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O capitalismo realmente precisa de “mudanças”?

A missão GOES-U da NASA em um foguete SpaceX Falcon Heavy decola no Complexo de Lançamento 39A do Centro Espacial Kennedy da agência em Cabo Canaveral, Flórida, EUA, em 25 de junho de 2024: Elon Musk é capaz de construir foguetes mais rapidamente e com mais eficiência do que a NASA porque ele é livre para inovar.
A missão GOES-U da NASA em um foguete SpaceX Falcon Heavy decola no Complexo de Lançamento 39A do Centro Espacial Kennedy da agência em Cabo Canaveral, Flórida, EUA, em 25 de junho de 2024: Elon Musk é capaz de construir foguetes mais rapidamente e com mais eficiência do que a NASA porque ele é livre para inovar. (Foto: EFE/EPA/CRISTOBAL HERRERA-ULASHKEVICH)

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Em seu influente livro "Missão economia: Um guia inovador para mudar o capitalismo" [Portfolio-Penguin; 2022], a economista Mariana Mazzucato argumenta que o capitalismo está em crise, mas pode ser salvo por um estado regulatório maior, maiores subsídios e gastos governamentais sem restrições.

Com base no programa Apollo dos anos 1960, Mazzucato defende uma economia de grandes apostas, uma ideia por trás do governo "orientado por missões" que o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, está prestes a implementar e da agenda Build Back Better [plano para melhorar a infraestrutura] de Biden.

A ideia é que, assim como instituições privadas e públicas trabalharam juntas para enviar um homem à lua em 1969, os líderes políticos de hoje devem perseguir missões ambiciosas como emissões líquidas zero, equidade de renda e acesso igualitário à saúde.

"Financiamento não é suficiente", afirma Mazzucato. "O que é necessário é a governança do processo no interesse público."

Isso pode soar bem no papel. Basta reunir um grupo de pessoas capazes e bem-intencionadas para melhorar a vida de todos. Infelizmente, isso está totalmente errado.

Como Mazzucato reconhece, a inovação é crucial para o avanço humano, mas ela erroneamente trata o governo como sua fonte. Segundo ela, o financiamento relacionado à NASA resultou em tecnologias por trás de vários produtos, incluindo tênis esportivos, telefones com câmera e aspiradores portáteis. Ela está convencida de que esse cenário se repetirá à medida que o estado investir em outros setores.

Essa mentalidade, no entanto, ignora os custos de oportunidade. O dinheiro dos impostos que o governo gasta em projetos é dinheiro que o setor privado não tem para suas inovações.

O fracasso político também é provável. Forças de mercado imprevisíveis e incentivos errados complicam a capacidade do governo de escolher e perseguir missões. A luta da ONU para alcançar suas metas de sustentabilidade reflete esse princípio em uma escala maior.

Além disso, Mazzucato esquece que a maioria das invenções da era Apollo foram ramificações imprevistas e inesperadas. A inovação privada não é diferente, mas pelo menos quando um empreendimento falha, os indivíduos arcam com o custo, em vez dos contribuintes que não consentiram com aqueles gastos.

A maior desvantagem de uma economia de grandes apostas é o fato de que os mercados livres são melhores na inovação do que os governos.

A história do voo que Mazzucato cita ilustra involuntariamente essa lição. Em 1898, o governo federal investiu US$80.000 (mais de US$3 milhões em dinheiro de hoje) nas tentativas do melhor engenheiro da América, Samuel Langley, de construir a primeira aeronave movida a motor. O investimento nunca deu lucro, e Langley assistiu enquanto seu Aeródromo caía no rio Potomac.

Cinco anos depois, usando suas próprias economias, dois mecânicos de bicicletas de Ohio desafiaram a gravidade com um vigésimo do orçamento de Langley.

Por que os irmãos Wright tiveram sucesso onde Langley falhou? Ao contrário de Langley, seu tempo e recursos limitados os forçaram a ser eficientes e a se concentrar nos problemas corretos a serem resolvidos, como inovações de hélice e pesquisa em túnel de vento.

Ineficientes na mentalidade de missão governamental remetem à arrogância que nacionalizou fábricas soviéticas no século 20, que, na década de 1980, exigiam 50% mais material e o dobro de energia para igualar a produção das fábricas americanas.

Hoje, Elon Musk é capaz de construir foguetes mais rapidamente e com mais eficiência do que a NASA porque ele é livre para inovar. Segundo ele, os contratos governamentais incentivam os funcionários a maximizar o orçamento de seus projetos e, portanto, seu lucro. Se "você surgisse com alguma ideia brilhante para reduzir o custo... você seria demitido", afirma.

Ao contrário dos trabalhadores do governo, Musk não precisa superar a burocracia para realizar múltiplos testes por dia (uma prática sem precedentes) ou depender de apenas um tipo de motor (onde os foguetes típicos têm três). E se ele falhar, são ele e seus investidores que arcam com o custo.

Se o governo imprimir mais dinheiro para financiar os empreendimentos de Mazzucato, espere inflação e mais fracassos políticos com o dinheiro dos contribuintes, como com o lançamento de veículos elétricos, inúmeros fiascos ecológicos e fábricas financiadas pela administração Biden que estão vazias porque não há mão de obra ou demanda suficiente para seus produtos.

Essa realidade deve estar na mente dos legisladores enquanto consideram implementar mais regulamentações e expandir o investimento governamental. Os contribuintes britânicos e americanos devem estar atentos à influência adicional que o pensamento orientado por missões pode ter nas agendas de seus líderes.

O governo tem um papel essencial, mas limitado, a desempenhar na sociedade, mantendo o estado de direito e defendendo direitos. O que Mazzucato defende não mudaria o capitalismo, mas o substituiria por um governo inchado que ultrapassou muito esses limites.

Copyright 2024 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês: Does Capitalism Really Need ‘Changing’?

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