Diante das críticas do presidente Donald Trump de que o Twitter estaria fazendo “shadowbanning” (bloqueando usuários sem que eles percebam) e silenciando vozes conservadoras, o presidente-executivo Jack Dorsey admitiu que aqueles que trabalham para a gigante da mídia social têm suas próprias tendências – e que elas são “mais esquerdistas”.
Dorsey, no entanto, disse em entrevista à CNN no sábado (18) que a ideologia política não influencia como o Twitter determina o que é e o que não é um comportamento adequado na plataforma.
“A verdadeira questão por trás da questão é: ‘Estamos fazendo algo de acordo com ideologia política ou pontos de vista?’ E nós não estamos. Ponto final”, disse Dorsey. “Nós não olhamos para o conteúdo com relação ao ponto de vista político ou à ideologia. Nós olhamos para o comportamento”.
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“Precisamos mostrar constantemente que não estamos adicionando nossa própria tendência, que eu admito totalmente que é mais de esquerda”, acrescentou. “E acho importante articular nossas próprias tendências e compartilhá-las com as pessoas para que as pessoas nos entendam. Mas precisamos remover nossas tendências de como agimos, de nossas políticas e da aplicação das nossas regras”.
Os comentários de Dorsey vêm em meio a um debate sobre como as empresas de tecnologia influenciam o discurso público. Apple, Facebook, YouTube e Spotify tomaram medidas agressivas contra o apresentador de direita e teórico de conspiração Alex Jones por violar suas políticas de discurso de ódio. Spotify, Facebook e YouTube removeram Jones de suas plataformas, e a Apple seguiu o exemplo removendo a maioria dos podcasts publicados pelo site de Jones, o Infowars, do iTunes e de seus aplicativos de podcast.
O Twitter também suspendeu a conta de Jones por uma semana depois que ele pediu aos seus partidários que preparassem seus “rifles de batalha” contra os antifascistas e a grande mídia. Jones fez os comentários em seu programa, que foi publicado no Periscope, o serviço de streaming de vídeo do Twitter. O Twitter disse que os comentários de Jones violaram as regras da empresa sobre ameaças violentas.
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Em entrevista ao The Washington Post na semana passada, Dorsey disse que está repensando partes centrais do Twitter para conter a disseminação do discurso de ódio, assédio e notícias falsas. Ele também disse ao The Post que está experimentando novos recursos que permitiriam que as pessoas vissem pontos de vista alternativos e reduzissem as “câmaras de eco”.
O presidente Trump protestou veementemente contra o que ele vê como um preconceito contra as vozes conservadoras, twitando no sábado que as empresas de mídia social estão sendo “totalmente discriminatórias” contra os republicanos.
“Muitas vozes estão sendo destruídas, algumas boas e outras ruins, e isso não pode acontecer”, escreveu Trump de seu resort particular em Bedminster, Nova Jersey, prometendo que sua administração “não deixará isso acontecer”.
O presidente também lançou a ideia de “eliminar notícias falsas”, nomeando a CNN e a MSNBC, mas disse que não está pedindo que seu “comportamento doentio seja removido”.
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No mês passado, Trump disse que o Twitter está usando “SHADOW BANNING” em republicanos proeminentes.
“Isso não é nada bom”, twittou o presidente. “Vamos investigar essa prática discriminatória e ilegal imediatamente! Muitas reclamações”.
Dorsey descreveu o shadow banning como o ato de não ampliar certas mensagens ou de ocultar um tweet dos usuários.
Ele também disse que pessoas como ele deveriam ser mais abertas sobre suas visões e objetivos pessoais.
“Acho que as pessoas veem uma corporação sem rosto ... Elas não presumem que humanos estejam nela, ou que eles são genuínos ou autênticos”, disse ele à CNN. “Elas apenas assumem com base no que é o resultado. E isso é conosco. Isso é comigo”.
No início deste mês, Dorsey pediu aos jornalistas que “documentem, validem e refutem” rumores sem fundamento que se espalharem no Twitter. Alguns jornalistas discordaram do tweet e disseram que não é trabalho deles policiar informações falsas no Twitter.
“Eu não estou sendo pago para limpar o seu site para você”, disse o correspondente nacional do Los Angeles Times, Matt Pearce.
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