Nos artigos anteriores vimos as difíceis condições impostas pelos países árabes aos refugiados palestinos e a todos seus descendentes desde 1948. A falta de oportunidade, de trabalho, de ascensão econômica aliada a uma educação para o ódio aos sionistas em geral e aos judeus em particular foram o fertilizante do nascimento de diversos grupos que se valeram do terrorismo como instrumento de libertação nacional.
Os primeiros atos de terrorismo de grupos palestinos foram sequestros e explosão de aviões com assassinato de reféns, sequestros de navios jogando inválidos ao mar, e a violência terrorista cresceu com assassinatos de civis e homens bomba pela Europa e Ásia. As condenações do mundo foram tênues e jamais duradouras. Esta apatia pode ter sido entendida pelos terroristas como uma aceitação subliminar destes métodos. A invasão dos alojamentos nas Olimpíadas de Munique, em 1972, com a matança dos atletas israelenses, e as duas sangrentas intifadas que ceifaram milhares de vidas tampouco receberam a necessária condenação. Lideranças mundiais acovardadas não censuraram estas barbáries com temor que se alastrasse a seus países — e o terror cresceu.
Nos territórios palestinos multiplicavam-se grupos que usavam o terror como arma política: Fatah, FPLP, Abu Nidal, Mártires de El Aqtza, Força 17, e movimentos mais recentes como Jihad Islâmica, Hamas e Cova dos Leões. Diferentes entre si, pois há movimentos laicos e outros religiosos, de esquerda e de centro, simpáticos à Arábia Saudita ou ao Irã. Mas têm em comum o uso indiscriminado do terror e o ódio, bem como a determinação da extinção do Estado de Israel.
Os acordos de Oslo levaram à criação da Autoridade Palestina, corpo que deveria controlar os territórios Palestinos tanto politicamente como estruturalmente. No entanto, na esteira das Intifadas nasceu o movimento Hamas, filiado à radical Irmandade Muçulmana e violento antagonista da Autoridade Palestina. Em 2005 Israel retirou unilateralmente todos os israelenses da Faixa de Gaza e entregou a administração à Autoridade Palestina. Dois anos mais tarde, em 2007, eclodiu em Gaza uma guerra civil e como consequência o Hamas derrotou a Autoridade Palestina, executou dezenas de líderes políticos e militares e assumiu o governo de fato da Faixa de Gaza, impondo suas teorias radicais.
A partir da tomada da Faixa de Gaza, o Hamas iniciou bombardeios sobre o território israelense que levaram a diversas operações militares. A Carta do Hamas, documento oficial dos métodos e metas da organização proclama, já em sua introdução, que a meta do Hamas é a eliminação de Israel. O Artigo 13 diz: "Não há solução para a Palestina exceto a Jihad (Guerra Santa)". O artigo 32 diz: “Abandonar a luta contra o Sionismo é alta traição”. Tem mais: “O Dia do Juízo não acontecerá até que os muçulmanos lutem contra os judeus e os matem. Então, os judeus se esconderão atrás de pedras e árvores, e as pedras e árvores gritarão: 'Ó muçulmano, há um judeu escondido atrás de mim, venha e mate-o".
As diversas escaramuças e batalhas ocorridas nestes anos levaram à imensa destruição na Faixa de Gaza. Governos de inúmeros países despejaram bilhões de dólares para a reconstrução da infraestrutura. Grande parte destes recursos, tanto materiais como financeiros, foram utilizados para a construção de imensa rede de sofisticados túneis de ataque, compra de armamentos, recrutamento de pagamento a terroristas e corrupção — e muito pouco para a melhora das condições da população. O Hamas habilmente atribuía a carência de energia, de estradas, hospitais e infraestrutura a Israel, o que aumentava o ódio, ajudava no recrutamento de novos terroristas e em crescente apoio a ações violentas.
O Hamas se preparou, segundo suas lideranças, durante dois longos anos para a ação desencadeada no último dia 7 de outubro, quando milhares de terroristas invadiram Israel por terra, mar e ar, apoiados por uma barragem de milhares de mísseis. Documentos encontrados nas roupas de terroristas mortos atestam que a meta era matar o maior número de civis, incluindo idosos e crianças, estuprar mulheres, destruir propriedades e capturar pessoas para sequestrá-las.
O resultado: 1350 assassinados das formas mais cruéis: fuzilados, queimados vivos, degolados. Mulheres acima de 90 anos foram fuziladas, famílias com crianças de quatro, seis e oito anos amarradas a postes e queimadas vivas, 40 bebês entre três e seis meses de idade metralhados e 13 deles degolados. Pelo menos 199 pessoas sequestradas, incomunicáveis, sem que a Cruz Vermelha tenha acesso a elas.
Vale lembrar que o terror que se iniciou contra Israel já havia se expandido pelo mundo. Explosões em metrô em Paris, Madrid, Bruxelas e Londres; ataques a jornais na França e Dinamarca; ataques a aeroportos em muitos países provam isto. Não resta dúvida que, se não houver punição ao terror, a monstruosa matança feita em Israel vai se alastrar. Laura Richardson, general norte-americana, há poucos dias alertava que o Brasil pode ser vítima de ataques terroristas. Ela repetiu a advertência duas vezes, num discurso feito na Fundação para Defesa da Democracia, incluindo a recente recepção dada pelo Brasil a navios de guerra iranianos.
Se nada disso acender uma luz vermelha aos políticos brasileiros, o risco só crescerá.
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