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Prosperidade

Como o capitalismo faz com que você viva melhor do que os magnatas do passado

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Com um pequeno barco que comprou aos 16 anos com dinheiro da mãe, Cornelius Vanderbilt (1794 - 1877) começou navegando pelas águas do porto de Nova York e acabou formando um vasto império no crescente ramo de transportes. Aos 20 já era rico e, quando morreu, tinha acumulado uma fortuna de U$105 milhões (ou, em valores corrigidos, quase US$200 bilhões, mais do que o dobro do patrimônio de Bill Gates).

A Forbes estima que o patrimônio líquido de Vanderbilt fosse equivalente a 1,15% do PIB dos Estados Unidos na época e sua riqueza constituísse a maior fortuna já acumulada por qualquer norte-americano até então. Ele seria superado apenas um século depois, por John D. Rockefeller.

Cornelius, no entanto, não chegou a experimentar a maior parte dos confortos modernos trazidos pela industrialização. Água corrente, vasos sanitários com descarga e ar-condicionado. Geladeira, microondas, remédios e anestesia. Isso sem falar nos telefones celulares, acesso à Internet e televisão por satélite. O magnata da logística foi o homem mais rico de seu tempo, mas provavelmente trocaria toda a sua fortuna pela vida confortável de alguém de classe média hoje em dia.

Tanto a história quanto os dados disponíveis mostram que, longe de produzir miséria, o capitalismo é uma magnífica máquina de geração de riqueza. Em primeiro lugar porque, desde os primórdios da humanidade, a condição natural do homem é a pobreza. Parece evidente dizer que, a princípio, há dezenas de milênios, não existia nada na Terra para o ser humano além de animais, plantas e recursos naturais em geral.

Essa realidade foi transformada gradativamente, especialmente em virtude da acumulação de capitais, da expansão dos mercados e do empreendedorismo. A Revolução Industrial, que consolidou o processo de surgimento do modo de produção capitalista, foi uma combinação desses fatores.

Sob diversos aspectos, o mundo se desenvolveu mais, e de forma mais rápida, após o século XVIII: o crescimento da população mundial, a redução da pobreza, a melhora dos índices de desigualdade, a alfabetização, a queda da mortalidade infantil, o aumento da expectativa de vida, entre outros. Os parâmetros de avaliação são muitos. O resultado, no entanto, é incontroverso: o mundo mudou para melhor.

Pela primeira vez na história, segundo dados do Financial Times, há mais pessoas na classe média do que na pobreza. O mundo não está apenas mais rico; as pessoas estão migrando cada vez mais rápido para a classe média — que, por sua vez, também está enriquecendo. Tudo isso melhorou os índices de bem-estar para patamares jamais alcançados na história.

Os números podem nos deixar otimistas. De acordo com estimativas do Our World in Data, a taxa de pobreza extrema, que era de 94% em 1820, caiu para menos de 10% em 2015. Isso é ainda mais impressionante se considerarmos que a população mundial cresceu mais de sete vezes nesse período.

Isso só foi possível pela livre iniciativa. Países ricos, com maior probabilidade de sucesso e com melhor qualidade de vida, são países economicamente livres. É o que indica uma forte correlação entre os critérios do ranking de liberdade econômica da Heritage Foundation e os indicadores sociais de um país. Quanto mais livre economicamente é um país, maior tende a ser seu Índice de Desenvolvimento Humano. De forma geral, quanto melhor a colocação de um país no levantamento, maior é o bem-estar dos cidadãos.

Embora nos dias de hoje milhões de pessoas ainda estejam em situação de privação de necessidades básicas, os dados mostram que a vida melhorou. A maioria dos indivíduos se encontra mais protegida contra doenças, mais bem abrigada, mais bem alimentada, vive mais e tem luxos inimagináveis em relação a seus antepassados.

Luxos são parte do cotidiano

Bens luxuosos, anteriormente restritos a nobres, donos de petrolíferas e grandes banqueiros, passaram a fazer parte da vida dos mais pobres. Com o aumento de produtividade proporcionado pelo capitalismo, bens e serviços antes restritos à elites ficaram mais acessíveis, tornando possível seu consumo pelas massas.

No Brasil colonial, por exemplo, até mesmo produtos que hoje encontramos em qualquer padaria da esquina, como queijos, azeites e azeitonas, eram restritos a pessoas mais ricas, como os senhores de engenho, em virtude das dificuldades de importação. E, naquela época, os ricos nem sonhavam com a conserva de alimentos em um refrigerador.

Em 1937, uma geladeira Frigidaire custava 15 milhões de réis, o equivalente a 62 salários mínimos na época. Hoje, mais de 98% dos brasileiros têm geladeira. E as mais simples custam menos ou o mesmo valor do que um salário mínimo, segundo o IBGE.

Da mesma forma, há algumas décadas somente pessoas com alto poder aquisitivo podiam ter um telefone celular. Em 1983 um Motorola Dynatac 8000X custava US$4 mil, o equivalente a US$10 mil (ou mais de R$40 mil!) em valores de 2010. O aparelho pesava quase 2,5kg e sua bateria durava apenas 20 minutos. Atualmente, há 230 milhões de smartphones em uso no Brasil, mais de um por habitante.

Matt Ridley, no livro “O Otimista Racional”, calcula que em 1800 uma pessoa com salário médio precisava trabalhar 1 hora para adquirir reles 10 minutos de luz. Hoje, a mesma hora de trabalho custeia em média 300 dias inteiros de luz artificial. Qualquer brasileiro que tenha uma lâmpada em casa faria um magnata do século XIX morrer de inveja.

Até 1750, 60% das pessoas trabalhavam produzindo alimentos. Isto é, eram necessárias 60 pessoas produzindo para alimentar 100 habitantes. Sem tratores, controle de pragas ou adubos artificiais, trabalhávamos muito para colher pouco. De lá para cá, o desenvolvimento da tecnologia e mecanização da agricultura liberaram bilhões de pessoas do trabalho pesado no campo. Hoje, na Europa, só 3% das pessoas trabalham no setor. No Brasil, um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, esse número é de 10%.

Estima-se que, em 1994, há pouco mais de 25 anos, um rodízio de carnes custava aproximadamente R$13, cerca de 20% de um salário mínimo. Hoje o mesmo salário mínimo paga rodízio para até seis pessoas numa churrascaria tradicional.

Para comprar um carro popular em 1994, eram necessários, em média, 113 salários mínimos. Atualmente, é possível adquirir modelos novos de automóveis por cerca de 43 salários mínimos. E a gasolina? Em 1994, o salário mínimo comprava 117 litros de gasolina; hoje, compra 257 litros.

Pessoas que trabalharam no setor de transportes, como Henry Ford ou o próprio Cornelius Vanderbilt, foram responsáveis por levá-lo mais rápido para onde você quer. Mas não apenas isso: elas permitiram que você trabalhe menos horas para conseguir pagar por isso (e pelo combustível necessário). Na prática, ao enriquecerem, essas pessoas permitiram que você tivesse mais tempo livre, o que aumentou o seu bem-estar e o tornou mais rico também. E observe: o tempo é a verdadeira métrica da prosperidade — você é tão mais próspero quanto mais bens e serviços consegue consumir como resultado de uma mesma quantidade de trabalho.

Até mesmo o sal, hoje em dia tão acessível ao cidadão comum, já foi considerado uma espécie de "direito fundamental" em sociedades antigas. A extração foi monopolizada em diversos lugares, sendo o produto provido pelo Estado. Os romanos, embora não tivessem estabelecido um monopólio, subsidiavam o produto com o lema "Sal para todos". O que já motivou guerras, ergueu impérios e era uma obsessão até o final do século XIX, hoje custa menos de R$2/kg.

Como bem define a frase “o capitalismo transforma luxos em necessidades”, atribuída ao empresário americano Andrew Carnegie, eis a maior virtude deste sistema: criar confortos e torná-los parte do cotidiano.

Não é à toa que esse processo de desenvolvimento, que sempre aconteceu de forma lenta ao longo da humanidade, experimentou uma aceleração exponencial nos últimos 200 anos. De fato, os padrões de vida hoje são significativamente melhores do que os de um século atrás, e mais pessoas escapam da morte na infância e vivem o bastante para usufruir dessa prosperidade.

Agora, ao tirar o smartphone do bolso e assistir a um simples vídeo, você está desfrutando de algo com o qual mesmo alguém poderoso e rico como Cornelius Vanderbilt provavelmente nunca foi capaz de sonhar.

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