Neste mês, o preço do petróleo nos contratos futuros caiu drasticamente. Na verdade, os preços entraram no território negativo no curto prazo.
Essa situação bizarra, provocada pela falta de demanda e falta de instalações de armazenagem, levaram a irrepreensível deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez a tuitar: “Isso é lindo de se ver. Juntamente com as baixas taxas de juros, isso mostra que é hora de um investimento em massa, promovido pelos trabalhadores, em infraestrutura ecológica para salvar nosso planeta”.
Era um tuíte ignorante até mesmo para ela — o que é extraordinário, levando em conta as análises anteriores da deputada —, por isso Ocasio-Cortez o apagou. Depois ela reforçou o argumento em outro tuíte, chamando o nível baixo no preço do petróleo de “oportunidade de ouro” para “criar milhões de empregos promovendo a transição para a energia limpa e renovável”.
Desnecessário dizer que investir em formas de energia caras e ecológica numa época em que os produtores de petróleo não conseguem escoar a produção é uma estupidez. Mas a ex-aluna de economia da Universidade de Boston apenas ressalta uma verdade inconveniente quanto a essa pandemia e o acontecerá depois dela: para os mais sectários, toda crise é uma oportunidade de se promover uma visão política.
A pauta mais óbvia para os esquerdistas é o aumento do poder do governo. Dan Balz, correspondente do Washington Post, babava ao dizer que “pela primeira vez, muitos norte-americanos estão recorrendo ao governo para sobreviverem economicamente. Com o tempo, isso pode fazer com que eles tenham uma outra visão do governo”.
O senador Bernie Sanders escrever ao New York Times que “o impacto desigual da pandemia e o colapso econômico nos obrigam a repensarmos nosso sistema”. Entre as coisas que devem ser repensadas está a economia de livre mercado (Sanders chama o livre mercado de “o caminho da ambição e do capitalismo selvagem”).
O New York Times chamou o coronavírus de “a nova fronteira na luta pelos direitos civis” e citou o trapaceiro racial e reverendo Jesse Jackson, que quer a criação de uma comissão do governo para investir o “racismo e a discriminação implícitos nas políticas públicas” e que resultam em disparidades sanitárias.
É justamente esse tipo de atitude – a de que toda crise é uma arma nova na guerra por um governo maior e em defesa de uma reformulação geral das negociações constitucionais — o que faz com que cada vez mais norte-americanos vejam a quarentena com ceticismo.
Uma coisa é isolar a população numa medida apartidária e com objetivos claros — objetivos como impedir que pacientes com coronavírus inundem o sistema de saúde. A maioria dos norte-americanos aceitará isso e está disposta a dar aos legisladores o benefício da dúvida.
Mas quando os políticos começam a revelar motivos aleatórios para as medidas de isolamento, os norte-americanos começam a se questionar.
Quando os políticos tomam medidas que obviamente não ajudam no combate ao coronavírus — medidas como fechar parques mesmo que as pessoas estejam praticando o distanciamento social ou impedir que norte-americanos comprem material de jardinagem e ao mesmo tempo garantir que as clínicas de aborto permaneçam abertas — os norte-americanos começam a se perguntar se os políticos são dignos de confiança.
E quando os políticos reagem a esses questionamentos com acusações histéricas de que pessoas que perguntam isso simplesmente não se importam com a vida humana, os norte-americanos ficam ainda mais desconfiados.
Crises exigem que se confie em autoridades. Mas as autoridades devem conquistar essa confiança por meio de medidas sensatas e bem fundamentadas. Elas têm de ser transparentes quanto ao que estão fazendo e por que estão fazendo isso.
Quando, em vez disso, as autoridades sugerem abertamente que sua pauta não tem só a ver com deter o coronavírus, mas também reformar o país de acordo com sua visão política, elas perdem nossa confiança. E devem perder mesmo.
*Ben Shapiro é apresentador do "Ben Shapiro Show" e editor-chefe do DailyWire.com.