Na semana passada, o Capitólio foi invadido por um grupo de apoiadores de Trump que acreditaram em várias mentiras: a mentira de que o presidente Donald Trump perdeu a eleição por causa de fraudes e irregularidades, a mentira de que o resultado do Colégio Eleitoral, certificado por todos os estados, poderia ser revertido pelo Congresso ou pelo vice-presidente, a mentira de que Trump permaneceria no cargo somente se alguma espécie de rebelião armada impedisse a confirmação do resultado eleitoral pelo Congresso.
Tudo mentira. E essas mentiras tiveram consequências fatais.
Ainda bem que a maioria dos norte-americanos não acreditam nessas mentiras. O que significa que deveríamos conseguir nos unir em torno de certas verdades básicas: a de que Joe Biden é legalmente o presidente eleito dos Estados Unidos; a de que a violência política é totalmente errada e a de que aqueles que participam de atos de violência devem ser punidos com todo o rigor da lei; e a de que acusações sobre violações de direitos devem estar apoiadas em provas sólidas.
Mas não nos uniremos.
Porque, ainda que o Partido Democrata e a esquerda concordem que Biden é o presidente eleito, eles discordam quanto ao princípio fundamental de que a violência com fins políticos é errada e com o preceito mais fundamental ainda de que acusações requerem provas.
O que vimos no verão de 2020, quando autoridades do Partido Democrata fizeram pouco caso das manifestações violentas que se espalharam por todo o país em nome de outra mentira – a de que os Estados Unidos são sistematicamente racistas e foram fundados tendo por base a escravidão e a segregação e estão cheios de policiais preconceituosos dedicados a perseguir os negros.
Os democratas não pedem provas que sustentem essas acusações. Submissos, eles simplesmente repetiam à exaustão mentiras sobre a ameaça à existência dos negros nos Estados Unidos. O que significa que, para os democratas e a esquerda, não há nada de mau na violência, desde que ela dê suporte à sua narrativa, e acusações sem provas são bem-vindas, desde que elas se enquadrem na pauta política.
A fim de defender tal violência, a esquerda se mobilizou por trás de outra mentira conveniente: a de que a invasão do Capitólio representa todos os conservadores e republicanos.
Paul Krugman, do New York Times, sugeriu que o “golpe era gestado há décadas” e culpando as “elites republicanas” de antes de Reagan pela violência.
O Washington Post amplificou uma publicação maluca do presidente do Partido Republicano do Condado de Nye, em Nevada, que defendia um referendo sobre “a luta antiga dentro do Partido Republicano envolvendo teorias da conspiração, a ideia de pureza e a fragilidade do Estado de Direito”.
A imprensa saiu à caça de republicanos a fim de culpá-los pela invasão do Capitólio, pedindo a censura a conservadores famosos e incentivando a perseguição perpetrada pelas redes sociais.
Mentiras são perigosas. E a hipocrisia talvez seja a maneira mais perigosa de se mentir. Ela confere a coragem da pureza aos que estão mais dispostos a desafiar a decência, gerando espasmos de crueldade e maldade do outro lado.
A solução para a nossa crise de consciência nacional não está nos expurgos políticos de má-fé ou na repetição das cansativas mentiras quanto ao caráter dos Estados Unidos Está na verdade.
Mas a verdade é mais um escudo do que uma espada. E vivemos hoje a era das espadas, empunhadas agressivamente por pessoas com poucos princípios, mas com uma certeza infinita de sua superioridade moral.
Ben Shapiro é apresentador do “Ben Shapiro Show" e editor-chefe do DailyWire.com.
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