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Cinco coisas que Marx queria abolir (além da propriedade privada)

Monumento a Karl Marx em Chemnitz, na Alemanha. Durante o período comunista, a cidade de chamou Karl-Marx-Stadt | Pixabay
Monumento a Karl Marx em Chemnitz, na Alemanha. Durante o período comunista, a cidade de chamou Karl-Marx-Stadt (Foto: Pixabay)

Uma das coisas mais marcantes do Manifesto Comunista é sua honestidade. Karl Marx pode ter sido uma figura ambígua, mas era bastante cândido sobre os objetivos do Comunismo. Segundo alguns pesquisadores, essa honestidade é intrínseca a psiquê comunista.  

"Os comunistas desprezam esconder suas opiniões e objetivos", declarou Marx no manifesto. "Eles declaram abertamente que seus objetivos só podem ser obtidos com a derrubada das condições sociais existentes. Que as classes predominantes tremam com a revolução comunista". 

Como acontece em Minha Luta, de Hitler, os leitores são apresentados a uma visão pura da ideologia do autor (independentemente de quão cruel ela seja). 

O manifesto de Marx é famoso por resumir sua teoria do comunismo em apenas uma frase: "abolição da propriedade privada". Mas de acordo com o filósofo essa não era, certamente, a única coisa que deveria ser abolida da sociedade burguesa durante a marcha do proletariado para a utopia. Em seu manifesto, Marx ressaltou outras cinco ideias e instituições que também deveriam ser abolidas. 

1. Família 

Marx admite que a destruição da família é um tópico espinhoso, mesmo para os revolucionários. "Abolição da família! Mesmo os mais radicais discutem essa proposta dos comunistas", ele escreve. 

Mas ele diz que os oponentes dessa ideia não conseguem ver algo essencial sobre a família. "A família burguesa é fundada sobre o que? O capital, o ganho privado. Em sua forma mais desenvolvida, a família só existe entre os burgueses", ele escreve. 

Mais do que tudo, abolir a família seria relativamente fácil depois da abolição da propriedade. "A família burguesa vai desaparecer aos poucos até seu desaparecimento completo, assim como o capital". 

2. Individualidade 

Marx acreditava que a individualidade era antiética em relação ao igualitarismo que ele planejava. Por isso, o "individual" deve "desaparecer e se tornar impossível". Para ele, a individualidade era uma construção social da sociedade capitalista e estava intimamente relacionada ao próprio capital. 

"Na sociedade burguesa, o capital é independente e tem individualidade, enquanto uma pessoa viva é dependente e não tem individualidade", ele escreve. "E a abolição do estado atual das coisas é chamada pelos burgueses de abolição da individualidade e da liberdade! E com razão. A abolição da individualidade, da independência e da liberdade como são entendidas pelos burgueses é certamente um dos objetivos da revolução". 

3. Verdades Eternas 

Marx não acreditava em nenhuma verdade além da luta de classes. 

"As ideias dominantes de cada época são sempre as ideias das classes dominantes do mesmo período", ele argumenta. "Quando o mundo antigo estava em seus últimos respiros, as antigas religiões foram dominadas pelo cristianismo. Quando o cristianismo sucumbiu para as ideias racionalistas no século 18, a sociedade feudal lutou sua última batalha contra a revolução burguesa". 

Ele reconhece o quão radical essa ideia pode parecer para seus leitores, principalmente porque o comunismo não quer modificar a verdade, mas superá-la. Mas argumenta que é necessário ver o cenário maior. 

"Será dito que, sem dúvida, as ideias religiosas, morais, filosóficas e jurídicas foram modificadas ao longo da história. Mas a religião, a moralidade, a filosofia, a ciência política e o direito sobreviveram constantemente à mudança. Se pode dizer também que existem, além disso, verdades eternas, como liberdade e justiça, que são comuns a todos os estados da sociedade. Mas o Comunismo quer abolir estas verdades eternas, abolir a religião e a moralidade, no lugar de imaginá-las de forma diferente, como sempre foi feito até então. Assim, ele age de forma diferente à experiência histórica. Essa acusação pode ser resumida: a história de todas as sociedades do passado consiste no desenvolvimento de antagonismos de classe, que assumem diferentes formas em diferentes épocas". 

4. Nações 

Comunistas, segundo Marx, são censurados por querer a abolição das nações. Mas as pessoas que fazem acusações como essa não conseguem entender a natureza do proletariado, segundo ele.

"Os trabalhadores não têm país. Não podemos tirar deles o que eles não têm. Já que o proletariado precisa primeiro adquirir supremacia política, ela deve ser criada com o crescimento da classe trabalhadora de uma nação e constituir, portanto, uma nação. É nacional, ainda que não no sentido tradicional da palavra". 

Além disso, ele vê as hostilidades entre pessoas de diferentes antecedentes, causadas principalmente por conta do capitalismo, recuando. Conforme o proletariado crescer, não haveria mais a necessidade de nações, para ele.

"As diferenças nacionais e antagonismo entre as pessoas causadas pelo desenvolvimento da burguesia, da liberdade de comércio, do mercado mundial, irão diminuir diariamente com a uniformização dos modos de produção e das consequentes condições de vida". 

5. Passado 

Marx via a tradição como uma ferramenta da burguesia. Apego ao passado serviria apenas como uma distração na busca proletária por emancipação e supremacia. "Na sociedade burguesa", escreveu Marx, "o passado domina o presente. Numa sociedade comunista, o presente domina o passado".

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