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Os cientistas norte-americanos são, em essência, milagreiros. Em poucos meses, eles desenvolveram vacinas extremamente eficientes contra a Covid-19. Até o fim do ano, milhões de norte-americanos receberão a primeira dose.
É provável que vejamos as taxas de mortalidade da Covid-19 caírem drasticamente nas próximas semanas, à medida que mais americanos adquirirem imunidade.
Ainda assim, nunca houve um abismo tão grande entre os cientistas e os profissionais de saúde norte-americanos. A ciência supostamente serve para orientar a tomada de decisões dos dois grupos. Mas os profissionais de saúde têm sido incapazes de usar a ciência como bússola, preferindo sacrificar a credibilidade no altar da política interseccional.
Ao longo de todo o verão, profissionais de saúde ignoraram os perigos claros dos protestos contra a suposta injustiça racial; muitos dos mais gabaritados profissionais de saúde sugeriram que os riscos do racismo na sociedade norte-americana eram equivalentes a um problema de saúde pública. Ao longo de toda a pandemia, as autoridades de saúde pública cederam ao incentivo político das medidas amplas de lockdown, tomando o cuidado para, ao mesmo tempo, se excluírem das regras.
Agora ficamos sabendo que autoridades de saúde pública fizeram pressão para que a vacina fosse distribuída não com base nos riscos para a saúde, e sim com base em fatores raciais. Como relatou o jornal britânico Daily Mail:
Todos os estados norte-americanos foram aconselhados a considerar minorias étnicas como um grupo fundamental e vulnerável em seus planos de vacinação, de acordo com o manual do Center for Disease Control (CDC). Como resultado, metade dos estados criaram planos que priorizam negros, hispânicos e nativos.
Essa insanidade tem bases eugenistas. “As populações mais idosas também são mais brancas”, disse o “especialista” em saúde pública dr. Harald Schmidt, da Universidade da Pensilvânia, ao New York Times no começo de dezembro. “A sociedade está estruturada de tal forma que permite que os idosos brancos vivam mais. Em vez de dar mais benefícios sanitários aos que já os têm em demasia, podemos começar a nivelar as coisas um pouco”.
Em outras palavras, uma quantidade desproporcional de brancos atingiu a velhice. Deveríamos, portanto, dar vacinas aos cidadãos não-brancos mais jovens e menos vulneráveis, que trabalham em “setores essenciais” e, assim, deixar a vovó branca morrer.
Isso não só é obviamente racista como também dá suporte a medidas que matam mais negros em termos absolutos. A idade é um indicador muito melhor do que a raça para vulnerabilidade à Covid-19. Como descobriu o dr. Gbenga Ogedegbe, da faculdade de Medicina da Universidade de Nova York, os pacientes infectados morrem à mesma taxa, independentemente da raça.
Isso significa que, se você distribuir a vacina com base na raça, e não na idade, os negros e latinos mais vulneráveis – negros e latinos idosos – terão uma probabilidade maior de morrer a fim de que negros e latinos jovens recebam uma vacina para uma doença diante da qual eles já são 10 vezes menos suscetíveis.
Esse é o preço do raciocínio da justiça social. Ao tratar as pessoas como membros de grupos raciais, e não como indivíduos, e ao priorizar a raça à idade, mais negros e não-brancos morrem em termos absolutos, mesmo que a proporcionalidade geral de mortes entre negros e não-brancos diminua em comparação com a morte dos brancos. A estatística “igualitária” se torna um objetivo mais elevado do que salvar vidas.
Isso é um absurdo e uma tragédia. E deveria minar nossa confiança nas autoridades de saúde pública. Portanto, confie nos cientistas quando eles baseiam suas decisões na ciência. Mas duvide deles com toda a força quando os cientistas começam a se dizer especialistas em moralidade.
Ben Shapiro é apresentador do “Ben Shapiro Show" e editor-chefe do DailyWire.com.