À medida que os mercados caem por causa do medo em torno do novo coronavírus, analistas políticos chamam para si a responsabilidade por encontrarem algum sentido na pandemia, reagindo a ela. E, onde há demanda por opiniões especulativas, jamais deixará de haver oferta.
Assim, vimos o presidente Donald Trump ser culpado pelo coronavírus, que se originou em Wuhan, na China. Vimos a reação governamental, que varia muito em termos de sucesso de acordo com o país, ser considerada a refutação definitiva dos preceitos libertários. Vimos o impacto econômico do coronavírus ser chamado de uma conspiração para quebrar a cadeia de suprimentos, alcançando-se, assim, o domínio industrial.
Nenhuma dessas análises é especialmente convincente. A reação da administração Trump tem sido tão forte quanto as tentativas dos antigos governos de lidarem com epidemias como a SARs e a gripe suína.
Embora Trump não projete exatamente uma sensação de competência administrativa, as pessoas ao redor dele, desde o dr. Anthony Fauci, do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, até o cirurgião-geral, dr. Jerome Adams, são plenamente capazes.
O libertarianismo não sugere que a ação coletiva não possa ser posta em prática no caso de emergências públicas causadas por fatores externos — poucos libertários se opõem aos departamentos de política e às regulamentações ambientais, por exemplo — e a ação governamental até aqui foi, na melhor das hipóteses, bastante contida.
As soluções para as cadeias de produção vulneráveis que passam por países autoritários são, primeiro, uma análise das ameaças à segurança quando da formulação de políticas comerciais por parte dos países ocidentais e, depois, o reforço das cadeias de produção por meio da diversificação.
Então quais são as lições reais a serem aprendidas com o coronavírus?
Primeiro, deveríamos dar prioridade aos países que são mais transparentes no que diz respeito à distribuição da informação.
A China tem sido elogiada pela forma como se intrometeu na vida pública, o que reduziu drasticamente a transmissão da doença. Mas, se não fossem os esforços propagandísticos da China para abafar as notícias sobre o coronavírus, a epidemia provavelmente não teria se tornado uma pandemia.
Em segundo lugar, temos de parar de promover rumores anticientíficos sobre coisas como vacinas. A contenção do coronavírus dependerá do desenvolvimento de uma vacina e os norte-americanos deveriam entender que as vacinas funcionam. Equívocos quanto às vacinas devem ser repudiados.
Em terceiro lugar, deveríamos lembrar que crises exacerbam questões subjacentes; elas raramente as criam.
A volatilidade econômica quando da eclosão da epidemia apenas expôs as fragilidades inerentes das economias chinesa e europeia; esses problemas sistêmicos não serão solucionados com um Band-Aid. Os problemas de saúde pública com os moradores de rua provavelmente estarão em evidência nos Estados Unidos; eles não desaparecerão depois do coronavírus.
O coronavírus deveria reforçar a necessidade de uma ação na falta de uma crise.
Por fim, deveríamos lembrar que a caridade e o apoio da comunidade local são importantes. A reação governamental em larga escala jamais será tão eficiente quanto a reação pessoal. Cuide de seus vizinhos. Cuide de sua família.
Passe a se comportar de uma forma que diminua o risco. E espere para obter mais informações. Talvez a melhor lição disso tudo seja a de que tirar conclusões com base na falta de informação é um erro grave.
Ben Shapiro é apresentador do "The Ben Shapiro Show" e editor-chefe do DailyWire.com.