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A chuva cai da mesma forma sobre países capitalistas e socialistas. Mas, de forma geral, nações que adotam o livre mercado têm uma capacidade maior de evitar desastres naturais — ou de mitigar os efeitos das calamidades quando elas forem inevitáveis.
A história dos países socialistas está repleta de desastres ambientais provocados pela ineficiência e o autoritarismo do governo central. Sem uma imprensa livre e com o poder concentrado nas mãos de um único grupo político, esses regimes não costumam tratar o meio ambiente como prioridade. A Gazeta do Povo preparou uma lista com cinco exemplos que ilustram o problema.
1) O sumiço do Mar de Aral
O comunismo foi capaz de secar um mar.
Na sua tentativa de desenvolver a economia na marra, com um planejamento centralizado, a União Soviética exibia pouca preocupação com a sustentabilidade. O Mar de Aral, com 68 mil quilômetros quadrados (quatro vezes o tamanho do estado do Rio de Janeiro), aparecia em destaque nos mapas até a metade do século 20. Localizado entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, era o quarto maior lago do mundo. Hoje, restam bolsões de água, bancos de areia e carcaças de navios. Restam menos de 10% do Mar de Aral. O desaparecimento foi resultado da megalomania do regime comunista.
Segundo os cientistas, a principal razão para o sumiço do lago foi a transposição da água de dois rios conectados ao Mar de Aral. O objetivo era irrigar projetos agrícolas na região, que sofre com a falta de chuvas. Mas, com os rios canibalizados, o lago formado há 2,6 milhões de anos começou a desaparecer.
A queda no volume do lago tornou a água excessivamente salgada e imprópria para o consumo humano. Espécies animais sumiram e a indústria pesqueira da região entrou em colapso. A tragédia ambiental também prejudicou os agricultores que deveriam se beneficiar com os projetos de irrigação. Mais de três décadas depois do fim da União Soviética, os governantes da região ainda não conseguiram desfazer os efeitos das políticas soviéticas.
2) Tragédia em Chernobyl
O pior acidente nuclear da História foi agravado pela tentativa de acobertamento por parte do regime soviético.
O reator 4 da usina de Chernobyl, na Ucrânia, explodiu em abril de 1986 depois de uma série de falhas durante testes de segurança. De início, o regime comunista tentou encobrir o caso, mas o governo da Suécia detectou o aumento na radiação e pediu explicações ao governo soviético.
A falta de liberdade política e a ausência de uma imprensa livre impediram o fluxo livre de informações sobre o acidente. Todos os moradores da cidade vizinha de Pripyat tiveram de deixar suas casas — mas a demora do governo ao informá-los sobre o problema custou muitas vidas. O relatório oficial contabiliza 31 mortes causadas pela explosão. Segundo a ONU, cerca de 4 mil pessoas morreram por causa da exposição à radiação. O número de afetados provavelmente está na casa das centenas de milhares.
Pripyat é uma cidade fantasma até hoje.
3) Desmatamento na Coreia do Norte
Imagens de satélite mostram que a Coreia do Sul é mais verde que a do Norte.
No Norte, a estagnação econômica do regime comunista não permitiu que o país desenvolvesse atividades menos poluentes, como o setor de serviços ou de tecnologia. A queda da União Soviética abalou a situação econômica do regime norte-coreano e acelerou o processo de desmatamento.
Sem o petróleo vendido com desconto pelos soviéticos, a Coreia do Norte aumentou o ritmo de desmatamento. Grande parte dos norte-coreanos vive em áreas rurais. Em uma situação econômica de precariedade permanente, muitos utilizam lenha como combustível para aquecer a casa ou cozinhar.
Entre os anos 70 e 90, a cobertura florestal na Coreia do Norte caiu 17%, segundo um levantamento do Instituto Coreano de Meio Ambiente, da Coreia do Sul.
O desmatamento e a ineficiência do governo ajudam a explicar a instabilidade climática no país, que sofreu com uma seca causada por enchentes nos anos 90 e tem sofrido com as secas nos últimos anos.
“A paisagem está praticamente morta”, descreveu o cientista holandês Joris van der Kamp, após visitar o país em 2013.
4) Poluição do ar na China
O ar mais poluído do mundo está na China.
No ranking desenvolvido pela organização suíça IQAir e atualizado diariamente, a cidade de Pequim aparece em primeiro lugar nesta quarta (22).
O índice de 162, classificado como "insalubre" pela organização, é mais que o dobro de São Paulo, a cidade com o ar mais poluído do Brasil.
A situação em Pequim não é exceção: embora tenham progredido nos últimos anos, as cidades chinesas têm um nível de poluição muito acima da média global. Para o regime comunista, a preocupação com o meio ambiente tem importância secundária. O custo não é pequeno: segundo o Council of Foreign Relations, entidade dedicada ao estudo das relações internacionais, a contaminação do ar causa 1,1 milhão de mortes prematuras por ano na China.
A poluição não afeta apenas os cidadãos do país. A China é, de longe, o maior emissor global de CO2, que a maior parte dos cientistas acredita ser um dos causadores das mudanças climáticas.
5) Vazamentos de petróleo da Venezuela
Em um passado não muito distante, a Venezuela já foi referência na proteção ao meio ambiente. Não mais.
Ao mesmo tempo em que dilapidaram as instituições venezuelanas, os regimes de Hugo Chávez e Nicolas Maduro mergulharam o país em uma profunda crise econômica. Ambos os fatores ajudam a explicar um dos principais desastres ecológicos da história venezuelana.
Conforme as políticas socialistas da dupla afastaram investidores estrangeiros, a Venezuela se tornava cada vez mais dependente do petróleo.
Em 2020, enquanto o governo tentava reativar uma refinaria sucateada por falta de manutenção devida, 26 mil barris de óleo vazaram para o oceano.
O desastre atingiu diretamente o Parque Nacional Morrocoy e afetou um dos biossistemas mais ricos do país. Cientistas ouvidos pela agência Reuters dizem que a fauna e a flora da região devem levar meio século para se recuperarem plenamente.
Segundo o Center for Strategic and International Studies, um dos principais think tanks de Washington, a Venezuela teve 46 mil vazamentos de óleo e outros poluentes entre 2010 e 2020. O desmonte da administração pública profissional é o principal culpado.