Zhang Bin, o bilionário chinês e conselheiro político do Partido Comunista da China (PCCh) que fez uma “doação” de US$ 1 milhão à Fundação Pierre Elliott Trudeau, queria construir um monumento com as imagens do ditador Mao Tsé-Tung e do ex-primeiro-ministro canadense na Universidade de Montreal.
Aproximadamente US$ 50 mil foram originalmente destinados a uma estátua em homenagem ao pai do atual premiê, Justin Trudeau, que deveria ser construída em frente à faculdade de direito da universidade. No entanto, Zhang supostamente propôs uma alteração. "Ele [Zhang] sugeriu uma estátua com Trudeau e Mao juntos", confirmou Geneviève O'Meara, porta-voz da Universidade de Montreal, ao Globe & Mail na terça-feira (28).
Zhang fez a contribuição após a eleição federal canadense de 2015, que levou Justin Trudeau ao poder, e compareceu a uma arrecadação de fundos posterior em Toronto, na qual o primeiro-ministro estava.
O ditador Mao Tsé-Tung, também conhecido como o Grande Timoneiro, foi o fundador da República Popular da China (RPC) e presidiu o país de 1943 até sua morte, em 1976. Mao impôs políticas danosas ao país amplamente agrário, conhecidas como Grande Salto Adiante, em uma tentativa de modernização rápida.
“Mao pensou que poderia catapultar seu país para além de seus concorrentes ao reunir aldeões em todo o país em gigantescas comunas populares. Em busca de um paraíso utópico, tudo foi coletivizado. As pessoas tiveram seus trabalhos, casas, terras, pertences e meios de subsistência tirados delas”, explicou o historiador Frank Dikötter em um artigo no History Today.
No entanto, o Grande Salto Adiante devastou o país recém-independente e ceifou a vida de milhões de pessoas.
“O que sai desse dossiê maciço e detalhado é um conto de horror no qual Mao emerge como um dos maiores assassinos em massa da história, responsável pela morte de pelo menos 45 milhões de pessoas entre 1958 e 1962”, observou Dikötter.
Reportagens publicadas nas últimas semanas pelo Globe & Mail e pelo Global News revelaram que a China se envolveu em uma sofisticada campanha de interferência eleitoral no Canadá antes das eleições federais de 2021, nas quais Justin Trudeau e o Partido Liberal se mantiveram no poder.
Fontes do Serviço Canadense de Inteligência de Segurança (CSIS), o equivalente no país à CIA, divulgaram para os jornais informações de que diplomatas chineses fizeram doações não declaradas durante campanhas políticas canadenses e recrutaram empresários locais para contratar estudantes estrangeiros para fins de campanha, conforme relatos publicados na semana passada.
O principal objetivo do PCC era impedir a vitória do Partido Conservador, que considerava ter uma postura mais dura em questões como a soberania de Taiwan ou os direitos humanos em Hong Kong em comparação com os liberais no poder.
“Mais importante, os relatórios de inteligência mostram que Pequim estava determinada a impedir que os conservadores vencessem. A China empregou campanhas de desinformação e terceiros ligados a organizações sino-canadenses em Vancouver e na Grande Toronto, que têm grandes comunidades de imigrantes chineses, para expressar oposição aos conservadores e favorecer os liberais de Trudeau”, escreveram os jornalistas Robert Fife e Steven Chase.
Parte do esforço de interferência eleitoral incluiu a disseminação de mensagens políticas anticonservadoras por meio da mídia local em chinês, incluindo declarações como: “O Partido Liberal do Canadá está se tornando o único partido que a República Popular da China pode apoiar”.
O primeiro-ministro Trudeau procurou refutar os pedidos de inquérito público sobre o assunto, alegando que os críticos estão politizando desnecessariamente o assunto. “Não se trata de um partido contra outro”, disse Trudeau no início desta semana.
Os aliados de Trudeau também buscaram fazer um paralelo com os recentes debates americanos sobre integridade eleitoral. “Essa é a mesma tática do tipo Trump para questionar resultados de eleições no futuro”, afirmou Jennifer O’Connell, secretária parlamentar do Ministério de Assuntos Intergovernamentais.
©2023 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.
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