De acordo com membros do governo federal e dos governos estaduais e municipais, os norte-americanos começaram a achatar a curva da pandemia de coronavírus.
A empolgação diante disso foi contida — afinal, tendências podem se reverter facilmente — mas real. Os norte-americanos obedeceram às recomendações e ordens. Eles deixaram seus empregos e ficaram em casa; eles praticaram o distanciamento social; em muitos lugares, eles passaram a usar máscaras.
O resultado foi uma redução nas hospitalizações e mortes.
De acordo com o Instituto de Estatísticas Médicas da Universidade de Washington, que tem o modelo matemático mais citado pelos membros da administração Trump, a necessidade de leitos hospitalares no pico da pandemia foi revisada para baixo e diminuída em 120 mil leitos, 13 mil ventiladores e 12 mil mortos a menos até agosto.
Eis o problema: ainda não temos respostas para questões fundamentais que permitirão que a economia seja reaberta.
Primeiro, qual a taxa de letalidade verdadeira do coronavírus? Essa pergunta é importante porque determina se certas regiões devem ficar abertas ou fechadas, se devemos ter em mente uma sociedade mais livre, ao estilo da sueca, que pressupõe o contágio universal, ou se vamos prolongar o isolamento.
Temos visto taxas de mortalidade – a quantidade de mortos dividida pela quantidade de contaminados por Covid-19— por aí, mas é bem provável que tanto o numerador quanto o denominador estão errados.
Não sabemos quantas pessoas morreram de coronavírus. Algumas fontes sugerem que o número tem sido exagerado, já que a causa da morte, sobretudo entre os mais idosos, pode variar. Algumas fontes sugerem que o número é subestimado, já que muitas pessoas estão morrendo em casa.
Tão importante quanto, não temos ideia de quantos norte-americanos realmente contraíram o coronavírus.
Alguns cientistas dizem que a quantidade de casos identificados pode ser menor do que a quantidade de pessoas que contraíram o coronavírus e não foram examinadas. Isso significa uma taxa de letalidade ainda menor, mesmo que a taxa de transmissão seja alta.
Em segundo lugar, o que esperamos no que diz respeito a uma segunda onda? O modelo matemático do instituto simplesmente é interrompido em agosto. Ele não prevê quantas pessoas podem morrer numa segunda onda.
Essa questão é importante porque os especialistas insistem que o vírus está condicionado à estação do ano, o que significa que provavelmente teremos mais contágio no outono [do Hemisfério Norte]. E isso significa que encararemos mais quarentena para uma grande parcela da população, com exames e rastreamento do contágio, ou perceberemos que teremos de isolar os mais vulneráveis e deixar que os demais trabalhem.
O que levanta a terceira questão: o que exatamente podemos fazer?
Seremos capazes de realizar dezenas de milhões de exames nos próximos meses — convencendo as pessoas a se examinarem regularmente, já que o vírus é contagioso, mas muitos vetores são assintomáticos? Seremos capazes de criar um sistema de rastreamento do contágio para 330 milhões de norte-americanos — e estamos dispostos a nos submeter a isso?
De uma coisa se sabe: as coisas não podem continuar como estão.
Os norte-americanos não ficarão em casa durante meses sem fim e com certeza não o farão com base em modelos matemáticos que mudam a todo instante, sobretudo porque as estatísticas reais até agora se assemelham mais aos modelos que previram menos mortes e mais danos econômicos.
Precisamos de transparência e honestidade por parte da comunidade científica — precisamos saber o que eles sabem, o que não sabem e quando esperam encontrar respostas para o que desconhecem.
Somos adultos e estamos dispostos a seguir os conselhos dos cientistas. Mas eles precisam começar a responder a várias perguntas sérias, senão serão vítimas da mesma falta de credibilidade das outras instituições norte-americanas.
Ben Shapiro é apresentador do "The Ben Shapiro Show" e editor-chefe do DailyWire.com.
© 2020 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês
PL da Anistia atinge assinaturas necessárias para tramitação acelerada na Câmara
Bolsonaro passa mal durante agenda no Rio Grande do Norte e vai para hospital
Ives Gandra Martins fala do PL da Anistia e os abusos do STF; assista ao Café com a Gazeta
Fux e Trump personificam a esperança de reviravolta no julgamento de Bolsonaro