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Vivemos tempos bastante auspiciosos.
Aqueles que pecaram serão derrubados; aqueles que não têm pecado estabelecerão novos padrões sociais para o resto de nós. Afinal, agora vivemos na única geração a produzir seres humanos verdadeiramente virtuosos.
O que mais devemos pensar da religiosidade sem graça promovida por nossos guardiães morais, personagens moralmente imaculados como Robin DiAngelo, autora de “White Fragility (Fragilidade Branca, em tradução livre)”, e Nikole Hannah-Jones, vencedora do Prêmio Pulitzer pelo pseudo-histórico “Projeto 1619”, publicado pelo The New York Times?
DiAngelo nos informa que todos os brancos são pecadores por natureza, inculcados nos males da brancura e totalmente incapazes de se arrepender de tais pecados … a menos que, é claro, eles comprem um curso sobre diversidade.
DiAngelo diz que não basta se opor ao racismo: precisamos "interromper" os sistemas em que vivemos para nos tornarmos "antirracistas", um termo bastante vago que aparentemente não significa nada mais do que uma tentativa de imitar os escritos mais empolados de Ibram. X. Kendi.
Hannah-Jones, enquanto isso, fica feliz em receber crédito pelos tumultos e saques que assolaram o país e que ela passou um tempo justificando - ela recentemente agradeceu a alguém que chamou essa agitação toda de "distúrbios de 1619".
Além disso, somos informados por este juiz do bom e do belo que nunca devemos dizer que figuras como o Ulysses S. Grant (o 18º presidente dos EUA) - um homem que destruiu os confederados e devastou o Ku Klux Klan, mas também manteve um dos escravos de sua esposa em cativeiro antes libertá-lo - eram "homens do seu tempo". Afinal, “Hitler era um homem do seu tempo. Osama bin Laden era um homem do seu tempo ”, disse ela em um tuíte, agora excluído.
No entanto, vivemos na era dos verdadeiros heróis - pessoas que vivem fora do tempo; pessoas de excelente qualidade que não precisam de contexto, não exigem nuances e não aceitam discordâncias. Todos os que estão diante deles devem se curvar ou ser cancelados. Os tuítes antigos serão ressuscitados; quadros antigos de comédia serão censurados. Todos os que vieram antes eram cúmplices no sistema e, portanto, devem pagar.
Jovens esquerdistas aplaudem quando derrubam monumentos de George Washington e Thomas Jefferson; os estudantes universitários da geração Z repreendem seus pais e avós - muitos dos quais, em comunidades minoritárias, sofreram discriminação e dificuldades reais - como insuficientemente comprometidos com a causa do antirracismo.
Gisselle Quintero, 18, deu o seguinte depoimento ao jornal The Washington Post sobre seus avós. "[Eles] foram proibidos de usar bebedouros reservados "apenas para brancos" depois de longos e quentes dias de trabalho, tentando distinguir-se por seu trabalho árduo e pelas conquistas".
Mas claramente porque eles não tinham entusiasmo pela atual revolução lacradora, "eles apenas suprimiram essas memórias". Os avós de Quintero podem ter superado o racismo real, mas ela postou notícias de um protesto em um shopping local em suas mídias sociais.
Talvez tenhamos alcançado o ápice da humanidade. Ou talvez vivamos um momento particularmente arrogante e egoísta quando a dissociação da história da América e de outros americanos substitui a decência real; quando cancelar os outros é o ponto, não um meio para um fim; quando fazer parte da multidão não é construir algo melhor, mas apenas sinalizar sua própria santidade.
Talvez, na realidade, aqueles que derrubam estátuas de Washington e Jefferson tenham realizado pouco além de se sentirem especiais às custas do país mais especial da história da humanidade e às custas de seus concidadãos.