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Patrulha ideológica

Empresas mudam nome de produtos tradicionais para afastar acusações de racismo

Arroz Uncle Ben's
Arroz Uncle Ben"s: marca tradicional vai mudar de nome após acusação de racismo (Foto: BigStock)

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A marca de arroz Uncle Ben’s, à venda nos Estados Unidos desde 1946 e no Brasil desde 1977, vai deixar de existir. A mudança, anunciada nesta quarta-feira (23) pela Mars Food, foi motivada pelos protestos de movimentos como o Black Lives Matter, que considerou a marca racista. O novo nome, Ben’s Original, deve chegar às prateleiras em 2021.

Em um comunicado oficial intitulado “Nós ouvimos. Nós aprendemos. Estamos mudando”, a Mars Food – detentora da marca – explica que, depois de ouvir milhares de consumidores e pessoas associadas à empresa, entendeu “as desigualdades que eram associadas ao nome e ao rosto da marca Uncle Ben’s”. Porém ambos nome e imagem não foram inspirados em pessoas que tiveram suas liberdades suprimidas, como escravos, por exemplo. O rosto em questão era o de um cozinheiro de Chicago, chamado Frank Brown, e o Tio Ben que dá nome à marca foi inspirado em um fazendeiro negro do Texas, conhecido pela qualidade do arroz que produzia.

A remoção do “Tio” e da imagem do homem negro de cabelos brancos ajudará, segundo a Mars Food, a “criar uma iconografia mais igualitária”. Essa mudança, afirma a empresa, “sinaliza nossa ambição em criar um futuro mais inclusivo enquanto mantemos nosso compromisso em produzir o melhor arroz do mundo.” Além da mudança estética, a Mars Food também prometeu ações de inclusão, como dar oportunidades educacionais a empreendedores culinários “de todas as cores” e a estudantes de Greenville, Mississippi, uma das sedes da empresa nos Estados Unidos.

No site oficial da marca no Brasil ainda não há nenhuma referência à mudança do nome Uncle Ben’s. Mas um vídeo que faz parte da campanha publicitária de um risoto de vegetais não está mais disponível porque, segundo o YouTube, a conta que hospedava a peça foi encerrada.

Mudanças nas marcas

Depois da morte de George Floyd e dos protestos que a seguiram, foram anunciadas uma série de mudanças em marcas de produtos em todo o mundo. Além da Uncle Ben's, também devem sair das prateleiras dos supermercados americanos as marcas Aunt Jemima, Mrs. Butterworth e Cream of Wheat. Em comum, as linhas de produtos para panquecas e cereais remetem à figura “mammy”, personagem fictício que remonta à época Jim Crow e que representa a senhora negra que sempre vivia na cozinha e que pode ter servido de inspiração para a Tia Nastácia de Monteiro Lobato.

A Nestlé também anunciou mudanças em suas linhas de doces “Beso de Negra”, “Chico” e “Redskins”. O nome Redskins, tido como referência racista a uma etnia nativa dos Estados Unidos, também fazia parte do nome do time de futebol americano da capital dos EUA. Após reclamações, protestos e pressão dos patrocinadores, os donos da equipe não encontraram solução melhor do que chamar o time de futebol de Washington de “Time de Futebol de Washington.”

Na China, a Colgate também deve promover mudanças na marca de pasta de dentes Darlie, que antes se chamava Darkie e trazia a imagem de uma pessoa fazendo blackface. Apesar da sutil mudança no nome, os caracteres chineses que estampam a caixa da marca dizem, literalmente, “pasta de dente de negros”. No Brasil a marca de esponja de aço “Krespinha” foi retirada do mercado em junho pela Bombril. A ação foi tomada pela empresa após forte repercussão nas redes sociais, e na ocasião o Conselho de Ética do Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) abriu um processo para avaliar o caso. O resultado do julgamento saiu meses depois, com a determinação de que fossem cessadas todas as formas de publicidade do produto, à venda no mercado brasileiro há cerca de 70 anos. A Bombril também recebeu uma advertência do Conar.

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