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Vandalismo

Cinco vezes em que a esquerda depredou espaços públicos

Em 2017, atos de vandalismo marcaram uma manifestação promovida pela CUT contra o governo Temer, em Brasília.
Em 2017, atos de vandalismo marcaram uma manifestação promovida pela CUT contra o governo Temer, em Brasília. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasi)

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No dia 8 de janeiro deste ano, manifestantes invadiram a Praça dos Três Poderes, em Brasília, e depredaram instalações do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal. Cerca de 2 mil pessoas foram detidas e levadas pelas forças policias (desse total, 1,3 mil agora aguardam julgamento após serem denunciadas pela Procuradoria-Geral da República).

Delitos de natureza semelhante, porém cometidos pela esquerda, jamais tiveram uma punição sequer parecida com a recebida pelos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Confira cinco manifestações “vermelhas” ocorridas nos últimos anos e que terminaram em quebra-quebra de espaços públicos e confrontos com a polícia, mas cujos autores saíram impunes ou com penas muito inferiores às dos manifestantes do 8 de janeiro.

2006: dissidentes do MST deixam 24 feridos na Câmara

Durante pouco mais de uma hora, 700 militantes do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra) forçaram a entrada do prédio da Câmara dos Deputados, em Brasília, e destruíram tudo o que viram pela frente. Armados de paus, pedras e paralelepípedos, eles ainda viraram um carro e feriram 24 pessoas que trabalhavam no local — principalmente seguranças terceirizados e integrantes da polícia legislativa que tentaram conter os manifestantes. O mesmo grupo já havia invadido o Ministério da Fazenda meses antes, exigindo a aprovação de uma lei voltada para a desapropriação de terras onde se comprovasse a prática do trabalho escravo.

Até então pouco conhecido, o MLST é uma dissidência ainda mais radical do MST. Seu líder, o militante político Bruno Maranhão, um dos fundadores do PT, chegou a ser detido após os ataques em Brasília, porém passou somente 40 dias preso no Complexo Penitenciário da Papuda. “Não me arrependo do que fiz porque não somos vândalos”, disse, na época, Maranhão, morto em 2014. Além de Maranhão, outros 41 militantes também ficaram 40 dias na Papuda. Mas, enquanto uma dona de casa do 8/1 recebeu pena de 14 anos, os crimes dos invasores do MLST não renderam condenações acima de seis anos.

2013: quebradeira em todo o país

As chamadas Jornadas de Junho, que incluíram manifestações em todo o Brasil, foram marcadas por diversos atos de vandalismo – muitos deles protagonizados pelos black blocs, militantes “protegidos” por roupas e máscaras negras. Considerado a maior série de protestos realizada no país desde a mobilização pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo, em 1992, o movimento nacional mesclava pautas como o passe livre no transporte público, o aumento de recursos para a educação e a indignação com relação aos gastos governamentais voltados para a Copa do Mundo de 2014.

O auge simbólico dos tumultos aconteceu na noite do dia 17, quando centenas de pessoas invadiram a cobertura do Congresso Nacional, em Brasília, e gritaram palavras de ordem como “O gigante acordou”. Após cerca de cinco horas, e um vidro de gabinete quebrado, policiais conseguiram expulsar os manifestantes usando cassetetes e spray de pimenta – sem antes serem atingidos por pedras. A Justiça do Rio de Janeiro condenou 23 manifestantes por crimes como corrupção de menores e formação de quadrilha. Os acusados pela morte do cinegrafista Santiago Andrade, que trabalhava para a TV Bandeirantes quando foi atingido por um rojão, foram condenados a apenas sete anos de prisão.

2016: ocupação de escolas e universidades

Inspirados por estudantes secundaristas de São Paulo, que em 2015 tomaram conta de escolas em protesto contra o então governador Geraldo Alckmin, jovens ocuparam mais de mil unidades públicas de ensino em todo o Brasil durante o ano seguinte. Ajudados e orientados por adultos ligados a movimentos sociais, os alunos denunciavam o desmonte da educação, o congelamento dos gastos na área e a reforma do ensino médio.

Atos de desordem e vandalismo foram registrados em várias escolas, bem como flagrantes de consumo de drogas e até de relações sexuais entre menores de idade. Em outubro, um grupo de parlamentares, liderado pelo deputado Marco Feliciano (então filiado ao PSC), iniciou uma mobilização para interromper as ocupações e instalar a CPI da UNE (União Nacional dos Estudantes). O movimento acabou se enfraquecendo e, em alguns estados, estudantes foram processados – mas nenhum deles chegou efetivamente a cumprir pena. Menos de dez anos depois, Alckmin gritaria “Viva Lula!” e seria eleito, pela esquerda, vice-presidente do Brasil.

2017: turma do “Fora Temer” incendeia, literalmente, a Esplanada

Organizados pela CUT, a Central Única dos Trabalhadores, 35 mil pessoas protestaram em Brasília, no dia 24 de maio, contra as reformas propostas ao Congresso pelo governo de Michel Temer. Além de confrontar a PM e promover um quebra-quebra generalizado, os manifestantes puseram fogo nos ministérios da Agricultura, Cultura e Fazenda. Os incêndios não deixaram feridos, mas todos os prédios da Esplanada foram evacuados.

No saldo final, o protesto deixou cerca de 50 feridos, entre eles um jovem que teve a mão dilacerada por um rojão (o objeto deveria ter sido atirado contra os policiais, porém estourou antes). Apenas sete manifestantes foram presos. Diante dos acontecimentos, Temer e seu ministro da Defesa, Raul Jungmann, assinaram um decreto autorizando a presença e atuação das Forças Armadas no Distrito Federal pelo período de uma semana – para políticos de esquerda, a decisão foi considerada uma “medida extrema”.

2020: vandalismo antirracismo (ou contra Bolsonaro?)

A comoção mundial em torno da morte de George Floyd – homem negro assassinado durante uma ação policial, nos Estados Unidos, em maio – também teve ecos no Brasil. No mês seguinte, uma onda de protestos contra o racismo foi registrada nas ruas de várias cidades do país, em plena pandemia da Covid-19. Liderados, principalmente, pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) de Guilherme Boulos, os atos miravam, na verdade, outro alvo: o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que enfrentava sua pior fase junto à opinião pública, por conta de sua recusa em decretar o lockdown nacional.

No geral, as manifestações foram pacíficas. Na capital paulista, no entanto, houve registros de depredações, queimas de lixeiras e confrontos com a polícia. E, em Curitiba, a situação realmente fugiu do controle na região central da cidade. Imagens compartilhadas nas redes sociais mostraram a fachada do Fórum Cível sendo vandalizada, além de pontos de ônibus destruídos e vidros de agências bancárias quebrados. A PM teve de agir de forma enérgica e apenas seis pessoas foram autuadas por desacato, associação criminosa e dano ao patrimônio.

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