O autor do atentado desta terça-feira (31), em Nova York, nos Estados Unidos, planejou a ação há várias semanas e o cometeu “em nome” do Estado Islâmico, disse a polícia de Nova York. Investigadores encontraram um manuscrito em que o uzbeque Sayfullo Habibullaevic Saipov, de 29 anos, declarou fidelidade ao EI. A anotação, em árabe, estava dentro do veículo usado por ele no ataque. Oito pessoas morreram e 11 ficaram feridas no ato.
"Ele seguiu à risca instruções do ISIS a seus seguidores sobre como conduzir atentados”, disse John Miller, vice-comissário do Departamento de Polícia da cidade.
O atropelamento aconteceu em uma ciclovia na rua West, que corre de forma paralela ao parque na margem do rio Hudson, nas proximidades da rua Chambers.
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- Vídeo do atentado
- Onde o ataque ocorreu
- EUA vão intensificar seleção de imigrantes
- Uzbequistão vai ajudar nas investigações
Após o atropelamento, Saipov saiu do veículo carregando duas imitações de armas – uma de ar comprido, que dispara chumbinho, e outra de paintball. Ele foi baleado no abdômen pela polícia e segue sob custódia em um hospital nova-iorquino.
Os investigadores esperam que o rapaz sobreviva para que possa ser questionado sobre os motivos que o levaram a atropelar pedestres e ciclistas com uma caminhonete. Por enquanto, ele é tratado como “lobo solitário” – alguém que atuou sozinho após se inspirar, mas não ser diretamente instruído pelo Estado Islâmico.
Detentor de Green Card, o imigrante vive legalmente nos Estados Unidos. Ele chegou ao país em 2010 e moraria em Paterson, Nova Jersey, onde alugou a caminhonete usada no crime. A carteira de motorista dele, no entanto, é de Tampa, na Flórida.
De acordo com a rede americana ABC News, Saipov atuou com transportes pesados e chegou a trabalhar como Uber em Nova Jersey. A empresa relatou que ele fez mais de 1,4 mil viagens em seis meses pelo aplicativo, após uma verificação de antecedentes criminais. Na época, não foram encontrados relatórios de segurança relacionados ao imigrante.
A Uber segue em contato com o FBI. Conforme a empresa, o motorista já foi banido do sistema do aplicativo.
Segundo a polícia, Saipov foi descrito como amigável por conhecidos.
Agentes do FBI e policiais estão fazendo buscas na cidade de Paterson. O prédio onde Sayfullo Saipov vivia com a mulher e dois filhos num apartamento de dois quartos foi isolado e foram feitas buscas também na garagem.
O administrador do prédio disse a um jornal local que alugou o apartamento para o homem de 29 anos há vários meses. Um vizinho disse a outro veículo local que sempre via Saipov na esquina conversando com amigos.
Seleção mais severa
O FBI, a polícia federal americana, e o governo local tratam o caso como um ato terrorista — o mais letal na cidade desde 2001. Ainda na terça-feira, o presidente Donald Trump afirmou que vai intensificar a seleção de estrangeiros que se candidatam a entrar nos Estados Unidos.
“Acabei de pedir à Segurança Nacional que intensifique nosso programa de extrema verificação. Ser politicamente correto está bem, mas não por isso!", escreveu Trump em um post no Twitter.
Trump, que há muito defendeu uma seleção mais severa de imigrantes e outras políticas destinadas a prevenir o terrorismo no país, não especificou qual programa de pesquisa ele estava se referindo ou como isso mudaria sob sua ordem de terça-feira. Ao que tudo indica, a ordem se referia aos programas de controle do governo dos EUA para estrangeiros.
O Uzbequistão, país do autor do atentado desta terça, não estava entre os países mencionados em qualquer versão da proibição de viagem de Trump.
Em uma entrevista de segunda-feira com a anfitriã da Fox News, Laura Ingraham, o chefe de gabinete da Casa Branca, John F. Kelly, definiu o "exame extremo" como a verificação das identidades das pessoas que viajam para os Estados Unidos.
"A verificação extrema é quando nós simplesmente entrevistamos pessoas e temos que nos convencer de que a pessoa com a qual conversamos é, de fato, quem eles afirmam", disse Kelly, ex-secretária de segurança nacional. "Pode ser impossível fazer em alguns casos". O chefe de gabinete acrescentou: "Se não pudermos verificar, não acho que devamos deixá-los entrar no país".
Uzbequistão vai ajudar nas investigações
O governo americano segue em contato com as autoridades de segurança do Uzbequistão para obter mais informações sobre Saipov. O presidente do país, Shavkat Mirziyoyev, prometeu, nesta quarta-feira (1º), ajudar nas investigações.
Em comunicado ao presidente dos EUA, Donald Trump, Mirziyoyev condenou o "crime implacável e extremamente cruel" e afirmou que seu país está preparado para "usar todas as forças e meios necessários para auxiliar na investigação do ato terrorista".
O Uzbequistão também tem facções criminosas que se aliaram com grupos militantes maiores de terrorismo. Os militantes uzbeques lutaram por muito tempo no Afeganistão, onde foram aliados com os talibãs e lançaram ataques contra tropas da Ucrânia e da Otan. Em 2015, uma facção do Movimento Islâmico do Uzbequistão, que tem uma forte presença no Afeganistão, prometeu fidelidade ao Estado islâmico.