Hoje eu quero falar sobre as provocações de Donald Trump. Estou rindo um pouco, porque muitas pessoas não sabem como lidar com a situação.
Isso tem a ver com quatro temas: a mudança de nome do Golfo do México para Golfo da América; o controle da Groenlândia; a renegociação do Tratado do Canal do Panamá, com a ideia de que ou os panamenhos o reformam ou nós o adquirimos; e, é claro, a transformação do Canadá em um estado americano.
A exegese tradicional de tudo isso é que Trump está agindo como um troll. Em referência a isso, releia "A Arte da Negociação”, um livro escrito por um ghostwriter, "A Arte do Retorno" e "A Arte da Negociação 2". Trump diz que, quando você entra em uma sala para negociar, você deve parecer selvagem e exigir 100%. E então, durante a negociação, a outra parte começará a fazer exigências a você reciprocamente.
Ao fim, você sente que está em uma posição favorável e sai da sala com uma vantagem de 55% ou 60%, e você nunca tira sarro da pessoa. Você a elogia.
Nós vimos isso com a Coreia do Norte no primeiro mandato de Trump. E sob essa lógica, Donald Trump está dizendo ao Canadá: “Bem, vocês não gastam dinheiro para se defender, por assim dizer. Vocês estão sob o guarda-chuva nuclear americano, e o desequilíbrio da balança comercial não é justo, porque vocês têm tarifas sobre nossos produtos que não temos sobre os seus. E ainda assim, vocês não estão patrulhando a fronteira quando sabem que drogas e pessoas estão entrando ilegalmente nos Estados Unidos. Então, vamos exigir algo de vocês — fazer de vocês o próximo estado.” E isso é muito eficaz, porque províncias como Ontário são muito ricas em energia e muito conservadoras, e talvez algumas delas queiram se juntar aos Estados Unidos.
Isso causa muita discórdia, e pode ter levado [o primeiro-ministro canadense Justin] Trudeau a finalmente jogar a toalha.
O próximo exemplo é a Groenlândia, este país enorme, uma província semiautônoma da Dinamarca, três ou quatro vezes o tamanho do Texas e essencial para a segurança americana na Segunda Guerra Mundial.
Trump diz que quer comprá-la. Ele já disse isso antes. Eles disseram, "O que você está fazendo?". E no estilo "A Arte da Negociação", agora a Dinamarca está gastando mais de US$ 1 bilhão em investimentos nesta enorme colônia. E está incluindo imagens da Groenlândia em seu brasão real.
De acordo com essa lógica, eles agora estão respondendo, e Trump vai terminar numa situação melhor do que quando começou, como no caso do Canadá, quando eles começaram a patrulhar a fronteira, contiveram as drogas e disseram que renegociariam quaisquer tarifas assimétricas.
No caso de renomear o Golfo do México, a presidente mexicana mostrou recentemente um mapa do sudoeste dos Estados Unidos como parte do México. Essa foi a resposta dela. Isso é meio que uma provocação ruim, porque eles dependem de US$ 63 bilhões em remessas. Essa, lembre-se, é a maior fonte de câmbio estrangeiro deles. Eu não acho que ela deveria provocar Trump.
A ideia [de Trump] era mandar ao México a mensagem de que existe um desequilíbrio. Você está enviando pessoas para cá ilegalmente, 12 milhões nos últimos quatro anos. Você recebe remessas, US$ 63 bilhões. Oitenta mil americanos morrem por ano por causa do fentanil. Você não controla isso. Então, vamos começar a reexaminar toda a nossa mensagem.
O caso do Canal do Panamá é similar às controvérsias da Groenlândia, do Canadá e do Golfo do México. Os chineses invadiram um domínio americano. Nós construímos o canal. Nós o operamos efetivamente por um século. E o Panamá agora está flertando com o capital chinês de uma forma que fere nossos interesses nacionais, porque o interesse da China no Canal do Panamá em tempos de crise seria fechá-lo e impedir que nossas frotas se reposicionem, seja para o leste ou o oeste. Todos nós sabemos disso.
Como prevê "A Arte da Negociação", em todas essas controvérsias — Panamá, Groenlândia, Canadá, Golfo do México — você age de turbulenta, exagerada, parece instável. Então a outra parte negocia de forma razoável, e você acaba em uma situação melhor.
Para concluir, há um elemento-chave faltando: a ironia.
Donald Trump está dizendo ao governo mexicano: "Se você olhar para o do Golfo do México, 1.700 milhas são litoral dos EUA; 1.700 milhas são litoral mexicano. Por que ele é chamado de Golfo do México?" Mas aqui está a chave: estamos em uma era em que os esquerdistas estão renomeando as coisas.
Nós derrubamos estátuas. Nós renomeamos edifícios icônicos. Nós tiramos o nome do Woodrow Wilson. Nós fazemos tudo isso.
De acordo com sua lógica, nós temos a mesma quantidade de litoral no Golfo do México que vocês têm. E fomos convertidos à sua ideia de renomear coisas.
No caso da Groenlândia, vocês, europeus, são anticolonialistas. Vocês estão sempre nos dando sermões. Aquela é uma colônia. Nova York está mais perto da Groenlândia do que Copenhague. E nós a defendemos. E é um território norte-americano. Então, você ainda quer bancar o colonialista imperial? Porque você só responde à sua população colonial quando é pressionado, e você está colocando-os em perigo.
Trump está tentando inverter o argumento de esquerda da Dinamarca: “Ah, os Estados Unidos são um valentão”. O argumento de que você é o valentão, você é o colonialista. No caso do Canadá, é a mesma coisa. Vocês não querem que nos intrometamos, mas querem coisas de graça. Vocês querem que os defendamos enquanto vocês se apresentam como uma sociedade antimilitarista, de esquerda, pacifista e utópica.
Mas se vocês examinarem as coisas, morreriam de medo da intrusão chinesa e russa em seu espaço aéreo ou marítimo, se não fosse pelos Estados Unidos. Então, quando você olha para isso, o que Trump está dizendo é: "Estou usando argumentos de esquerda — colonialismo, mudança de nomes, imperialismo, convidando governos comunistas e autocráticos que não refletem a vontade das pessoas, no caso da China — e estou invertendo-os e jogando-os na sua cara".
E o ponto principal é reexaminar o status quo em todos os aspectos. É uma espécie de argumento anti-woke, não é? Tudo está em jogo, e se as pessoas woke acham que podem reescrever a história e as tradições dos Estados Unidos, talvez Donald Trump também possa.
Esta é uma transcrição, levemente editada, de um vídeo do historiador e colaborador do Daily Signal Victor Davis Hanson.
©2024 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês: Trump’s ‘Art of the Troll’ on Canada, Greenland, ‘Gulf of America,’ Panama Canal.
Governo recua e revoga ato da Receita Federal sobre fiscalização do Pix
Caiado e Marçal cobiçam apoio de Gusttavo Lima para eleições em 2026
Israel e Hamas chegam a acordo de cessar-fogo que envolve libertação de reféns
Governo do Tocantins vive crise política deflagrada após investigações da Polícia Civil