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Longevidade

Cientistas revertem envelhecimento cerebral e prolongam a vida de moscas

Pesquisadores americanos descobriram que envelhecimento causado por acúmulo de uma proteína nos neurônios pode ser revertido na mosca Drosophila. Sua capacidade de memória foi restaurada. Próximo passo é estudar o fenômeno em humanos.
Pesquisadores americanos descobriram que envelhecimento causado por acúmulo de uma proteína nos neurônios pode ser revertido na mosca Drosophila. Sua capacidade de memória foi restaurada. Próximo passo é estudar o fenômeno em humanos. (Foto: Botaurus/Wikimedia Commons)

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Resumo da reportagem

  • Cientistas conseguem reverter o envelhecimento cerebral em moscas, prolongando sua vida em até 30% e melhorando a saúde geral.
  • Reduzir a expressão do gene Fhos impede o acúmulo de actina nos neurônios, preservando a memória e o aprendizado nas moscas idosas.
  • A pesquisa abre novas possibilidades para explorar o rejuvenescimento cerebral e o combate ao declínio cognitivo em humanos.

Cérebros podem ter seu envelhecimento revertido em um tratamento que prolonga a vida em até 30% e melhora a saúde do organismo inteiro — ao menos em moscas das frutas. São as conclusões de um estudo publicado na última sexta (25) na revista Nature Communications.

As moscas do gênero Drosophila são as mais estudadas na história da genética, e graças a elas os cientistas já conheciam a distância entre genes antes mesmo de desvendarem a estrutura do DNA. Em seus dois meses de vida, elas passam por processos de envelhecimento cerebral que lembram o conjunto de problemas de idosos humanos que recebem o termo guarda-chuva “demência”.

Os autores do estudo observaram que o acúmulo de uma proteína chamada “actina filamentosa” nos neurônios das moscas está relacionado ao seu declínio cognitivo no processo de envelhecimento. É uma proteína comum nos músculos e no que os biólogos chamam de “esqueleto celular”, um conjunto de estruturas microscópicas de proteína que se ligam em filamentos dando sustentação à célula como um todo.

Os depósitos de actina atrapalham processos de reciclagem e manutenção de células como os neurônios, que formam o cérebro e o sistema nervoso. A consequência disso é que se acumula “lixo” dentro da célula, atrapalhando seus processos, e isso seria parte do processo de declínio da velhice.

Uma pista para a importância do acúmulo de actina nisso é que os pesquisadores já sabiam que a restrição de calorias na dieta das moscas prolonga sua vida e ao mesmo tempo diminui os depósitos da proteína nos neurônios. Outra intervenção que prolonga a vida desses insetos é o consumo da substância rapamicina, isolada de bactérias, que é uma das maiores promessas atuais no campo de rejuvenescimento. A rapamicina também reduzia o acúmulo de actina.

Os cientistas ainda não tinham segurança de que essas coisas aconteciam juntas porque uma causa a outra, então recorreram a informações do material genético completo (genoma) da mosca das frutas. Selecionaram um gene que está envolvido no estímulo à formação de filamentos de actina, chamado Fhos.

“Quando reduzimos a expressão do Fhos em neurônios envelhecidos, isso impediu o acúmulo de actina filamentosa no cérebro”, disse Edward Schmid, líder do estudo e professor assistente de biologia na Universidade Estadual do Arkansas. “Isso permitiu que expandíssemos o estudo”.

Embora a expressão do gene tenha sido reduzida apenas nos neurônios das moscas, houve melhoria no estado de saúde de seu organismo como um todo. Elas viveram 25% a 30% mais que os dois meses esperados.

“As moscas também perdem a memória quando envelhecem, sua capacidade de aprendizado diminui na meia idade, assim como em humanos”, disse David Walker, pesquisador chefe do laboratório em que o estudo foi realizado, na Universidade da Califórnia em Los Angeles. “Quando impedimos o acúmulo de actina filamentosa, isso ajudas as moscas a aprender e memorizar quando estão mais velhas”, afirmou o cientista.

É muito cedo para dizer se isso ajudará na pesquisa do rejuvenescimento em pessoas. O estudo, contudo, abre novas portas, e os avanços dependerão do quão análogos são os organismos da Drosophila e o humano.

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