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Partidária da ex-presidente da Coreia do Sul Park Geun-hye reage depois que um tribunal a condenou a 24 anos de prisão. A ex-presidente Park Geun-hye  foi presa por corrupção, encerrando uma dramática queda para a primeira mulher líder do país | JUNG YEON-JE/AFP
Partidária da ex-presidente da Coreia do Sul Park Geun-hye reage depois que um tribunal a condenou a 24 anos de prisão. A ex-presidente Park Geun-hye foi presa por corrupção, encerrando uma dramática queda para a primeira mulher líder do país| Foto: JUNG YEON-JE/AFP

Meio mundo separa o Brasil da Coreia do Sul. Precisamente, 17,6 mil quilômetros. Mas a política – na verdade, casos de corrupção na política – aproximaram os dois países nos últimos tempos. Poucas horas depois que o juiz federal Sergio Moro determinou a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ex-presidente sul-coreana, Park Geun-Hye foi condenada a 24 anos de prisão. Ambos os casos decorreram de grandes escândalos de corrupção, mas as semelhanças não param por aí. Acompanhe:

Aliados enrolados 

Brasil: O escândalo da Lava Jato atingiu em cheio o governo do PT no mandato da ex-presidente Dilma Rousseff. As investigações e delações premiadas derrubaram vários figurões e levaram ao nome do principal líder do partido, Luiz Inácio Lula da Silva. 

Coreia do Sul: O epicentro da crise coreana era a acusação de que uma conselheira “informal” da presidente condenada – a mística Choi Soon-Sil – tinha usado de sua influência no governo para fazer tráfico de influência e extorquir os principais conglomerados econômicos do país. 

Grandes empresas envolvidas 

Brasil: No início das investigações da Lava Jato, empreiteiros presos pela operação acusaram os políticos de terem praticado extorsão: eles ameaçavam não liberar o pagamento de contratos caso não pagassem propina. Depois, os empresários admitiram participação no esquema. 

Coreia do Sul: A “mística” teria recebido US$ 69 milhões de 53 grandes empresas da Coreia, que não queriam ter seus interesses contrariados pelo governo. Uma das empresas envolvidas é a gigante Samsung, que pagou US$ 17 milhões a Choi para garantir a aprovação, pelo governo, da fusão de duas empresas do conglomerado. O herdeiro do grupo, Lee Jae-Yong, foi condenado a cinco anos de prisão em agosto de 2017 - embora tenha tido a pena diminuída para dois anos e meio e esteja a cumprindo em regime aberto. 

Mudança de discurso 

Brasil: Ainda no governo Dilma, o PT declarava apoio à Lava Jato. Dizia que a operação era fruto de mudanças institucionais adotadas na gestão do partido. Durante e depois do processo de impeachment da ex-presidente, o discurso mudou de direção. Lula virou crítico ferrenho da operação policial, acusando o juiz Sergio Moro de “perseguição política”. 

Coreia do Sul: As declarações da presidente sobre o caso de corrupção foram mudando ao longo do tempo. No início, pediu desculpas pelo fato de o escândalo estar causando “preocupação nacional”. Depois, disse sentir-se envergonhada. Mais perto da abertura do processo de impeachment, se insurgiu contra a acusação dos promotores de que foi conivente com o esquema de sua amiga mística. Não diretamente, mas por meio de seu porta-voz, que afirmou que a acusação era “profundamente lamentável”. 

Condenação e prisão 

Brasil: Em janeiro, Lula foi condenado em segunda instância a 12 anos e um mês de prisão no processo do tríplex do Guarujá. Após o julgamento do Habeas Corpus pelo STF na última quarta-feira (4), o juiz federal Sergio Moro decretou a prisão do ex-presidente, que deve se entregar à polícia em breve. 

Coreia do Sul: Acusada de abuso de poder, coerção, suborno e vazamento de segredos governamentais, Park sofreu impeachment no final de 2016. No mesmo dia em que Lula teve a prisão decretada, a ex-presidente sul-coreana foi condenada a 24 anos de prisão. A diferença entre os dois casos é que ela já estava presa desde março do ano passado.

Pessoas seguram cartazes formando a palavra "Lula" contra a detenção do ex-presidente brasileiro (2003-2011) Luiz Inácio Lula da Silva em frente à embaixada brasileira em Buenos Aires, Argentina, em 6 de abril de 2018.EITAN ABRAMOVICH/AFP
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