Em novembro de 2009, Charles Krauthammer ministrou uma palestra intitulada “A decadência é uma escolha”. Nela, Krauthammer dizia que “a questão sobre a decadência ou não dos Estados Unidos não pode ser respondida afirmativa ou negativamente. (...) Nada é inevitável. Nada está escrito. Para os Estados Unidos de hoje, a decadência não é uma condição. A decadência é uma escolha”.
Na semana passada, o presidente Joe Biden optou pela decadência. A escolha não era inevitável. Foi uma escolha extremamente estúpida, sintoma do compromisso de Biden com sua ideologia – uma ideologia que deu de cara com a parede da realidade no Afeganistão.
Os ex-presidentes Barack Obama e Donald Trump quiseram retirar os Estados Unidos do Afeganistão, mas ambos perceberam a realidade da situação: a retirada do apoio norte-americano às tropas afegãs significaria a volta do Talibã – regime terrorista responsável pelo apoio a Osama bin Laden e à al-Qaeda.
Biden sabia disso. Mas ele simplesmente não se importava. Como teria dito em 2010, falando com Richard Holbrooke sobre a responsabilidade norte-americana no Afeganistão: “Que se dane! Não temos de nos preocupar com isso. Fizemos a mesma coisa no Vietnã e Nixon e Kissinger saíram ilesos”.
Assim, Biden destruiu a ofensiva no Afeganistão que permitiu que a missão contraterrotista norte-americana naquele país continuasse.
O exército afegão foi criado para funcionar com o apoio aéreo dos Estados Unidos. Biden retirou esse apoio. Na verdade, ele chegou até a proibir que fornecedores norte-americanos entrassem no país para ajudar a Força Aérea afegã na manutenção dos equipamentos. Esse prejudicou o exército afegão e depois o culpou por ter abandonado o campo de batalha.
E Biden mentiu. Mentiu ao dizer que o Afeganistão representava uma “guerra eterna” responsável por “intermináveis fileiras de lápides no cemitério nacional de Arlington”. Na verdade, os Estados Unidos encerraram os combates no Afeganistão em 2014 e contavam com apenas 2.500 soldados antes da retirada improvisada de Biden, e não tinha sofrido nenhuma baixa desde fevereiro.
Biden deu a entender que estava de mãos atadas por um acordo entre a administração Trump e o Talibã, embora ele não tivesse problemas em passar por cima dos acordos de Trump e apesar de o Talibã não ter cumprido quaisquer das exigências contidas no acordo com Trump.
E ele mentiu ao dizer que o colapso do exército afegão era consequência da falta de força de vontade daquele povo. As forças armadas do Afeganistão sofreram 55 mil baixas desde 2015, enquanto as forças da OTAN não sofreram nenhuma.
Mas por que Biden fez tudo isso? Porque o poderio norte-americano não é prioridade para ele. Ele quer reduzir a presença do país no cenário mundial. Ele quer os Estados Unidos concentrados em criar um Estado de bem-estar social ao estilo nórdico e um projeto racial inflamatório.
O resultado da retirada norte-americana do Afeganistão será o renascimento da ameaça terrorista, já que nossos inimigos percebem que somos tigres de papel, a violência chinesa contra Taiwan e a aproximação entre China e Talibã, e novas ofensivas da Rússia e Irã.
A política externa abomina o vácuo. E Biden criou um vácuo de poder intencional. Ao abandonar um aliado de duas décadas, Biden ainda envia uma mensagem ao mundo: os que contavam com o apoio norte-americano não podem mais contar com ele. É melhor que eles estabeleçam relações pragmáticas com os inimigos dos Estados Unidos.
Enquanto isso, Biden fomenta o hospício norte-americano. Com a economia sofrendo pressão inflacionária, ele continua a promover o gasto público trilhonário, mais direitos e a reforma total da relação entre indivíduos e governo.
Se é que existe uma Doutrina Biden, essa doutrina diz o seguinte: rendição no exterior e intervencionismo dentro das fronteiras. A decadência é uma opção. E Biden escolheu isso.
Ben Shapiro é apresentador do “Ben Shapiro Show" e é editor emérito do Daily Wire.
©2021 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês
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