Quando foi anunciado que Laurel Hubbard, um atleta masculino que se identifica como feminino, foi selecionado para representar a Nova Zelândia no time feminino de levantamento de peso nos Jogos Olímpicos em Tóquio, o fato foi considerado por alguns como uma vitória para o movimento transgênero e “o poder da inclusão”. Outros consideraram injusto tanto para o esporte quanto para os atletas.
Anna Vanbellinghen, uma levantadora de peso feminina da Bélgica, que esperava se qualificar para o mesmo evento de Hubbard, deixou claro que ela “apoiava totalmente a comunidade transgênero”. No entanto, destacou corretamente que os esteroides — que dão aos atletas vantagens injustas — podem ter retido benefícios mesmo anos após o uso.
“Então por que ainda se questiona se duas décadas, da puberdade até os 35 anos, com o sistema hormonal de um homem daria também uma vantagem [na competição contra mulheres]?”, ela perguntou em uma entrevista recente.
O Comitê Olímpico Internacional decidiu em 2015 que atletas transgêneros “que fizeram a transição de masculino para feminino são elegíveis para competir na categoria feminina”, desde que os seus níveis de testosterona estejam abaixo de certo limite por, pelo menos, 12 meses.
Pelo menos dois estudos recentes, e revisados por pares, desafiam esta regra. Um deles, publicado no periódico Sports Medicine, viu que “a vantagem muscular das mulheres transgênero [homens com estrogênio] é apenas minimamente reduzida quando a testosterona é suprimida” por 12 meses. Um segundo artigo de revisão destaca que a vantagem masculina de força permanece mesmo após três anos de supressão da testosterona.
Mas, mesmo se a vantagem da força pudesse ser eliminada, reduzir a definição de “ser humano feminino” para tendo certos níveis de testosterona no seu corpo por um período de tempo completamente ignora a realidade científica de que a genética — e não a testosterona — está na raiz de tudo que diferencia os dois sexos.
Quando homens recebem a permissão para competir em ligas atléticas designadas para as mulheres, as atletas femininas são privadas da oportunidade de uma participação nos esportes que seja segura e justa. Conforme Vanbellinghen disse, “Oportunidades que mudam a vida são perdidas para alguns atletas — medalhas e qualificações para as Olimpíadas — e nós estamos impotentes.”
Ela não está sozinha. Esportes femininos em todos os níveis foram infiltrados pela ideologia transgênero. Aqui estão apenas alguns exemplos de como as mulheres foram afetadas quando são forçadas a competir contra homens:
- No atletismo, o corredor do ensino médio masculino CeCe Telfer ganhou três títulos nos Campeonatos Northeast-10 para mulheres, e recebeu o prêmio de “atleta mais notável”.
- No softball, o jogador masculino Pat (Patrick) Cordova-Goff pegou um dos 15 lugares no time feminino principal de softball do ensino médio da Califórnia.
- No basquete, um homem de 50 anos, com 2,03 metros e 104 kg Gabrielle (Robert) Ludwig fez o time de basquete feminino da Mission College vencer um campeonato nacional com o maior número de rebotes.
- Nas artes marciais mistas, o lutador masculino Fallon Fox quebrou a órbita do olho da lutadora feminina Tamikka Brents e deu a ela uma concussão. Brents disse que ela “nunca se sentiu tão dominada na sua vida”.
- Nos campeonatos de atletismo do estado de Connecticut, dois corredores do ensino médio masculinos, Andraya Yearwood e Terry Miller, ficaram em primeiro e segundo lugares em múltiplos eventos, superando as principais meninas do ensino médio de todo o estado. Yearwood foi premiado “atleta do ano” de Connecticut.
A verdade é que homens superam mulheres em relação à velocidade e à força devido aos hormônios sexuais e à genética inata. Isso tem sido provado consistentemente por pesquisas de longo prazo em atletas de elite quando treinam juntos.
O hormônio sexual testosterona tem um papel importante na regulação da massa óssea, da distribuição de gordura, da massa muscular, força e na produção de células vermelhas que levam a uma maior circulação da hemoglobina. Isso é especialmente verdade durante a puberdade.
Após a puberdade, a concentração da testosterona circulante em homens é 15 vezes maior que aquelas em mulheres de qualquer idade. O resultado é uma clara vantagem masculina no que diz respeito à massa muscular, força e níveis de hemoglobina circulante mesmo após o ajuste para diferenças sexuais em altura e peso.
A genética causa diferenças atléticas. Estudos identificaram mais de três mil genes que são expressados de forma diferente nos músculos esqueléticos de homens e mulheres. Óbvias diferenças ósseas geradas por uma combinação de genética e hormônios existem desde o nascimento; o homem médio é mais pesado e alto que a mulher média e essa vantagem continua, quando controlada no estágio da puberdade, por toda a vida.
A genética explica por que o homem que se identifica como mulher permanece homem, e dar estrogênio a ele não o transforma em mulher. Embora seja verdade que o homem usando estrogênio vai perder massa muscular e impactar outros aspectos de sua fisiologia, não altera a genética; ele permanece homem no nível celular em todos os sistemas do corpo.
De forma similar, uma mulher que se identifica como homem permanece mulher, e dar a ela testosterona não a transforma em um homem. Em termos de genética, ela permanece mulher em um nível celular.
Essas diferenças inerentes ao sexo podem também significar que as mulheres correm maior risco de sofrer lesões atléticas. Por exemplo, fraturas devido a estresse nos ossos longos nas pernas de corredores são mais frequentes entre as mulheres. Atletas masculinos são muito menos suscetíveis devido aos seus ossos mais largos e densos.
Em conjunto, essas discrepâncias tornam as mulheres, em média, incapazes de competir de forma efetiva contra homens em esportes baseados na força ou resistência.
Ciência e senso comum concordam. Quando homens têm a permissão de competir em ligas atléticas designadas para as mulheres, eles privam as meninas e mulheres da oportunidade de uma participação nos esportes que seja segura e justa.
*Michelle Cretella é médica e diretora executiva do Colégio Americano de Pediatras; Quentin Van Meter é médico pediatra endocrinologista e presidente do Colégio Americano de Pediatras.
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