Quando o presidente Donald Trump escreveu um tuíte dizendo que Baltimore era “um lugar nojento e infestado por ratos”, os norte-americanos se manifestaram com aquela torrente opinativa de sempre. Scott Presler, contudo, estava determinado a fazer alguma coisa a respeito. Ele organizou um dia de limpeza na cidade para recolher o lixo. Deu tudo tão certo que ele marcou outro mutirão para o dia 9 de setembro.
Em entrevista ao podcast do Daily Signal, Presler explicou por que decidiu agir em Baltimore e como os moradores reagiram à sua iniciativa. Leia a transcrição da entrevista:
Virginia Allen: Estou aqui no podcast Daily Signal com o ativista conservador Scott Presler, que, depois dos tuítes do presidente Trump sobre a situação crítica de Baltimore, organizou várias iniciativas de limpeza para melhorar a cidade. Scott, obrigada por sua presença aqui.
Scott Presler: Obrigado, sou um fã da Heritage Foundation. Estou feliz por estar aqui, Virginia.
Allen: Ah, que ótimo. Bom, há três semanas, o presidente Trump usou o Twitter para enfatizar a gravidade da situação em Baltimore. A cidade tem uma das maiores taxas de criminalidade dos Estados Unidos e está em dificuldade econômica. Você reagiu ao tuíte do presidente não com palavras, e sim com ações. Pode contar um pouco mais sobre o trabalho que você tem realizado em Baltimore nas últimas semanas?
Presler: Claro, o presidente Trump, fico feliz por ele ter chamado a atenção do país para Baltimore. Vivemos no melhor país do mundo, mas temos de ser pragmáticos e não podemos analisar o mundo usando lentes coloridas. Temos de dizer “Certo, cidades como Baltimore precisam mesmo de amor e atenção”.
Depois que o presidente Trump tuitou sobre Baltimore, todos ficaram falando um monte de coisas, mas ninguém fez nada. Eu estava cansado e... Virginia, me manifestei nas redes sociais, não sabia o que estava fazendo, mas tuitei: “Vou para Baltimore, mesmo que eu fique sozinho num canto recolhendo o lixo”.
Não sabia que tinha aberto as comportas naquele momento, e o país inteiro começou a perguntar “Scott, o que posso fazer? Como posso contribuir? Como posso fazer parte da limpeza de Baltimore?”
Em seis dias, literalmente menos de uma semana, organizei mais de 170 voluntários de todo o país, inclusive da região oeste de Baltimore, que saíram às ruas numa segunda-feira e recolheram mais de 12 toneladas de lixo em 12 horas em Baltimore.
Allen: Uau. Isso é incrível. Qual era a reação das pessoas enquanto vocês caminhavam pela comunidade delas recolhendo lixo?
Presler: Ah, meu Deus, foi incrível. Em cinco minutos, estou lhe dizendo, estávamos montando a maldita tenda de água para os voluntários e as pessoas estavam se inscrevendo uma mulher chegou, a Lisa e um chihuahua, porque ela estava cuidando do cachorro, e ela disse: “O que vocês estão fazendo?”. Eu respondi: Bom, Lisa, estamos aqui e vamos recolher lixo pelas próximas doze horas”.
Ela ficou surpresa. Ela disse: “Depois de cuidar do cachorro eu vou voltar”. E ela voltou mesmo.
E não conversamos apenas com a Lisa. Falamos também com a Grace, que nos contou dos problemas da região dela. Falamos com a Louise, uma morada de 81 anos e 1,50m. Foi engraçado tê-la ao meu lado, por que tenho 1,96. E depois conversamos com a Dupris e o Lawrence...
Toda a comunidade veio conversar com a gente. Naquele momento, éramos uma família. Eles queriam ajudar e estávamos ali para ajudá-los. Foi uma boa experiência de união da comunidade.
Allen: Isso é forte. Acho encorajador o fato de vocês terem colocado a mão na massa e estarem conversando com as pessoas dali. De acordo com essas conversas, com o que os moradores de Baltimore estavam preocupados? O que eles pensam e sentem no momento?
Presler: Uma das mulheres com que conversei, uma avó, a maior preocupação dela era com os perigosos materiais de construção e os prédios dilapidados e abandonados, o fato de haver um rato morto no jardim da casa dela. Havia também agulhas, traficantes, violência.
Ela disse: “Meus netos não podem brincar em segurança por aqui”. Todo morador tem uma opinião e aquela avó via as coisas sob a perspectiva dos netos.
Para a Louise, de 81 anos, o importante é que essa selva toda e toda essa erva-daninha estava invadindo sua propriedade, prejudicado as fundações.
Para Grace, a mesma coisa. As raízes estavam invadindo a fundação e provocando um vazamento em sua propriedade por causa da negligência.
Para Lawrence, ele queria que alguém limpasse a rua, e foi o que fizemos.
Todo morador tem seus próprios problemas. Mas uma das coisas mais ouvi foi que as pessoas não se sentem seguras por causa de toda a violência. Elas não se sentem seguras com as gangues e foi fascinante ouvir a Louise dizer que eu estava ali, mas o sr. Cummings, o deputado [Elijah] Cummings, que ocupa a cadeira há décadas, ela disse que ele nunca, jamais esteve em seu baixo, que ela nunca o viu.
O importante foi, em vez de falar, vir e ouvir. Nós viemos, ficamos calados, e queríamos ouvir os moradores para saber como podíamos mesmo mudar a situação.
Allen: Pois é, a agora a reação a isso é que muitas pessoas em outras cidades o estão procurando e dizendo “ei, venha organizar um dia de limpeza na minha cidade”. O que você pretende fazer em seguida? Se nossos ouvintes quiserem se juntar a você nessas cidades, como eles podem fazer isso?
Presler: Ah, tem sido incrível. Mais uma vez, não percebi o que tinha feito porque as pessoas de todo o país queriam ajudar. Pensei que finalmente, finalmente, Virginia, as pessoas não vão ficar sentadas no sofá, reclamando, elas vão fazer alguma coisa.
Hoje, depois de gravar este programa e outro em seguida, voltarem para Baltimore, depois de ter estado em Iowa, para organizar nossa segunda limpeza em Baltimore.
Sim, você ouviu certo, Baltimore Sun. Vamos voltar mesmo depois do artigo maldoso que vocês escreveram sobre estarmos recolhendo o lixo, e estou aqui para dizer que não nos deixamos intimidar e que vamos voltar porque é a coisa certa a fazer.
Prometi à Louise, de 81 anos, que ia voltar especificamente para dizer “oi” para ela e resolver o problema dela, mas se as pessoas quiserem se envolver, basta ir ao site scottpresler.org ou me procurar pelo Twitter.
Apesar de eu ter 329 mil seguidores, minhas DMs estão abertas e eu reservo tempo para ler o máximo de mensagens possível. Me mande uma mensagem se quiser começar uma iniciativa de limpeza. Vamos ver o que conseguimos fazer.
Já estou viajando por todo o país ensinando as pessoas a se registrarem para votar, mas acho que vou acrescentar “lixeiro profissional” ao meu currículo também.
Allen: Que maravilha! Isso é muito empolgante. Agora, Scott, quero mudar de assunto um pouco e lhe perguntar sobre sua jornada no conservadorismo. O que o fez adotar os princípios e ideias conservadores?
Presler: Bom, eu sempre tendi ao conservadorismo. Meu pai é capitão da reserva da Marinha, então ele me ensinou valores como responsabilidade e transparência nas minhas ações, e sou um orgulhoso escoteiro.
Vivo uma vida de trabalho para minha comunidade e de retribuição, e meu projeto como escoteiro foi arrecadar milhares de pacotes de alimentos não-perecíveis para um banco de alimentos local.
Meu pai e minha família e minha experiência como escoteiro me ensinaram princípios conservadores porque eles se baseiam nisso. Nós nos baseamos no trabalho, na retribuição. No amor pela comunidade.
Eu tenho de dizer que foi o presidente Obama, o senhor me inspirou a me tornar um organizador da comunidade, mas não de esquerda, e sim de direita. Abri minha conta no Twitter naquele dia, na noite em que ele foi reeleito presidente, em 2012, porque, assim como na limpeza de Baltimore, eu disse para mim mesmo: “Scott, você pode ficar sentado em casa, reclamando, chorando, pode ficar sentado no sofá, pode ser um guerreiro virtual do Facebook, ou pode fazer algo de concreto”.
E foi o que fiz. Na verdade, comecei a trabalhar como voluntário na campanha de Ken Cuccinelli ao governo da Virgínia em 2013, e agora é estranho vê-lo como parte da administração Trump e que ele está fazendo um ótimo trabalho, de ver minha vida dar essa guinada.
Em 2014, disse a mim mesmo: “Scott, você vai conseguir um trabalho na política”. E foi o que fiz.
Allen: Você está viajando por todo o país e falando aos norte-americanos sobre o estado do nosso país. Quais os problemas que você vê as pessoas comentando e o que realmente as preocupa?
Presler: Acho que as pessoas estão muito preocupadas com o nosso sistema de imigração.
Uma coisa que me impactou, e só há um ano, foi o assassinato de Mollie Tibbetts. Muitas das nossas crianças estão, infelizmente, sofrendo com a imigração ilegal e algumas foram mortas por imigrantes ilegais, e essa é uma das preocupações das pessoas.
Temos uma economia próspera agora, graças ao presidente Trump, e as pessoas querem manter esses empregos. Elas querem poder sustentar suas famílias, pôr comida na mesa. Acabei de falar com uma comunidade agrícola em Iowa. Eles estão muito preocupados com o efeito negativo de um possível New Deal Verde, que acabará com postos de trabalho em Iowa e no interior do nosso país.
Acho que são três os problemas maiores: imigração, emprego e a proteção do capitalismo, isto é, a preocupação com medidas como o New Deal Verde, que acaba com empregos. Acho que esse são os três maiores problemas que as pessoas mencionam nas minhas viagens.
Allen: Scott, queremos agradecer por seu trabalho não só em Baltimore, mas em todos os Estados Unidos, estimulando as pessoas a não só falarem, a agirem. Agora como as pessoas podem acompanhar o que você está fazendo?
Presler: A melhor coisa da minha vida é que ela é um livro aberto. Tudo o que faço está nas redes sociais.
Se você quer saber o que Scott Presler vai fazer hoje, visitar meu perfil @ScottPresler no Twitter ou no Facebook, e também meu perfil no Instagram, @ScottPresler. Dá para ver a temática do que faço ali e, se você quiser contribuir, visite scottpresler.org.
O importante é que quero estimular as pessoas, em meio a toda essa negatividade e essa nuvem de desespero que cerca a política de hoje. A única coisa que peço é que as pessoas sejam otimistas e, a despeito de tudo, permaneçam encorajadas, motivadas, estimuladas, inspiradas, é isso o que quero que você pense.
Erga a cabeça e, como a Virginia acabou de dizer, aja nas situações em que as pessoas vão só dar opiniões baratas. Quero que você realmente coloque suas palavras em prática e faça algo que mude e torne o mundo um lugar melhor. Só isso.
Virginia Allen é colaborado do Daily Signal.
© 2019 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês
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