Richard Ebeling, professor de economia na Faculdade Militar da Carolina do Sul e um amigo antigo, escreveu um importante artigo, intitulado “A Ética dos Negócios e a Moralidade do Mercado”. O texto foi publicado pelo Instituto Norte-americano de Pesquisas Econômicas.
Sua importância e senso de oportunidade são ressaltados pelo fato de muitos jovens norte-americanos, liderados por acadêmicos inescrupulosos, terem virado presas fáceis para a canto sedutor do socialismo.
Numa parte fundamental do artigo, Ebeling expõe o que considera os princípios éticos do livre mercado. Escreve ele:
A marca de um mercado verdadeiramente livre é o fato de todas as associações e relações se basearem num acordo voluntário e no consentimento mútuo. Outra forma de dizer isso é dizer que, numa sociedade livre, as pessoas são moral e juridicamente vistas como indivíduos soberanos que têm direito à vida, liberdade e propriedade adquirida honestamente, que não poderem ser coagidas a realizarem nenhuma transação que não considerem destinada ao seu melhoramento ou vantagem pessoal.
Você não mata, não rouba e não trapaceia usando de fraudes ou mentiras. Você só pode melhorar sua posição melhorando as circunstâncias dos outros. Seus talentos, habilidades e esforços devem se ater somente a uma coisa: o que os outros obterão de você, pelo preço que você quer, como fonte de sua renda e lucro?
Para muitas pessoas, lucro se tornou um palavrão e dessa forma surgiram slogans como “mais pessoas e menos lucro”. Muitos acreditam que a busca pelo lucro é a fonte dos problemas da Humanidade.
Mas geralmente a falta de motivação para se obter lucro é que é a verdadeira vilã.
Compare, por exemplo, a quantidade de reclamações que se ouve de empresas voltadas para o lucro com lojas de computadores, supermercados e lojas de roupas com as reclamações que se ouve de empresas sem fins lucrativos como o correio norte-americano, o sistema público de educação e o departamento de veículos motorizados.
As lojas de computadores, supermercados e lojas de roupas sofrem concorrência e precisam satisfazer os consumidores para obterem lucros e permanecerem abertos. Os carteiros, professores da rede pública e funcionários do departamento de veículos motorizados dependem de políticos e da coerção para conseguirem receber seus salários. Essas instituições continuam funcionando, estejam seus consumidores satisfeitos com seus serviços ou não.
Numa sociedade baseada no livre mercado, a renda não é confiscada nem distribuída. A renda é obtida por meio do trabalho.
Digamos que eu corto a grama do seu quintal. Ao terminar, você me pagaUS$50. Daí vou ao mercado e peço: “Me dê um quilo de contrafilé e seis cervejas produzidos por meus semelhantes”.
O dono do mercadinho pergunta: “Williams, o que você fez para merecer exigir o que seus semelhantes produziram?”
Eu respondo: “Eu trabalhei para eles”. O dono do mercadinho responde: “Prove”.
É quando tiro a nota de US$50. Podemos até pensar nos dólares como “certificados de desempenho”, isto é, provas de que você trabalhou para seus semelhantes.
O livre mercado é moralmente superior aos outros sistemas econômicos. Para poder exigir algo que meu semelhante produziu, sou obrigado a trabalhar para ele.
Compare isso com os serviços prestados pelo governo, que é quando um político me diz: “Você não precisa ficar sob o sol forte e cortar a grama do seu semelhante. Vote em mim e eu tirarei do seu semelhante o que ele produz e lhe darei”.
Ebeling diz que quem merece ser repreendido é quem usa o poder de coerção do governo para tirar proveito à custo dos outros.
Há milhares de exemplos assim: subsídios à custa dos contribuintes, pagamentos para os agricultores não cultivarem nada ou garantias de preços mínimos financiados com fundos públicos e preços mais altos para os consumidores, regulamentações que limitam a entrada em várias profissões, regulamentações que limitam a escolha do consumidor e ajudas e isenções para empresas.
Em poucas palavras, deveríamos protestar não contra o capitalismo. As pessoas deveriam protestar contra o capitalismo de Estado, no qual as pessoas usam a arena política para comprar favores do governo.
Se os millennials pretendem travar uma guerra contra os favores do governo e o capitalismo antiético, estou com eles. Mas temo que os anticapitalistas só estão querendo mesmo é uma parte do saque do governo.
Walter E. Williams é colunista do Daily Signal e professor de economia na George Mason University.
Deixe sua opinião