De todas as famílias brasileiras, 62,2% são formadas por casais, com ou sem filhos. Esse é o dado mais recente, produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2015. Dez anos antes, o percentual era maior: 65,3%. A queda é preocupante por um motivo simples: famílias compostas por casais são estratégicas para reduzir a pobreza.
Ainda de acordo com o IBGE, entre os grupos familiares que estavam abaixo da linha de pobreza em 2017, 57% eram compostos por mulheres sem cônjuge e com filhos. Casais, com e sem filhos, formam uma fatia menor das famílias pobres brasileiras: 42%.
A ideia de que o casamento é importante para aumentar a renda e garantir a estabilidade financeira também está bem arraigada nos Estados Unidos, onde há décadas estudos comparam a situação socioeconômica de casais, na comparação com solteiros ou viúvos. “Viver em uma família formada por um casal reduz a probabilidade de uma criança viver na pobreza em 82%”, afirma, por exemplo, Robert Rector, especialista em estudos de políticas domésticas, em artigo para a Fundação Heritage.
Utilizando dados do censo americano, ele aponta que 36,5% das casas em que mães ou pais solteiros vivem com os filhos estão abaixo da linha de pobreza, enquanto que apenas 6,4% das residências compostas por casais com filhos são caracterizadas como pobres. “Não surpreende o fato de a esmagadora maioria das crianças pobres dos Estados Unidos viver em famílias formadas só pelo pai ou pela mãe. O casamento é uma arma poderosa na luta contra a pobreza”, conclui Robert Rector. “Ser casado tem o mesmo efeito, para a redução da pobreza, de adicionar cinco anos ao nível de formação escolar dos pais”.
Maior renda
O artigo, de 2008, já chamava a atenção para um problema social: a redução no número de crianças nascidas filhas de pais casados. Dez anos depois, as estatísticas haviam seguido a tendência identificada na época: de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas, 40% dos bebês americanos são filhos de pais que não eram casados, contra 10% em 1970.
Entre os negros, o percentual é muito maior do que para os brancos: 70% contra 30%. A diferença aumentou a partir de meados dos anos 1960. Para Robert Rector, esse é um fator que ajuda a explicar a diferença na renda de acordo com a raça. Por outro lado, diz ele, “o casamento reduz a pobreza tanto para brancos quanto para negros”.
Em parte, a explicação para o sucesso financeiro do casamento está no aumento da renda. A partir do momento em que as mulheres passaram a também trabalhar fora, a renda dos casais aumentou a ponto de, nos Estados Unidos, apenas 7% dos casais em que ambos trabalham ganharem menos de US$ 40 mil anuais.
Mas não se trata apenas da renda, afirma o analista. Estatisticamente, afirma, “crianças educadas por um só pai ou mãe têm maiores chances de desenvolver problemas emocionais e de comportamento; de serem abusadas fisicamente; de fumar, beber e usar drogas; de participar de atos violentos, delinquentes e criminas; de ter desempenho escolar pobre e, eventualmente, ser expulso da escola”. E mais: a chance de ser preso por algum crime cometido na juventude dobra.
Como já escreveu Genevieve Wood, também da Fundação Heritage, “o custo social e econômico da dissolução da família é pago por todos. Estudos mostram que o divórcio e os filhos fora do casamento custam aos contribuintes mais de US$ 110 bilhões por ano. Mas as verdadeiras vítimas são as crianças”.
Melhor ambiente
Isabel Sawhill, codiretora do Center on Children and Families e autora do livro Generation Unbound: Drifting into Sex and Parenthood without Marriage [Geração sem laços: rumando para o sexo e a maternidade e paternidade sem casamento], concorda: “Um casal de pais forma o melhor ambiente para crianças, na média”, afirma ela, em podcast sobre o assunto. Aliás, ser casado oficialmente parece ser mais satisfatório do que apenas morar com outra pessoa. Segundo um levantamento do Pew Research Center, 58% dos americanos casados consideram que sua relação vai muito bem, contra 41% dos que não formalizaram a união.
Como Isabel Sawhill e o cientista político Ron Haskins já defenderam, a família está no centro do que eles chamam de “sequência de sucesso”: pessoas que terminam ao menos o ensino médio, conseguem empregos em tempo integral e se casam antes de ter filhos, tudo nessa ordem, dificilmente se tornarão pobres. O casamento é, portanto, uma ferramenta eficaz para garantir qualidade de vida para as próximas gerações.
Partidos iniciam estratégias para eleições presidenciais de 2026 apesar de cenário turbulento
Congressista americana diz que monitora silenciamento da liberdade de expressão pelo STF
Com Milei na presidência do Mercosul em 2025, vitória da esquerda no Uruguai alivia Lula
China vai chegar a 48 mil km de trilhos de trens de alta velocidade, mas boa parte ficará ociosa
Deixe sua opinião