidente Joe Biden está fazendo o impensável. No 20º aniversário do dia sombrio em que os terroristas atacaram a cidade de Nova York e Washington, D.C., ele — mais do que qualquer outro líder mundial — está preparando o caminho para o próximo 11 de setembro.
O 11 de setembro de 2021 deve ser, acima de tudo, um dia de lembrança, uma reflexão sobre a perda, uma homenagem à bravura e um novo compromisso com nossa firme decisão de nunca mais deixar isso acontecer. E, sem dúvida, o presidente invocará essa mensagem em cerimônias em Nova York, Washington e Shanksville, Pensilvânia.
O que a maior parte do mundo prestará atenção, no entanto, são as ações do presidente.
Agora, após o colapso catastrófico do Afeganistão e a humilhante retirada americana, Biden está tentando salvar os interesses dos Estados Unidos ao envolver, capacitar e fortalecer o Talibã.
Para ser justo, Biden não está sozinho. Os chineses, os russos, alguns europeus e o secretário-geral da ONU estão se preparando para trabalhar com o novo regime.
O presidente pode acreditar que este é o caminho mais seguro e sábio. Mas, à primeira vista, parece um apaziguamento desavergonhado.
O Talibã invadiu um país e derrubou um governo eleito. Seu histórico de direitos humanos é terrível. Domina o tráfico ilegal de narcóticos no Sul da Ásia.
Envolvê-lo seria a mesma coisa que fazer diplomacia com os cartéis depois caso eles derrubassem o governo mexicano. O Talibã deve ser tratado como um pária internacional, não como um governo aceitável.
É chocante como os porta-estandartes das “normas” internacionais podem descartar tão alegremente — bem, as normas internacionais. De uma só vez, eles estão fazendo mais para minar uma ordem internacional responsável do que os tweets maldosos do ex-presidente Donald Trump já fizeram.
No entanto, este não é o pior aspecto em que Biden está liderando a comunidade internacional.
O Talibã tem relações operacionais com a Al-Qaeda, o Serviço de Inteligência do Paquistão e a rede Haqqani. Empoderá-lo não fará com que ele renuncie a esses relacionamentos. Ceder ao Talibã o tornará mais resistente à pressão ocidental, não menos.
O Talibã não restringirá as atividades terroristas transnacionais em seu território. Pode acabar com alguns agentes do ISIS-K, mas não vai interferir no Haqqani ou na Al-Qaeda.
A Al-Qaeda verá o retorno ao Afeganistão como uma redenção e o planejamento do próximo 11 de setembro de lá como o cumprimento de sua missão histórica.
Armado com forças armadas mais fortes e bem equipadas, mais dinheiro e mais apoio internacional, o Talibã será menos avesso ao risco ao permitir o terrorismo transnacional, não mais.
Biden tornou o mundo menos seguro, e esse não é o ato que os americanos mereciam no 20º aniversário de sua luta para evitar que outros 11 de setembro aconteçam.