Israel e Líbano vinham se aproximando, mas grupos terroristas como o Hezbollah tentam sabotar a paz| Foto: Pixabay
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A Câmara de Comércio Árabe Brasileira diz haver no Brasil 3,2 milhões de libaneses e descendentes, a maior comunidade libanesa no exterior.

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Escrevo-lhes pela imensa força desta coletividade e porque tenho relação com inúmeros descendentes de libaneses, alguns deles amigos e companheiros de jornada.

Fui bolsista em Israel e lembro que entre 1966 e 1970 todos lá acreditavam que o Líbano seria o 2º país a fazer a paz com Israel. Diziam que sendo um país pequeno, sem força para ser o primeiro mas, dadas as relações calmas, tão logo um país árabe fizesse a paz, o Líbano seria o próximo. Mas tudo mudou a partir de 1970.

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O que mudou?

Em setembro de 1970 os palestinos, sob Yasser Arafat, tentaram tomar o poder na Jordânia e matar o Rei Hussein. Houve uma violenta guerra na qual os jordanianos expulsaram a Organização para a Libertação da Palestina e a Fatah (seu braço armado), que foram para o Líbano. A vinda dos palestinos gerou divisões internas e levaram à guerra civil (1975 a 1990) entre muçulmanos e cristãos, causando 150 mil mortos e abalando a convivência pacífica entre cristãos, sunitas e xiitas, gerando nova expulsão da OLP e de Yasser Arafat, desta vez para a Tunísia.

Em 1985 os xiitas criam o Hezbollah que se transformou num grupo terrorista forte, armado pelo Irã, hoje mais forte que o Exército Libanês.

Os riscos que o Líbano corre

O Hezbollah, como o Irã, quer destruir Israel, algo que a população de Israel rejeita, afinal o tempo em que judeus eram levados sem resistência às fogueiras da inquisição ou aos crematórios nazi-fascistas não voltarão. Após dois mil anos de perseguições e tentativas de extermínio, os judeus aprenderam a se defender.

Desde o massacre terrorista do Hamas, o Hezbollah vem atacando Israel. Inicialmente com quatro foguetes por dia, depois nove e, num crescendo, no último sábado com 62 foguetes e grande número de drones.

A violência dos ataques exigiram a retirada de quase 100 mil civis de suas casas (30 mil crianças), com imensa crise humanitária, destruição e deslocados internamente. As respostas iniciais de Israel foram pontuais mas podem se intensificar e levar destruição sem precedentes ao Líbano.

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O quê libaneses e descendentes podem fazer?

Vozes importantíssimas dentro do Líbano condenam as ações do Hezbollah, entre eles Samir Geagea, o principal líder cristão, e Fares Saíd, ex-parlamentar. Ambos afirmam que o governo libanês não consegue brecar o Hezbollah e temem que uma iminente destruição do Líbano. Neste domingo, estudantes tomaram as telas do aeroporto de Beirute: ao invés de informações de partida e chegada lia-se uma mensagem acusando o Hezbollah de colocar o Líbano em risco de uma guerra total com Israel.

A comunidade libanesa é fortíssima e pode ser uma imensa força para clarear os rumos cinzentos que pairam sobre o futuro do Líbano.

Israel e Líbano vinham se aproximando. As recentes conversações em Ras Nakura levaram a acordos de exploração de gás, com divisão dos lucros entre Líbano e Israel. Em outubro Israel abriu mão de 83% do campo de Sídon e o Líbano aceitou uma parceria nos lucros pois 17% ficam sob domínio de Israel. O Hezbollah, sedento de guerra, tentou sabotar o acordo — afinal, para eles a paz é absolutamente indesejável.

As agressões do Hezbollah estão levando Israel ao limite da paciência, podendo gerar um conflito de alto poder destrutivo — veja-se o ocorrido em Gaza e vocês, libaneses brasileiros, podem ajudar a evitar um confronto que trará mortes, caos econômico, destruição, empobrecimento e até fome.

Como judeu, sionista, amante da paz e do entendimento, peço aos descendentes libaneses no Brasil: não esperem. Escrevam já aos jornais, rádios e TVs no Líbano, telefonem aos familiares e amigos de lá e organizem-se em paralelo para aumentar a vossa força.

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Agora é vossa vez de agir.

Marcos L. Susskind é radialista e guia de turismo em Israel

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]