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Basem Haim (de terno azul e óculos) e João Daniel (de gravata vermelha) no evento pró-Palestina realizado na África do Sul.
Basem Haim (de terno azul e óculos) e João Daniel (de gravata vermelha) no evento pró-Palestina realizado na África do Sul.| Foto: Reprodução/Redes Sociais

João Daniel,

Vou tratá-lo por você — sou quase 20 anos mais velho. Você e eu temos histórias muito diferentes. Enquanto na minha juventude e início da vida adulta eu me dediquei, como voluntário, à educação de adolescentes, você se dedicou ao MST, movimento que eu reputo agitador. Enquanto eu frequentava os bancos universitários, você se dedicava à agitação política.

Eu lhe escrevo indignado por sua presença na chamada Conferência Global Antiapartheid pela Palestina. Você talvez não saiba, mas a Palestina é talvez o maior estado apartheid da atualidade — eu não conheço nenhum outro na mesma situação. Vamos aos fatos:

  • Em Israel vivem hoje 2.120.000 árabes e na Palestina, vizinha, zero judeu. Repito: não há um único judeu vivendo nas áreas de domínio tanto por parte da Autoridade Palestina (na Judeia e Samaria) e tampouco na área sob domínio do Hamas (Gaza). 
  • Não há um único hospital em Israel sem médicos e enfermeiros árabes. Não há um único judeu trabalhando em hospitais da Palestina. 
  • Árabes em Israel são proprietários de terras, imóveis, negócios. Já na Palestina havia uma lei que permitia condenar à morte quem vender terras a judeus ou a israelenses, ainda que cristãos ou muçulmanos. Desde 2005 a execução de quem vende terras a israelenses ou a judeus não é mais válida, mas sim penas de prisão perpétua com trabalhos forçados vitalícios. Mas pelo menos quatro árabes foram assassinados (linchados) por venderem terras a israelenses. 
  • Em Israel, há professores árabes desde o primário até o doutorado, juízes desde a 1ª Instância até a Suprema Corte. Árabes em Israel são prefeitos, vereadores, parlamentares, diplomatas, soldados, policiais e até generais. Na Palestina jamais houve sequer um judeu em qualquer das funções anteriores — sequer motoristas de taxi ou limpadores de ruas. 

Então, João Daniel, onde há apartheid? Por favor, responda honestamente — ainda que honestidade não seja um dos principais atributos da classe política.

Outro ponto vergonhoso foi sua foto ao lado de Basem Naim, líder do Bureau Político do Hamas, homem que não vive em Gaza, onde a população sofre com as decisões erradas de seus líderes terroristas. Ele vive confortavelmente em hotéis de luxo no Catar. Basem Naim é um mentiroso contumaz. Ele teve a coragem de negar os comprovados assassinatos, estupros e massacres de civis pelo seu movimento Hamas em muitas entrevistas, inclusive na Austrália, na Inglaterra e nos Estados Unidos. Por seu arsenal de mentiras, Basem Naim recebeu o nada honroso título de “principal propagador de desinformação sobre o ataque do Hamas contra Israel”, outorgado pelo seriíssimo Washington Post.

Há mais um ponto de indignação e revolta: você esteve lado a lado com aquele porta-voz e membro da cúpula do grupo terrorista que mantém 132 inocentes como reféns. Um destes reféns é brasileiro. Você intercedeu para a libertação do brasileiro? Não há sequer uma palavra da imprensa, do Hamas, do PT e sequer sua que mostre o mínimo de preocupação com a vida de um brasileiro inocente.

Pergunto-lhe, João Daniel, isto se deve ao seu histórico no PT, no MST e em outros grupos radicalmente favoráveis aos totalitários líderes do Hamas? Você foi, em diversas oportunidades, membro suplente da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da câmara. Por ter exercido esta função, você não deveria se calar frente à negação de direitos humanos ao Michel, o brasileiro sequestrado que em 223 dias de cativeiro não recebeu sequer uma visita da Cruz Vermelha, e não há nenhum sinal de vida dele.

Mas você estava muito ocupado em posar para foto adornado com símbolos palestinos, deixando de lado a oportunidade de salvar um brasileiro. Claro, você representa o MST e o PT e não a população brasileira, não é verdade?

João Daniel, sua viagem a este evento e a sua falta de ação para salvar um brasileiro é algo que causa um profundo asco. Espero, sinceramente, que seus eleitores leiam esta minha carta. Se o fizerem, saberão como agir nas próximas eleições.

Marcos L. Susskind é ativista comunitário, palestrante, guia de turismo em Israel e autor do livro "Combatendo o Antissemitismo"

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