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Pandemia

CIA tentou subornar especialistas para negar origem laboratorial da Covid, denuncia delator

William J. Burns, diretor da CIA
William J. Burns, diretor da CIA, em audiência de confirmação no cargo em 2021. (Foto: C-SPAN)

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A CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA) ofereceu suborno a seis analistas para que eles recuassem de suas conclusões e negassem a hipótese de que a Covid-19 se originou em um vazamento laboratorial, alegou um funcionário anônimo do alto escalão da agência em depoimento ao Congresso do país nesta terça-feira (12).

O depoimento faz parte das investigações do Subcomitê Seleto sobre a Pandemia de Coronavírus e do Comitê Seleto Permanente de Inteligência da Câmara dos Deputados. Segundo nota dos próprios comitês, o delator alega que dos sete especialistas ouvidos pela CIA a respeito das prováveis origens da Covid, seis concluíram que o vírus veio de um laboratório em Wuhan, metrópole chinesa em que a pandemia começou em 2019. Foram esses seis que teriam recebido ofertas de suborno para mudarem de ideia.

Os parlamentares presidentes dos comitês, Brad Wenstrup e Mike Turner, publicaram declaração conjunta em que detalham que o delator explicou que a opinião dos analistas da CIA a favor da origem laboratorial foi feita com “convicção baixa”, o que significa que pensam que é a origem mais provável, mas que as evidências a favor da conclusão ainda são insuficientes ou de baixa qualidade. Conclusão similar foi feita pelo FBI e pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos.

“O sétimo membro da equipe [de analistas], que também era o mais velho, foi o único funcionário a acreditar que a Covid-19 se originou através da zoonose”, ou seja, a partir de um salto de animais silvestres para seres humanos, disseram Wenstrup e Turner.

Os dois congressistas reagiram ao depoimento do delator da CIA mandando duas cartas oficiais. Uma para o diretor da agência, William Burns, convidando-o para depor no fim do mês (26) e informando-o que o relato é “preocupante” e que o delator é um funcionário com experiência “de múltiplas décadas, de nível sênior, em atividade” e “uma fonte aparentemente fidedigna”. Eles também solicitaram todos os documentos relevantes a respeito da equipe de investigação das origens da Covid.

A outra carta foi para o chefe de operações da CIA, Andrew Makridis, com mesmo teor e mesma data para depoimento voluntário perante os comitês. Tanto Brad Wenstrup e Mike Turner são do Partido Republicano e representam o estado de Ohio.

A revista científica Science reagiu rapidamente, questionando no mesmo dia a diretora de assuntos públicos da CIA, Tammy Kupperman Thorp, que reagiu ao depoimento: “Nós não pagamos a analistas para chegarem a conclusões específicas. Tratamos essas alegações com extrema seriedade e estamos investigando”. O virologista Kristian Andersen, principal autor do artigo científico que mais assentou prematuramente em 2020 a ideia de que já estava estabelecido que o vírus teve origem zoonótica, e que depôs aos comitês a respeito de mensagens privadas reveladas pelos parlamentares que mostram que ele parecia ter outra opinião em privado, disse à Science que o depoimento do delator “obviamente é papo furado”.

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