Você pode estar inclinado a pensar que os combustíveis fósseis são uma maldição para a humanidade. Afinal, basta observar quantos países ricos em petróleo são administrados por governos repressores. Certo?
Pelo contrário, os combustíveis fósseis são uma benção para a humanidade. Embora a explosão de prosperidade material que surgiu após a Revolução Industrial tenha causas complexas, a disponibilidade imediata de fontes de energia densamente compactadas – na forma de carvão para navios a vapor e locomotivas e, posteriormente, petróleo para abastecer veículos e aviões – foi certamente um fator colaborador.
Para compreender como os combustíveis fósseis são adequados para o desenvolvimento de redes de transporte, considere os seguintes fatos sobre a densidade de energia de vários tipos de armazenamento:
Agora, considerando sua alta densidade de energia e conveniência para o transporte, é compreensível que os combustíveis fósseis sejam altamente valorizados no mercado. Isso, por sua vez, explica a chamada "Maldição de Recursos", na qual os países com grandes dotações de recursos naturais tendem a ter resultados piores em medidas de democracia e até em desenvolvimento econômico. No entanto, como contraexemplos como os Estados Unidos e o Canadá – países com enormes reservas de combustíveis fósseis e ao mesmo tempo excelentes índices de direitos humanos e desenvolvimento – ressaltam, não é tanto que os combustíveis fósseis causam governos repressivos, mas sim que regimes autocráticos podem se safar se forem sustentados por exportações lucrativas de minerais.
Países lutam por combustíveis fósseis
Não é só que os exportadores de petróleo tendem a ter governos repressivos. Mesmo democracias que funcionam bem se envolvem em guerras por petróleo no Oriente Médio.
As guerras são de fato uma tragédia, e os humanos infelizmente lutam por coisas que eles valorizam muito. (As pessoas muitas vezes roubam bancos, mas isso não prova que o dinheiro é uma maldição para a humanidade.) Não há nada nos combustíveis fósseis em si que leve os humanos a lutar; os Estados Unidos e o Canadá têm recursos prodigiosos, e os proprietários desses recursos são normalmente deixados em paz. Os combustíveis fósseis tornam a humanidade mais rica, e a humanidade seria ainda mais rica se parasse de brigar por quem controla os combustíveis fósseis.
Os Estados Unidos não “precisam” policiar o Oriente Médio para garantir o fluxo de petróleo. O ponto principal de um autocrata da região que conquista o território de seu vizinho é ser aquele que venderá esse petróleo ao mercado mundial.
Como o petróleo é fungível, mesmo que um regime hostil tentasse negar as exportações para os Estados Unidos, isso simplesmente reorganizaria o comércio mundial e significaria que a América importaria seu petróleo de lugares mais amigáveis. Os choques econômicos e as linhas de gás da década de 1970 não foram causados pelo embargo da OPEP, mas, em vez disso, foram causados pelos absurdos controles de salários e preços do governo Nixon.
Os custos sociais dos combustíveis fósseis
É possível que os combustíveis fósseis tenham servido como uma “ponte” útil para nos introduzir na era moderna, mas especialmente com a crescente ameaça da mudanças climáticas, bem como a queda dos custos de fontes alternativas de energia, a humanidade precisa se afastar dos combustíveis fósseis tão rapidamente quanto possível. Soa plausível, certo?
É muito conveniente que ativistas ambientais na Europa e nos Estados Unidos vivam pessoalmente com os benefícios da Revolução Industrial, ao mesmo tempo em que recomendam que as pessoas na Índia e na África evitem as formas mais baratas de energia em nome da mitigação das mudanças climáticas. Por exemplo, os dados mais recentes (até a publicação deste texto) do Banco Mundial mostram que em 2014 o consumo de eletricidade per capita (medido em quilowatts-hora) foi de 310 em Bangladesh, 355 em Gana e 806 na Índia, enquanto foi de 6.938 na França, 7.035 na Alemanha e 12.987 nos Estados Unidos.
Mesmo em seus próprios termos, o conceito de “custo social do carbono” examina a suposta “externalidade negativa” das emissões de dióxido de carbono que não estão sendo contabilizadas nos preços normais de mercado. Mesmo que as estimativas oficiais publicadas pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos sobre o “custo social do carbono” estejam corretas – e há sérios problemas com a forma como esses números são calculados –, isso não provaria que os combustíveis fósseis no total foram prejudiciais à humanidade. Pelo contrário, isso significaria apenas que “na margem” os humanos estavam emitindo muito dióxido de carbono e deveriam reduzir.
Mesmo com os avanços na energia eólica e solar, as estimativas convencionais do governo ainda preveem que os combustíveis fósseis fornecerão a maior parte das necessidades de energia dos Estados Unidos nas próximas décadas.
©2018 Foundation for Economic Education. Publicado com permissão. Original em inglês