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Desde os anos 60, a marca Harley-Davidson é sinônimo de liberdade individual, patriotismo e um certo estilo de vida rebelde. Um imaginário que passa longe de questões políticas e sociais – tampouco das causas identitárias da chamada cultura woke.
Mas acredite: nos últimos 15 anos, esse símbolo norte-americano de independência se entregou à agenda progressista e passou por um processo de adoção de inúmeras iniciativas de DEI (diversidade, equidade e inclusão).
Aos poucos, a fabricante de motocicletas implantou cotas de contratação, treinamentos “conscientes” e metas para ampliar os gastos com fornecedores operados por “grupos minoritários”.
Também patrocinou paradas da diversidade e ingressou no sistema de pontuação da Human Rigths Campaing (Campanha de Direitos Humanos), organização que avalia o compromisso das empresas com os direitos da comunidade LGBT.
Na última segunda-feira (19), no entanto, a Harley-Davidson iniciou uma redução drástica dessas atividades. Pressionada por uma intensa mobilização anti-woke realizada na internet, a companhia sediada em Milwaukee, no estado do Wisconsin, anunciou a revisão e até mesmo a eliminação de alguns de seus programas de DEI.
A ideia é que, a partir de agora, as políticas reafirmem o compromisso do grupo com os valores de sua base de clientes e, principalmente, voltem a ser alinhadas com o que realmente interessa aos sócios e acionistas: os negócios.
Em sua conta oficial no X, a empresa declarou: “Estamos tristes com a negatividade nas redes sociais nas últimas semanas, voltada para dividir a comunidade Harley-Davidson. Levamos essa questão muito a sério e é nossa responsabilidade responder com clareza, ação e fatos”.
Ao longo de mais de seis décadas, a companhia fundada em 1903 teve sua imagem ligada ao transporte utilitário e militar (especialmente durante a Segunda Guerra Mundial, quando forneceu motos para o exército).
Até que o sucesso do filme ‘Sem Destino’ (Easy Rider, 1969), um dos marcos da contracultura sessentista, mudou totalmente essa reputação.
A Harley pintada com a bandeira dos EUA e guiada pelo personagem Wyatt (Peter Fonda) se tornou tão icônica quanto o próprio longa ou seu tema principal (“Born to be Wild”, da banda Steppenwolf).
Mais do que isso, virou um símbolo americano – e o típico alvo da sanha controladora e destruidora dos grupos radicais.
Harley reforça tendência corporativa de reconsiderar programas de DEI
“É hora de expor a Harley Davidson”, avisou no X o cineasta e comentarista político Robby Starbuck, no dia 23 de julho. Em seguida, ele listou uma série de posturas woke adotadas pela fabricante de motocicletas por imposição ideológica.
Apoiado por Elon Musk, que costuma compartilhar seus posts, o influencer conservador também esteve por trás de campanhas e boicotes semelhantes contra outras corporações cujo público tem perfil conservador, porém se renderam ao ativismo identitário.
John Deere (gigante do ramo de maquinários agrícolas) e Tractor Supply (varejista de produtos rurais) são dois exemplos recentes de empresas que reconsideraram suas políticas de DEI após protestos puxados por Starbuck.
“Talvez agora os inimigos entendam que minha estratégia funciona. Estamos vencendo e vamos tornar as empresas sãs novamente”, afirmou.